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Canoagem paralímpica

15/09/2016 14h44

Canoagem Velocidade

Na estreia da canoagem em Paralimpíadas, Caio Ribeiro conquista o bronze

Brasileiro sobe ao pódio na classe KL3 e já pensa no ouro em Tóquio 2020. Campeão mundial, Luis Carlos Cardoso fica sem medalha

O Estádio da Lagoa Rodrigo de Freitas assistiu na manhã desta quinta-feira (15.09) às primeiras finais da história da canoagem velocidade nos Jogos Paralímpicos. Em dia de domínio da Grã-Bretanha, que subiu ao pódio em cinco das seis provas disputadas, o brasileiro Caio Ribeiro conquistou o bronze na KL3 masculina. O ouro ficou com o ucraniano, Serhii Yemelianov e a prata com o alemão Tom Kierey.

Mesmo com a medalha no peito, Caio demorou a esboçar um sorriso. O semblante sério do canoísta, no entanto, não resistiu à festa da torcida. "Eu vim aqui focado para um trabalho e não alcancei o objetivo que eu queria. Essa é minha tristeza, mas tenho que ficar feliz porque consegui subir ao pódio e fazer história. Estou mais feliz mesmo com a energia do Brasil, do povo que veio aqui dar esse apoio, isso realmente me deixou emocionado. Foi só o início, uma meta para eu trabalhar mais ainda para os próximos Jogos".

Brasileiro é literalmente abraçado pela torcida que foi assistir à prova na raia da Lagoa Rodrigo de Freitas. Foto: Francisco Medeiros/ME

Caio, que nasceu no Brasil, mas passou muito tempo morando nos Estados Unidos, elogiou os Jogos Rio 2016. "O evento foi um espetáculo, a organização fez um trabalho fantástico. Fico muito feliz porque odeio como a gente é criticado. O Brasil é um país maravilhoso, para mim a gente é primeiro mundo. Aqui foi a nossa chance de mostrar para o planeta inteiro que o Brasil é capaz de estar igual e até melhor do que os outros países", avaliou.

"Eu vim aqui focado para um trabalho e não alcancei o objetivo. Essa é minha tristeza, mas tenho que ficar feliz porque consegui subir ao pódio e fazer história. Estou mais feliz mesmo com a energia do Brasil, do povo que veio aqui dar esse apoio"
Caio Ribeiro

Primo do tricampeão mundial de jiu-jitsu, Fernando Margarida, e sobrinho do primeiro brasileiro a representar a ginástica artística brasileira em Jogos Olímpicos, João Luiz Ribeiro, o brasileiro tem o esporte no sangue. Após a conquista, Caio aproveitou para mandar um recado para os familiares. "Medalhei. Fiz história, hein?", divertiu-se.

O atleta conta que chegou a conversar com o medalhista Isaquias Queiroz antes dos Jogos Olímpicos e lamenta não ter conseguido uma medalha da mesma cor da do colega. "Meu objetivo era pelo menos igualar a canoagem olímpica, mas foi um bronze. Estamos juntos", diz. Na opinião do carioca, a medalha pioneira conquistada em casa pode servir de inspiração para pessoas com deficiências semelhantes. "É um exemplo para o mundo inteiro, para as pessoas que têm mobilidade reduzida verem que tem mais um esporte inclusivo para poder se libertar. Queremos igualdade. Espero que isso seja um exemplo para o futuro", disse.

O outro brasileiro classificado para as finais, Luis Carlos Cardoso, da classe KL1, acabou a prova em quarto lugar. Campeão mundial em Milão 2015 na canoa, o piauiense lamentou ter ficado fora do pódio. "Foi por muito pouco. Estava com muito vento, mas isso não é desculpa. Tenho que parabenizar o pessoal que ganhou, é mérito deles. A gente tem que estar preparado para tudo. Infelizmente não veio, mas isso vai me dar mais motivação para treinar e continuar. Pretendo ainda fazer mais um ciclo, quem sabe esse pódio não vem em 2020", declarou.

Canoagem de Velocidade  

Domínio britânico e a primeira medalha da história

Os britânicos mostraram por que são considerados uma potência da paracanoagem mundial. Nas provas femininas, domínio absoluto: ouro na KL1, com Jeanette Chippington, na KL2, com Emma Wiggs, e na KL3, com Anne Dickins. Entre os homens, bronze na KL1, com Ian Mardsen, e na KL3, com Nick Beighton.

"Como um time, estamos incrivelmente confiantes. Temos uma estrutura de primeira classe e uma equipe de nível mundial. Sabemos que estamos mais bem preparados e que vamos impor um desafio, realisticamente, em todas as disputas por medalha. É um lugar muito incomum de se estar. Deixamos todos orgulhosos em nosso treinamento e adotamos uma mentalidade de alto nível mundial e isso nos trouxe aonde estamos hoje", opinou Wiggs.

Primeira campeã da história da canoagem velocidade nos Jogos Paralímpicos, já que venceu a bateria inaugural do dia, Jeanette Chippington não conseguia esconder a alegria após a façanha. Ex-atleta de natação, Jeanette já havia conquistado diversas medalhas paralímpicas na modalidade quando decidiu dedicar-se à canoagem, em 2011. "Estou muito orgulhosa de mim mesma. Desde o começo eu tive muito sucesso na paracanoagem, mas havia muita pressão e acho que isso me afetou no mundial este ano, quando fiquei com a prata. Olhando para trás agora, acho que foi a melhor coisa que podia me acontecer. Cheguei a esta corrida e pensei: 'Isso é meu. Não vou esperar mais quatro anos'", comemorou.

Pedro Ramos, brasil2016.gov.br