Você está aqui: Página Inicial / Notícias / Paula, a protagonista de uma histórica "virada de página"

Volei

17/04/2018 12h21

Ninguém Nasce Campeão

Paula, a protagonista de uma histórica "virada de página"

Em mais um capítulo da websérie, integrante da geração que viveu de longe a frustração de Atenas e como protagonista o ouro de Pequim revisita a carreira e os fatores essenciais para que se tornasse uma das melhores do mundo

A brasiliense Paula Pequeno é protagonista de uma geração que viveu, com a mesma intensidade, o descrédito absoluto e a criação de uma marca de excelência. Cresceu no vôlei influenciada por exemplos de figuras como Ana Moser, Fernanda Venturini, Márcia Fu e Leila. Saiu cedo de Brasília para São Paulo, aos 14 anos, para desenvolver seu potencial em clubes paulistas. Integrou uma geração de ouro que foi campeã mundial juvenil em 2001, em Santo Domingo, ao lado de talentos como Sassá, Fabíola e Sheilla. 

“Eu procurei sempre juntar essas qualidades, sabe? A obstinação que a Ana Moser tinha em superar limitações físicas. A Fernanda Venturini, aquela coisa centrada que ela passava. A Márcia Fu, aquela audácia louca. A Leila, aquela emoção, aquela entrega total”, recorda a ponteira-passadora, hoje com 36 anos.

 

“Eu procurei sempre juntar essas qualidades, sabe? A obstinação que a Ana Moser tinha em superar limitações físicas. A Fernanda Venturini, aquela coisa centrada que ela passava. A Márcia Fu, aquela audácia louca. A Leila, aquela emoção, aquela entrega total”

Viveu, entre 2002 e 2004 uma montanha-russa de emoções. Ganhou a primeira chance na seleção principal após um boicote de atletas consagradas ao técnico Marco Aurélio Motta. Aproveitou a chance, mostrou-se relevante e continuou no grupo mesmo após a contratação de José Roberto Guimarães. “A partir do momento em que caiu a ficha para mim de que eu estava tendo a oportunidade de estar ao lado de grandes jogadoras, decidi me tornar também uma delas e seguir a trilha”, conta.

Era nome certo para os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, na Grécia, mas sofreu uma grave lesão no joelho esquerdo meses antes. Passou por cirurgia e foi obrigada a assistir de casa, pela televisão, um dos momentos mais lamentados pela torcida brasileira na história olímpica: na semifinal contra a Rússia, o Brasil tinha 24 x 19 no quarto set, com 2 x 1 no placar, e sofreu uma inacreditável virada. O time ainda perdeu o bronze para Cuba e acabou em quarto. 

O amargor da ausência no grupo e a aura de “fracasso” que passou a etiquetar a seleção feminina gerou em Paula uma obstinação extra. Ela decidiu que abriria mão de tudo. “Sacrifiquei estudos, minha família, minha filha, meu casamento, meu corpo, minha alma, minha mente, tudo isso. Mas valeu muito a pena e vale até hoje”, define. 

paula_pequeno_2008_semifinal_fivb.jpg
Paula foi eleita a melhor jogadora das Olimpíadas de Pequim, em 2008. Foto: FIVB

A consequência prática foi viver seu auge atlético no ciclo seguinte. Foi campeã e melhor jogadora (MVP) do Grand Prix de 2005. Foi essencial na conquista do ouro até então inédito para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim, na China, em 2008. Foi eleita a melhor atleta do torneio. Repetiu o ouro olímpico no grupo campeão dos Jogos de Londres, na Inglaterra, em 2012. Isso sem contar as dezenas de títulos e pódios estaduais, nacionais, sul-americanos e pan-americanos que acumulou.

» Confira todos os vídeos da websérie Ninguém Nasce Campeão

“Sacrifiquei estudos, família, filha, casamento, corpo, alma, mente, tudo isso. Mas valeu muito a pena e vale até hoje”

“O esporte é a única profissão que dá esse momento para a gente, do pódio. Os outros dão outros tipos de condecoração. O pódio é realmente algo que se torna a recompensa de toda a luta”, afirma. “O vôlei para mim é a essência de um guerreiro. É a forma que encontrei de extravasar meus medos, receios e sentimentos ruins através da porrada, da vibração e de toda aquela emoção. É a forma que encontrei de ser feliz, de contemplar momentos maravilhosos, que vão ficar na minha memória para sempre. Ajudou também a inspirar muitas pessoas. E isso não tem preço”.

Gustavo Cunha, rededoesporte.gov.br