Geral
Ninguém Nasce Campeão
Websérie resgata os fatores que transformam um atleta em ídolo
Existe um Robson Conceição que se encaixa na categoria dos que persistem, dos que insistem. Um Robson que durante muito tempo não fez ideia de que um dia seria apresentado a uma versão campeã olímpica de si próprio. "Meu início, de cara, não foi nada bom. Fiz dez lutas e perdi todas". Há uma Ágatha Rippel, medalhista de prata no vôlei de praia, que optou por seguir acreditando em treinos e repetições só porque era teimosa por natureza. "Passei um ano perdendo, só jogando qualifying: vinha, jogava um jogo, perdia, ia embora". Tem um Diego Hypolito do tipo obsessivo, escondido além dos títulos mundiais, das quedas em Londres e Pequim e da prata no Rio. "Eu desde sempre me dedico demais. Acabei tendo múltiplas lesões. Fiz 11 cirurgias". Também há um Caio Bonfim muito, muito distante do medalhista de bronze no Mundial de Londres de 2017, do tipo que desafiou prognósticos e previsões. "O médico falou que me operou para ser no máximo um jogador de dominó, não um atleta".
Foi em torno de histórias como essas, de um tempo em que grandes atletas olímpicos e paralímpicos brasileiros nem sabiam que teriam a projeção que alcançaram, que a Websérie Ninguém Nasce Campeão se debruçou nos três primeiros meses de 2018. A partir de hoje, Dia Mundial da Atividade Física, o Rede do Esporte traz o resultado dessas conversas, que envolveram 21 atletas em modalidades como boxe, ginástica artística, vôlei, vôlei de praia, natação, atletismo, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas e judô.
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"Quando comecei, fiz dez lutas e perdi todas. Pense no quanto apanhei. Só não desisti porque tinha pessoas que acreditavam em mim"
Robson Conceição, medalha de ouro no boxe nos Jogos Rio 2016
O mosaico de opiniões tem a intenção de reforçar a ideia de que o esporte inspira, abre espaço para sonhos e muda trajetórias. É, também, uma ferramenta para alimentar o prazer pela prática esportiva, tão essencial num país em que quase metade da população se encaixa no espectro de sedentários, como indicou o Diagnóstico do Esporte do Ministério do Esporte. Ou diante do fato de que 62% dos brasileiros com 15 anos ou mais disseram não ter praticado esporte ou atividade física em 2015, conforme expresso na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2017. Os dados são ainda mais relevantes levando em conta informações da Organização Mundial de Saúde, que indicam que mais de 3 milhões de pessoas no mundo morrem anualmente por doenças que poderiam ser prevenidas com atividades físicas.
Assim, no primeiro episódio, a incursão foi no boxe. Medalhistas olímpicos, Adriana Araújo e Robson Conceição são retrato da persistência, da insistência e da dedicação à modalidade. "Eu falo para os outros atletas nunca desistirem. Quando comecei, fiz dez lutas e perdi todas. Pense no quanto apanhei. Só não desisti porque tinha pessoas que acreditavam em mim", afirmou Robson, ouro em casa, nos Jogos Rio 2016, depois de perder na primeira rodada nos Jogos de Londres (2012) e de Pequim (2008).
"Eu me lembro perfeitamente da minha primeira medalha. Foi em 2001, em Lauro de Freitas,
num campeonato baiano. Eu era uma adolescente de 17 anos. Naquele momento, comecei a me
entregar de coração ao esporte. Quando olho para ela (medalha), sinto orgulho de mim. Orgulho de saber que com toda a dificuldade que passei, essa foi a porta para a conquista do mundo", afirmou Adriana, bronze nos Jogos de Londres, em 2012, na estreia do boxe feminino no programa olímpico.
Gustavo Cunha, rededoesporte.gov.br