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05/08/2021 05h17

Skate

Pedro Barros leva prata e destaca mensagem de união do skate

Para o brasileiro, mais importante do que o resultado é o exemplo que a modalidade mostrou, de menos competição e rivalidade e mais amor e harmonia

Em 2013, um moleque australiano viajou até Rio Tavares, bairro de Florianópolis, por dois motivos: participar do RTMF, evento de skate organizado na comunidade, e conhecer seu ídolo, o brasileiro Pedro Barros, multicampeão da modalidade. Keegan Palmer tinha, na época, 10 anos. Oito anos depois, novamente Keegan e Pedro estiveram lado a lado, mas dessa vez no pódio do skate park nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

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Pedro Barros durante a final do skate park em Tóquio. Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br
“É maravilhoso estar aqui, experimentando essa história que só vemos em contos de fadas. Todos esses atletas competindo, mas na verdade torcendo para cada um, querendo o melhor para cada um. Acho que é algo que está em falta no mundo, o mundo precisa da união das pessoas. E o skate está mostrando isso"
Pedro Barros

Com duas voltas incríveis, que renderam 94.04 e 95.83 de notas, Keegan conquistou o ouro. Pedro, com 86.14, ficou em segundo. Depois da prova, o australiano fez questão de lembrar da amizade entre ele e os brasileiros, em especial Pedro Barros. “Cresci vendo esses caras andarem de skate. Conheço eles desde os meus 10 anos. Já até fiquei na casa do Pedro”, disse Keegan.

“Esse moleque foi pra minha casa, a gente chamou ele para um campeonato que a gente organizava na nossa comunidade para fortalecer o skate, que era o RTMF, organizado pelo meu pai. E esse moleque foi com o pai dele, levou a prancha, surfou, se divertiu, sorriso no rosto todos os dias. Ele teve essa vivência que foi única, de harmonia, amor, respeito e união”, lembrou Pedro.  

Longe de lamentar o ouro que não veio, Pedro festejou por ter visto Keegan andar em um nível tão alto. “Ver ele (Keegan) hoje elevando o nível do skate, sinceramente, vi ele andando no aquecimento - eu sei do meu potencial, eu sei o que sou no skate, é muito claro para mim -, então vi o que ele estava fazendo e era de outro mundo. O moleque realmente levou para outro patamar o Park. Ele levou para outro nível e é assim que a gente evolui”, opinou. 

A união vista entre os atletas, em contraponto à rivalidade acirrada de outras modalidades, foi uma marca do skate nos Jogos. E, para Pedro, era justamente isso o principal objetivo de todos que estavam competindo. “É maravilhoso estar aqui, experimentando essa história que só vemos em contos de fadas. Todos esses atletas competindo, mas na verdade torcendo para cada um, querendo o melhor para cada um, se abraçando e compartilhando amor. Acho que é algo que está em falta no mundo, o mundo precisa da união das pessoas. E o skate está mostrando isso. Chegou ao maior palco de competições esportivas, mas estamos aqui tentando evoluir. Essa é nossa missão na vida”, disse.

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Pedro Barros celebra a prata na estreia do skate em Jogos Olímpicos. Foto: Breno Barros/ rededoesporte.gov.br

Investimento federal

Integrado ao Bolsa Atleta a partir da inclusão da modalidade no programa Olímpico, o skate recebeu investimento de R$ 3,2 milhões no ciclo para Tóquio. Os recursos foram suficientes para a concessão de 65 bolsas para atletas da modalidade. Dos doze atletas da delegação brasileira da modalidade em Tóquio, 10 são apoiados pelo Bolsa Atleta. Pedro Barros e Luiz Francisco fazem parte da categoria Pódio, a mais alta do programa. 

Antes de sair o resultado que definiu o pódio, todos os skatistas se abraçaram na pista e mostraram que estavam mesmo contentes só por estar ali. “Skate é sobre amor, união, respeito e paciência. Você está sempre caindo, se quebrando. Seu coração está se quebrando, seus ossos estão se quebrando, sua cabeça está quebrando, mas você tem pessoas ao lado, os skatistas, as pessoas que te dão amor para carregar você de volta, te consertar. Esse é o exemplo: a gente pode ser muito mais forte se estivermos juntos”, acrescentou Pedro. 

Mais importante do que a medalha, para o brasileiro, é a experiência que ele viveu. “Essa medalha aqui é simplesmente um detalhe, um souvenir. Essas experiências que a gente leva para a vida são muito maiores que qualquer objeto material. E essa medalha não deixa de ser um objeto material”.  

Luiz Francisco brigou até a última volta pelo bronze, mas terminou em quarto. Foto: Breno Barros/ rededoesporte.gov.br

Mais brasileiros

Outros dois brasileiros competiram na final do skate park na pista do Ariake Urban Sports Park, em Tóquio. Luiz Francisco e Pedro Quintas avançaram para a final com a primeira e a terceira maiores notas das classificatórias, respectivamente. Mas na final não conseguiram subir ao pódio. Pedro errou as três voltas e acabou ficando em oitavo. Já Luiz Francisco brigou até o final pelo bronze, mas, com 83.14, acabou vendo a medalha ir para as mãos do americano Cory Juneau, que alcançou 84.13.

Mateus Baeta, de Tóquio, no Japão – rededoesporte.gov.br