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Atletismo

11/05/2018 10h17

NINGUÉM NASCE CAMPEÃO

Montanha: da queda e das piadas a uma final olímpica

Websérie conta a história do atleta pernambucano Wagner Domingos, que caiu na primeira competição que disputou. Em vez de traumática, a experiência foi o impulso para novas conquistas

As pessoas que acompanharam a primeira competição de Wagner Domingos dificilmente imaginaram que, um dia, aquele atleta estaria em uma final olímpica. Na realidade, muitos até riram dele durante os Jogos da Juventude de 1998, no Rio Grande do Sul. O motivo? Uma queda. A razão das piadas, contudo, seria, dali para a frente, a força motriz de Montanha, como é chamado o pernambucano, para treinar ainda mais e viver uma experiência bem diferente.

"Com o resultado que eu tinha, poderia ficar entre os oito melhores, mas competi mal, caí e fui o último. Quando me levantei, e alguns tinham até rido de mim, falei para o meu treinador da época, o Abraão: 'Hoje perdi, mas daqui a dois anos vou ganhar de todos eles'", conta Montanha, hoje aos 35 anos. Em 2001, ele bateu o recorde juvenil.

Essa persistência acabou levando o atleta muito além dos Jogos da Juventude. Em 2016, Montanha quebrou o recorde sul-americano no lançamento de martelo, durante o Meeting de Celje, na Eslovênia, com 78,63m, e conseguiu a qualificação para os Jogos Olímpicos Rio 2016 como o quarto colocado no ranking mundial. Assim, encerrou um jejum de 84 anos do Brasil na prova, já que o último representante nacional havia sido Carmine Di Giorgi, em Los Angeles 1932 – antes dele, apenas Otávio Zani, em Paris 1924, havia competido pelo Brasil no lançamento de martelo.

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Final olímpica ao som da torcida brasileira: mais emocionante do que uma medalha em outro país. Foto: Flavio Florido/Exemplus/COB

A classificação para o Rio, portanto, já foi histórica e um marco para o atletismo brasileiro, mas, novamente, Montanha fez mais: foi o primeiro do grupo A da fase de qualificação, com 74,17m, e chegou à final, quando viveu, ao som de toda a torcida presente no Engenhão, um dos momentos mais impactantes de toda a sua carreira como atleta. "Nunca imaginei entrar em um estádio e quase 40 mil pessoas gritarem meu nome, batendo palma. Isso foi uma emoção e algo que vou levar para o resto da minha vida", relembra.

"Eu sempre falo que não tive talento. Só se tem resultado trabalhando e focando no seu objetivo"
Montanha

A medalha não veio, mas o 12º lugar dificilmente será esquecido. "Sempre sonhei em ir para uma Olimpíada. Isso aconteceu no meu país, foi emocionante. Eu poderia ter ficado em uma colocação melhor, mas Deus vai preparando o caminho e dando o que você merece para aquele momento. Se eu ganhar uma medalha em outro país, talvez não seja tão emocionante como foi aqui no Rio", acredita Montanha. No Rio de Janeiro, os brasileiros do atletismo ficaram 11 vezes entre os 12 melhores – em Londres 2012 foram apenas cinco –, e Thiago Braz chegou ao ouro no salto com vara.

Para Montanha, as conquistas que já alcançou não foram resultado de dom ou talento especial para o esporte. Quando começou no atletismo, aos 14 anos, nem mesmo o peso era ideal. "Eu estava muito acima do peso, com 130kg. Em seis meses consegui perder 30kg e continuei a treinar", conta Wagner. "Eu sempre falo que não tive talento. Só se tem resultado trabalhando e focando no seu objetivo".

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