Volei
Vôlei
Sesi aposta no campeão olímpico Marcelo Negrão e abre espaço para nova geração
Presença constante nas finais dos torneios de vôlei no Brasil e até mesmo na América do Sul desde 2009, quando foi criada, a equipe masculina do Sesi parte para uma temporada no mínimo diferente na Superliga 2020/2021.
William, Éder, Lucas Loh, Alan e Sidão, além do técnico Rubinho. Esses são apenas alguns dos nomes de peso que não tiveram os contratos renovados e deixaram a equipe. Assim, o Sesi terá um plantel recheado de caras novas, com muitos atletas ainda juvenis.
"Olhando nos olhos deles, consigo ver algo parecido com o que ocorreu comigo. Fui lançado bem jovem lá no Banespa, com 15, 16 anos, pelo Josenildo de Carvalho. Com 17, já estava na seleção adulta. E com 19 já fui campeão olímpico. Vou fazer um trabalho para que eles não tenham lesões, mas percebo que eles têm uma estrutura física muito forte e com muito talento"
Marcelo Negrão, técnico do Sesi
A principal referência dentro da quadra vai ser o campeão mundial e medalhista olímpico Murilo Endres, que aceitou uma redução salarial para permanecer na equipe. Com isso, ele terá também a oportunidade de passar por uma experiência diferente. Vai jogar junto com o sobrinho, Eric Endres, de 20 anos. O garoto é filho do campeão olímpico Gustavo Endres.
"É fantástico tê-lo aqui. Está acontecendo algo parecido com aquilo que eu passei. Quando eu comecei lá no Banespa, o meu irmão Gustavo já estava lá. Entrei na base e cheguei na equipe principal. Dividi a quadra com ele muitas vezes. É bem o que está rolando agora comigo e com o Eric. Na última temporada, ele não conseguiu entrar em um jogo, mas nessa temporada isso vai acontecer e será especial demais" comentou o ex-ponteiro da Seleção Brasileira Murilo, prata nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 e Londres 2012, e atual líbero do Sesi.
O jovem Eric vai começar pela primeira vez na carreira uma Superliga no elenco principal e justamente na posição em que o tio fez muito sucesso, sendo considerado o melhor jogador do mundo em 2010. "Quando eu comecei a jogar, lá em Canoas (RS), ainda mirim, eles me colocaram como central por causa da minha altura. E, além de ser a posição do meu pai, eu achava muito chato ser central. Não gostava. Depois, já quando estava no infantil, eu comecei a treinar passe. E daí apareceu a chance em um jogo que a equipe estava sem ponteiro. Entrei, fui muito bem e não saí mais" contou o atleta gaúcho.
"O Murilo é fundamental no crescimento do Eric com toda experiência que ele teve como ponteiro. Passe, defesa, ataque, bloqueio, saque. Ele fazia tudo muito bem. Hoje ele é líbero. Mas como ponteiro, o Murilo fez história e o Eric se espelha demais nele. Vê muitos vídeos e tudo. Estar nessa Superliga vai ser uma baita oportunidade para o meu filho. Jogar e conviver com grandes atletas vai ajudar no desenvolvimento dele como atleta e como pessoa", falou o pai, Gustavo Endres, campeão olímpico em 2004 e prata em 2008.
Campeão olímpico no comando
No comando da jovem equipe do Sesi, também estará um estreante com técnico de times adultos, mas com muita história dentro das quadras: Marcelo Negrão. O campeão olímpico nos Jogos de Barcelona, em 1992, e ex-técnico do time sub-19 do Sesi, vai encarar o primeiro desafio na Superliga.
"Sempre tive a consciência de que precisava conhecer mais do meu próprio esporte. Não é porque eu fui da seleção, campeão olímpico, que eu sei tudo. Por isso, optei por começar justamente no mirim. Foi uma coisa minha. Implantando o meu método de treinos e lembrando também das coisas que eu aprendi com Zé Roberto, Bebeto de Freitas, Bernardinho e muitos outros. Achei que era a atitude mais correta", salientou Marcelo Negrão, 47 anos.
Para mostrar a confiança que tem no projeto, Negrão lembra de uma passagem que teve no início da carreira de atleta. "Olhando nos olhos deles, consigo ver algo parecido com o que ocorreu comigo. Fui lançado bem jovem lá no Banespa, com 15, 16 anos, pelo Josenildo de Carvalho. Com 17, já estava na seleção adulta. E com 19 já fui campeão olímpico. Vou fazer um trabalho para que eles não tenham lesões, mas percebo que eles têm uma estrutura física muito forte e com muito talento. É claro também tem o peso de substituir o Rubinho, que é um grande treinador, é uma situação bastante complicada. Respeito demais todo o trabalho feito por ele. Mas o Sesi vai seguir sendo muito bem representado".
Gustavo Endres também aprova a atitude do Sesi de apostar na base e no trabalho do Marcelo Negrão. "Acredito que, no futuro próximo, muitos desses garotos estarão na Seleção. Jogando contra o Cruzeiro, Taubaté, Campinas, eles vão crescer demais. E o Negrão é um cara fantástico. Os meninos vão poder absorver muito conhecimento dele. Esteve junto no final daquela geração dos anos 1980, foi campeão olímpico. Joguei com ele no Banespa e na Seleção. Ele vai ajudar demais com certeza", diz.
Para Negrão, a parceria com o Murilo será fundamental para que a equipe tenha sucesso. "No meu início de carreira, eu tive como ídolo o Montanaro. E cheguei a jogar junto com ele. Joguei também com o Amauri, que esteve com a gente lá em Barcelona na conquista do ouro. Eles sempre agiram de uma forma muito responsável e profissional. Serviram sempre de inspiração para os amantes do vôlei. E é esse papel que o Murilo vai desempenhar aqui nessa nova etapa do Sesi. Esses garotos estão no período de formação do caráter, não só como atleta, mas como cidadãos. E o Murilo é um cara sensacional, que vai ajudar muito o nosso time nesse lado também", disse o comandante.
O atual líbero da equipe fala sobre as primeiras conversas que vem tendo com o novo treinador. "Ele está muito empolgado. Gosta demais desse trabalho com os jovens. Tem muito conhecimento. Eu também vou fazer o máximo possível para ajudar essa gurizada nessa transição da base para o profissional. Muitas vezes, os times mais fortes não conseguem dar tantas chances para os garotos. Mas nesse ano aqui no Sesi vai ser diferente. E espero que todos eles aproveitem."
Fonte: Agência Brasil