Você está aqui: Página Inicial / Notícias / Seleção masculina de vôlei sofre virada da Argentina, perde o bronze e fica fora do pódio pela primeira vez desde 2004

Volei

07/08/2021 06h50

Vôlei

Seleção masculina de vôlei sofre virada da Argentina, perde o bronze e fica fora do pódio pela primeira vez desde 2004

Equipe chegou a abrir 2 sets a 1, mas os rivais sul-americanos foram mais consistentes na reta final. Desde os Jogos de Atenas, equipe nacional conquistava medalhas de forma ininterrupta

O sonho do quinto pódio consecutivo transformou-se em frustração para a seleção masculina de vôlei na madrugada deste sábado, no horário brasileiro. Depois de perder a semifinal para a Rússia por 3 sets a 1, a equipe comandada pelo técnico Renan acabou superada pela Argentina na disputa do bronze e terminou com a quarta colocação.

O Brasil chegou a abrir 2 a 1 e parecia ter controle do jogo, mas o nível de intensidade e consistência caiu nas duas últimas parciais e os argentinos fecharam em 3 a 2 (23/25, 25/20, 25/20, 17/25 e 13/15), em 2h17min de jogo na Arena de Ariake. Com isso, a sequência de quatro pódios consecutivos que vinha desde Atenas foi quebrada. Nesse período, o Brasil foi ouro na Grécia, prata em Pequim e Londres e ouro novamente nos Jogos Rio 2016.

Wallace foi o principal pontuador do Brasil na disputa do bronze: 17 pontos. Foto: Divulgação/ FIVB
"Todos sabiam da importância desse jogo, queriam demais a medalha. Méritos para a Argentina, que teve um volume de jogo impressionante. De qualquer forma, ficamos devendo”
Renan, técnico da seleção brasileira 

O principal destaque da partida foi o ponteiro Facundo Conte, da Argentina, que anotou 21 pontos, 19 deles no ataque, mais um de bloqueio e outro de saque. Outro atleta com desempenho de excelência foi o central Agustin Loser, que converteu 14 pontos, sete deles em bloqueios aos atacantes brasileiros. Pela equipe verde e amarela, o oposto Wallace anotou 17 e o central Lucão converteu 14.

A vitória dos argentinos foi intensamente celebrada, tanto dentro de quadra quanto nas arquibancadas, onde integrantes da delegação reforçavam a torcida na arena. Em especial porque o bronze do vôlei foi o terceiro pódio do país sul-americano em Tóquio. A Argentina soma uma prata e dois bronzes.

O resultado teve ainda teve ainda um caráter de troco em função da vitória por 3 x 2 com diferença mínima aplicada pelos brasileiros sobre os argentinos na fase de grupos do torneio. Além disso, foi a segunda vez na história olímpica que o Brasil perdeu uma disputa de terceiro para os principais rivais no continente. A outra havia sido em 1988, em Seul, na Coreia do Sul. Na época o técnico Renan era um dos atacantes da seleção brasileira.

“Essa experiência foi vivenciada em 1988, contra a mesma Argentina, mas o que posso dizer é que hoje houve empenho de todos. Todos sabiam da importância, queriam demais a medalha. Méritos para a Argentina, que teve um volume de jogo impressionante. De qualquer forma, ficamos devendo”, comentou Renan, que avaliou ter faltado constância nos fundamentos.

“Tivemos muitos altos e baixos. Jogamos um set de forma espetacular, depois deixamos cair o nível. A gente fica frustrado porque foi um sacrifício grande para todos estarem aqui. A gente vem de um ciclo bom com essa garotada, chegando em muitas finais, inclusive do Mundial, campeão de Copa do Mundo, ouro na Liga das Nações, dando oportunidade para todo mundo estar em quadra, mas no momento mais importante não conseguimos o nosso principal objetivo”, lamentou o treinador.

“A gente queria muito essa medalha, valia muito para nós, mas oscilamos demais nesse campeonato. Acho que é um fim de ciclo, sim. Estou há 11 anos na seleção. Tudo o que eu poderia dar já foi dado. Agora é bola para frente”
Wallace, oposto da seleção brasileira

A campanha do Brasil na capital japonesa contou com vitórias sobre Tunísia (3 x 0) Estados Unidos (3 x 1) e França (3 x 2) na primeira fase, além da Argentina. A única derrota na etapa de classificação foi diante do Comitê Olímpico da Rússia, por 3 x 0. Nas quartas de final, a seleção superou o Japão por 3 x 0 e acabou derrotada novamente pelos russos por 3 x 1 na disputa por uma vaga na decisão.

Fim de ciclo

Para o oposto Wallace, a palavra que define o sentimento do grupo ao fim da campanha é frustração. “A gente queria muito essa medalha, valia muito para nós, mas o time não conseguiu conquistá-la. Oscilamos demais. Acho que o que nos deixa mais, digamos, com consciência tranquila, é saber que todos os que entraram se doaram ao máximo. Não foi suficiente, mas tenho orgulho de ter feito parte dessa seleção”, afirmou o oposto.

