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25/03/2020 16h30

Coronavírus

No exterior, atletas brasileiros improvisam para enfrentar quarentena

Esteira, tatame em garagem e treinos em casa viram saídas para treinamentos adaptados

Uma academia improvisada na garagem foi a saída que os principais judocas do Benfica, tradicional clube português, encontraram para continuar treinando em meio à quarentena obrigatória no país europeu por conta da pandemia do novo coronavírus (COVID-19-19). Entre eles, duas brasileiras que, há pouco mais de um ano, passaram a defender Portugal em competições internacionais: a carioca Bárbara Timo e a gaúcha Rochele Nunes.

Erica Sena: marchadora tem treinado na esteira em casa para manter a forma. Foto: rededoesporte.gov.br

"Estávamos todos em uma casa de quarentena voluntária. Quando ela (a reclusão) passou a ser obrigatória, viemos para esse outro imóvel, mais confortável, e montamos uma espécie de ginásio com tatame", conta Rochele. "Foi a maneira mais fácil de manter o foco sem nos preocuparmos tanto com o vírus e sem deixar a quarentena abalar muito, tomando medidas preventivas. Só saímos de casa se necessário, para ir ao mercado ou farmácia", emenda a judoca, que, hoje, estaria garantida na Olimpíada de Tóquio 2020 pelo ranking mundial da modalidade.

O jeitinho encontrado para treinar, claro, não é a circunstância ideal. "Eu estava tratando o joelho com fisioterapia. Infelizmente, como não tenho um fisioterapeuta aqui comigo, isso pode fazer o processo de recuperação demorar um pouco mais. Mas continuo focada", garante Rochele, aliviada com o adiamento dos Jogos de Tóquio para 2021.

"Acho que está todo mundo sofrendo com o coronavírus e penso no bem-estar. A gente se prepara por muito tempo para isso, mas não seria justo se a Olimpíada ficasse na data prevista. Assim, todos os atletas podem ter uma preparação melhor".

Saber improvisar também foi necessário para Erica Sena não ficar parada. A principal brasileira da marcha atlética vive há oito anos em Cuenca, no Equador, terra natal do marido e treinador Andres Chocho. Até o domingo (22.03), o país sul-americano havia registrado 14 mortes e 789 infectados e pelo lado equatoriano a quarentena também tem sido compulsória.

"Podemos sair três vezes por semana (de casa) para comprar alimentos e medicamentos. Não esperávamos passar por isso. Estamos tentando adaptar nossos treinos da melhor maneira possível. Tenho uma esteira em casa e posso adaptar, mas é complicado ficar apenas nela. São sensações diferentes", descreve a pernambucana, medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 e que teve um período de treinamentos e competições na Europa cancelado por causa da pandemia.

Estados Unidos

Em 2017, Eric Pardinho assinou um contrato de US$ 1,4 milhão (R$ 4,6 milhões, na cotação da época) com o Toronto Blue Jays, franquia da Major League Baseball (MLB), liga norte-americana, tornando-se o brasileiro mais caro da história da modalidade. O paulista, de 19 anos, está em recuperação de uma cirurgia no cotovelo e só deve voltar a jogar no ano que vem. Mas há outro motivo pelo qual o retorno aos treinos poderá demorar. Segundo alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS), os Estados Unidos (EUA) devem se tornar o novo epicentro da COVID-19.

A temporada 2020 da MLB deveria começar nesta quinta-feira (26.03), mas, após ter adiado o início em duas semanas, a liga estendeu o prazo em mais dois meses. Cerca de 1,4 mil casos foram confirmados na Flórida, estado onde Pardinho vive. "A cidade em que moro (Clearwater) é famosa pelas praias, vem bastante turista. No sábado (21.03), decidiram fechá-las. Quando você precisa ir à rua, vê o pessoal de máscara, luva...", relata o arremessador.

Segundo ele, o time o contata diariamente e orienta sobre como proceder na pandemia. "É para evitarmos de sair muito. Eles mandam mensagens, perguntam se temos sintomas. De fato, evito de sair. Às vezes, dou uma caminhada em volta do hotel, vou ao mercado, algum restaurante que esteja aberto ainda", conta o brasileiro, que convive com outros atletas no local, a maioria venezuelanos. "Meus pais tinham vindo para cá no início do mês, pegaram o pessoal indo embora e tiveram que voltar (ao Brasil) também, porque a situação estava ficando ruim nas companhias (aéreas)", completa.

Por enquanto, a rotina de Pardinho é a fisioterapia. Depois, talvez, acompanhar os colegas de time em treinos improvisados no estacionamento do hotel. Só que adaptar as atividades esportivas não é o único desafio para outro brasileiro nos Estados Unidos. Pivô da seleção de basquete, Anderson Varejão vive em Cleveland, Ohio, estado que registrou oito mortes pela doença. Na terça-feira (24), ele sentiu na pele o impacto da pandemia.

"Eu e minha esposa estamos esperando um bebê. Estou há um tempo fora das quadras, sem jogar, porque é um momento que decidi ficar do lado dela, acompanhar, fazer parte de tudo, das consultas. Fomos ao hospital para um exame de rotina, mas, chegando lá, não pudemos entrar", declara Varejão, campeão da última temporada do Novo Basquete Brasil (NBB) pelo Flamengo, que tem feito seus treinos em casa.

Fonte: Agência Brasil