Canoagem paralímpica
Canoagem Velocidade
Na estreia da canoagem em Paralimpíadas, Caio Ribeiro conquista o bronze
O Estádio da Lagoa Rodrigo de Freitas assistiu na manhã desta quinta-feira (15.09) às primeiras finais da história da canoagem velocidade nos Jogos Paralímpicos. Em dia de domínio da Grã-Bretanha, que subiu ao pódio em cinco das seis provas disputadas, o brasileiro Caio Ribeiro conquistou o bronze na KL3 masculina. O ouro ficou com o ucraniano, Serhii Yemelianov e a prata com o alemão Tom Kierey.
Mesmo com a medalha no peito, Caio demorou a esboçar um sorriso. O semblante sério do canoísta, no entanto, não resistiu à festa da torcida. "Eu vim aqui focado para um trabalho e não alcancei o objetivo que eu queria. Essa é minha tristeza, mas tenho que ficar feliz porque consegui subir ao pódio e fazer história. Estou mais feliz mesmo com a energia do Brasil, do povo que veio aqui dar esse apoio, isso realmente me deixou emocionado. Foi só o início, uma meta para eu trabalhar mais ainda para os próximos Jogos".
Caio, que nasceu no Brasil, mas passou muito tempo morando nos Estados Unidos, elogiou os Jogos Rio 2016. "O evento foi um espetáculo, a organização fez um trabalho fantástico. Fico muito feliz porque odeio como a gente é criticado. O Brasil é um país maravilhoso, para mim a gente é primeiro mundo. Aqui foi a nossa chance de mostrar para o planeta inteiro que o Brasil é capaz de estar igual e até melhor do que os outros países", avaliou.
"Eu vim aqui focado para um trabalho e não alcancei o objetivo. Essa é minha tristeza, mas tenho que ficar feliz porque consegui subir ao pódio e fazer história. Estou mais feliz mesmo com a energia do Brasil, do povo que veio aqui dar esse apoio"
Caio Ribeiro
Primo do tricampeão mundial de jiu-jitsu, Fernando Margarida, e sobrinho do primeiro brasileiro a representar a ginástica artística brasileira em Jogos Olímpicos, João Luiz Ribeiro, o brasileiro tem o esporte no sangue. Após a conquista, Caio aproveitou para mandar um recado para os familiares. "Medalhei. Fiz história, hein?", divertiu-se.
O atleta conta que chegou a conversar com o medalhista Isaquias Queiroz antes dos Jogos Olímpicos e lamenta não ter conseguido uma medalha da mesma cor da do colega. "Meu objetivo era pelo menos igualar a canoagem olímpica, mas foi um bronze. Estamos juntos", diz. Na opinião do carioca, a medalha pioneira conquistada em casa pode servir de inspiração para pessoas com deficiências semelhantes. "É um exemplo para o mundo inteiro, para as pessoas que têm mobilidade reduzida verem que tem mais um esporte inclusivo para poder se libertar. Queremos igualdade. Espero que isso seja um exemplo para o futuro", disse.
O outro brasileiro classificado para as finais, Luis Carlos Cardoso, da classe KL1, acabou a prova em quarto lugar. Campeão mundial em Milão 2015 na canoa, o piauiense lamentou ter ficado fora do pódio. "Foi por muito pouco. Estava com muito vento, mas isso não é desculpa. Tenho que parabenizar o pessoal que ganhou, é mérito deles. A gente tem que estar preparado para tudo. Infelizmente não veio, mas isso vai me dar mais motivação para treinar e continuar. Pretendo ainda fazer mais um ciclo, quem sabe esse pódio não vem em 2020", declarou.
Domínio britânico e a primeira medalha da história
Os britânicos mostraram por que são considerados uma potência da paracanoagem mundial. Nas provas femininas, domínio absoluto: ouro na KL1, com Jeanette Chippington, na KL2, com Emma Wiggs, e na KL3, com Anne Dickins. Entre os homens, bronze na KL1, com Ian Mardsen, e na KL3, com Nick Beighton.
"Como um time, estamos incrivelmente confiantes. Temos uma estrutura de primeira classe e uma equipe de nível mundial. Sabemos que estamos mais bem preparados e que vamos impor um desafio, realisticamente, em todas as disputas por medalha. É um lugar muito incomum de se estar. Deixamos todos orgulhosos em nosso treinamento e adotamos uma mentalidade de alto nível mundial e isso nos trouxe aonde estamos hoje", opinou Wiggs.
Primeira campeã da história da canoagem velocidade nos Jogos Paralímpicos, já que venceu a bateria inaugural do dia, Jeanette Chippington não conseguia esconder a alegria após a façanha. Ex-atleta de natação, Jeanette já havia conquistado diversas medalhas paralímpicas na modalidade quando decidiu dedicar-se à canoagem, em 2011. "Estou muito orgulhosa de mim mesma. Desde o começo eu tive muito sucesso na paracanoagem, mas havia muita pressão e acho que isso me afetou no mundial este ano, quando fiquei com a prata. Olhando para trás agora, acho que foi a melhor coisa que podia me acontecer. Cheguei a esta corrida e pensei: 'Isso é meu. Não vou esperar mais quatro anos'", comemorou.
Pedro Ramos, brasil2016.gov.br