Pelo menos no momento mais de cabeça quente, ao fim do duelo e sob o impacto da derrota, o oposto decretou aos jornalistas a sua aposentadoria da seleção. “Acho que é um fim de ciclo, sim. Estou há 11 anos na seleção. Tudo o que poderia dar já foi dado. Agora é bola para frente”, disse o campeão olímpico nos Jogos Rio 2016.

O técnico Renan afirmou que vai esperar o fim do Campeonato Sul-Americano, que será realizado em Brasília no fim de agosto, para sentar com a Confederação Brasileira de Vôlei e pensar na sequência do trabalho à frente da seleção.

“Pesou a nossa inconstância. Acabou sendo uma tônica nossa na competição. E falo por mim pessoalmente também. Tivemos bons momentos e outros não tão bons. Depois da derrota para a Rússia, voltamos com força, com garra, para buscar a medalha, queríamos muito"
Bruninho, levantador da seleção

“Teremos um tempo para descansar, o Sul-Americano e aí vamos sentar para ver os planos e começar a pensar nesse novo ciclo. Com certeza algumas alterações poderão acontecer. Mas com muita cautela, vamos conversar com a CBV e falar para os jogadores para ver o que eles pensam da vida”, disse o treinador. 

Inconstância, a tônica

Capitão da seleção e referência do time, o levantador Bruninho avalia que um dos pontos cruciais para que o time não conquistasse a vaga na final nem a medalha de bronze em Tóquio foi a falta de um padrão, de uma constância.

“Pesou a nossa inconstância. Acabou sendo uma tônica nossa na competição. E falo por mim pessoalmente também. Tive bons momentos e outros não tão bons. Nesse jogo, no quarto set começamos a cometer erros, não conseguimos fazer funcionar o nosso side-out, que estava fluindo durante toda a partida. Depois de 48 horas da derrota para a Rússia, voltamos com força, com garra, para buscar a medalha, queríamos muito, mas sei lá. Nessas horas é deixar na mão de Deus. Com certeza ele tem algum plano para tudo isso aí".

Bruninho disse que sua prioridade, agora, será um tempo para desligar do esporte de alto rendimento. “Preciso tirar esse tempo sem pensar em voleibol. Na minha carreira, tem sido um torneio atrás do outro. Está pesado. Agora é hora de relaxar a mente e voltar à temporada de clubes descansado, por mais difícil que seja”, afirmou.

No ciclo olímpico dos Jogos de Tóquio, o Ministério da Cidadania investiu R$ 12,85 milhões no vôlei por meio do Bolsa Atleta, programa de patrocínio individual do Governo Federal Brasileiro. Entre 2017 e 2021, foram concedidas 832 bolsas em todas as categorias para as atletas da modalidade. Nas Olimpíadas do Japão, 16 dos 24 jogadores convocados entre os homens e as mulheres são contemplados pelo programa.

Final feminina

Com o resultado no masculino, o Brasil sairá de Tóquio com 11 medalhas olímpicas na história do vôlei de quadra. São cinco ouros (conquistados pela seleção masculina em Barcelona 1992, Atenas 2004 e Rio 2016 e pela seleção feminina em Pequim 2008 e Londres 2012).

Adicionalmente, o país ostenta três pratas (equipe masculina nas edições de Los Angeles 1984, Pequim 2008 e Londres 2012) e dois bronzes (com as mulheres em Atlanta 1996 e Sydney 2000). A décima primeira será da seleção feminina, que decide o título olímpico neste domingo (08.08), a partir de 1h30 (de Brasília), contra os Estados Unidos.

RESULTADOS

FASE DE CLASSIFICAÇÃO
23.07 (SEXTA-FEIRA) – Brasil 3 x 0 Tunísia (25/22, 25/20 e 25/15)
26.07 (SEGUNDA-FEIRA) – Brasil 3 x 2 Argentina (19/25, 21/25, 25/16, 25/21 e 16/14)
28.07 (QUARTA-FEIRA) – Brasil 0 x 3 Comitê Olímpico da Rússia (22/25, 20/25 e 20/25)
29.07 (QUINTA-FEIRA) – Brasil 3 x 0 Estados Unidos (30/32, 25/23, 25/21 e 25/20)
31.07 (SÁBADO) – Brasil 3 x 2 França (25/22, 37/39, 25/17, 21/25 e 20/18)

QUARTAS DE FINAL
03.08 (TERÇA-FEIRA) – Brasil 3 x 0 Japão (25/20, 25/22 e 25/20)

SEMIFINAL
04.08 (QUARTA-FEIRA) – Brasil 1 x 3 Comitê Olímpico Russo (25/18, 21/25, 24/26 e 23/25)

DISPUTA DO BRONZE
07.09 (SÁBADO) – Brasil 2 x 3 Argentina (23/25, 25/20, 25/20, 17/25 e 13/15)

Gustavo Cunha, de Tóquio, no Japão – rededoesporte.gov.br