Atletismo paralímpico
Atletismo
Na despedida do atletismo das Paralimpíadas Rio 2016, Brasil fatura o bronze na maratona
Com as competições no Engenhão tendo se encerrado na noite de sábado (17.9), a disputa da última prova do atletismo dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, a maratona, foi realizada neste domingo (19.9) fechando, assim, a programação da modalidade.
E na melhor participação do atletismo brasileiro na história das Paralimpíadas, uma das categorias da maratona terminou seguindo uma rotina à qual os torcedores se acostumaram desde o último dia 8: vibrar com atletas do país no pódio.
Tendo a praia de Copacabana como cenário e o Forte de Copacabana ao fundo, sete corredoras da classe T12 (deficientes visuais) feminina largaram às 9h sob sol forte para o desafio dos 42,195km. A saída e a chegada foram na altura do Posto 5 e as atletas deram voltas em um percurso de 8,4 quilômetros que passou pela orla das praias de Copacabana e do Leme.
“É minha primeira vez na maratona. Então, começo com o bronze, depois vou atrás da prata e do ouro para o Brasil. Foi uma prova difícil, mas estou começando nessa experiência de representar o Brasil, de coração, e para o mundo”
Edneusa Dorta
Baiana de Salvador, Edneusa Dorta, aos 40 anos, disputava sua primeira edição dos Jogos Paralímpicos. Com baixa visão desde o nascimento devido à rubéola que adquiriu da mãe ainda na gestação, Edneusa esteve acompanhada durante todo o percurso pelo guia Tito Sena, de Brasília. O corredor, de 49 anos, é um maratonista vitorioso, ouro nas Paralimpíadas de Londres 2012 e prata na edição de Pequim 2008. O Rio, entretanto, marcou sua estreia como atleta-guia.
Com o tempo de 3h18min38, Edneusa e Tito cruzaram a linha de chegada na terceira colocação carregando uma bandeira do Brasil e foram muito aplaudidos pelo bom público que se espalhava pelos dois lados da pista na chegada e que vibrou com a dupla ao longo de toda a prova. O ouro ficou com a espanhola Elena Congnost (3h01min43) e a prata com a japonesa Misato Michishita (3h06min52).
“É minha primeira vez na maratona. Então, começo com o bronze, depois vou atrás da prata e do ouro para o Brasil”, brincou Edneusa. “Foi uma prova difícil, mas estou começando nessa experiência de representar o Brasil, de coração, e para o mundo”, continuou.
Para a medalhista, receber todo o carinho do público durante a prova tornou a conquista da medalha ainda mais especial. “Foi uma honra. Foi minha primeira maratona internacional e o que eu tenho a dizer é obrigado, Brasil”, agradeceu Edneusa.
Quem também estava radiante era Tito Sena, que exaltou a experiência de guiar Edneusa ao longo dos 42,195km da maratona no Rio 2016. “Para mim é um privilégio e uma honra estar correndo com uma atleta guerreira e determinada. Estou muito feliz. Essa guerreira está de parabéns e o Brasil está de parabéns. A torcida foi espetacular, deu força e então essa medalha é do Brasil, é nossa, e nós a dedicamos a Jesus”.
“Para mim é um privilégio e uma honra estar correndo com uma atleta guerreira e determinada. Estou muito feliz. Essa guerreira está de parabéns e o Brasil está de parabéns”
Tito Sena
Com o resultado, o atletismo brasileiro fechou os Jogos Paralímpicos tendo conquistado a marca recorde de 33 medalhas. Foram 8 ouros, 14 pratas e 11 bronzes em uma campanha marcante nas provas de pista, de rua e nos saltos.
Outros brasileiros
Além de Edneusa, o Brasil teve mais três representantes em outras classes da maratona neste domingo. Também às 9h, 10 atletas da T46 (para amputados ou aqueles com deficiência nos membros inferiores ou superiores), entre eles o gaúcho Alex Douglas Silva, prata na Maratona do IPC, em Londres 2015, largaram para a prova.
Alex Silva foi bem até a primeira metade do desafio, quando ocupava a segunda colocação. Entretanto, pouco depois, na altura do quilômetro 25, ele desistiu da prova, abatido por uma fadiga muscular. Alex chegou a receber atendimento médico, mas foi liberado cerca de meia hora depois. A prova foi vencida pelo chinês Chaoyan Li.
“Devido ao clima eu provavelmente acabei desgastando mais do que na verdade eu estava repondo e acabou que comecei a ter bastante fadiga muscular”, explicou. “Eu vinha bem, a gente estava em um ritmo bem bom, até acima da minha melhor marca pessoal, e então eu estava controlando bem o ritmo. Tinha ciência de que poderia ter sido medalhista, mas como é uma prova de resistência às vezes nem sempre o melhor vence e, na verdade, quem aguenta mais a parte física”, afirmou Alex.
No feminino da classe T54 (atletas em cadeira de rodas), duas brasileiras largaram. Maria de Fátima Chaves, sentindo-se desidratada devido ao calor e ao esforço, abandonou a prova antes da primeira metade do percurso. Já Aline Rocha cruzou a linha de chegada na 10ª posição. O ouro ficou com a chinesa Lihon Zou, a prata com a norte-americana Tatyana McFadden e o bronze com a também norte-americana Amanda McGrory.
Fenômeno
O resultado de Tatyana McFadden representou mais uma façanha da atleta no Rio. Aos 27 anos, ela é um fenômeno do esporte paraolímpico. Antes de chegar ao Brasil, acumulava 10 medalhas – 3 de ouro, 4 de prata e 3 de bronze – em seis provas diferentes (100m, 200m, 400m, 800m, 1.500m e revezamento 4 x 100m) nas Paralimpíadas de Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012.
Agora, Tatyana deixará o país tendo ampliado a coleção com mais seis pódios, já que, no Engenhão, ela foi ouro nos 400m, 800m 1.500m e 5.000m e prata nos 100m antes de fechar sua brilhante participação nas Paralimpíadas do Rio com a sexta medalha na maratona neste domingo.
Luiz Roberto Magalhães – brasil2016.gov.br