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14/02/2020 09h02

Jogos Olímpicos

Marco La Porta: Brasil pode ter delegação recorde em Tóquio e viaja com o desafio de esquecer campanha de 1964

Há 56 anos, país conquistou só uma medalha, com o bronze no basquete masculino. Vice-presidente do COB detalha estratégia para garantir a aclimatação do outro lado do mundo

Entre os dias 24 de julho e 9 de agosto, mais do que conquistar medalhas capazes de colocar o Brasil entre as principais potências esportivas, os atletas nacionais terão, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a missão de apagar a campanha da outra edição realizada na capital japonesa. Há quase 56 anos, em 1964, a delegação conquistou apenas uma medalha, o bronze do basquete masculino, que rendeu ao país a 35ª colocação no quadro geral. Para o vice-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Marco Antônio La Porta, o retrospecto intensifica o desafio em 2020.

"Temos estudos que mostram que os piores resultados do Brasil são do outro lado do mundo", pondera o dirigente. "Esse é o grande desafio que a gente tem. A gente tentou se planejar o máximo possível para minimizar os problemas de clima, fuso horário e aclimatação. A gente preparou as bases para receber os atletas e ter o menor impacto possível", explica La Porta.

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Marco Antônio La Porta é vice-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Assim, o Brasil terá nove bases de aclimatação no Japão: Chiba, Enoshima, Hamamatsu, Sagamihara, Miyagase, Saitama, Ota, Koto e Chuo. Além disso, segundo o vice-presidente do COB, todos os atletas chegarão ao país no mínimo 15 dias antes de competir. "Nosso papel é entregar o atleta nas condições adequadas para que ele faça o seu trabalho", define. "Seria um fato muito importante para o esporte brasileiro conseguir manter ou melhorar o resultado do Rio, porque provaria que os investimentos que foram feitos estão dando resultado", acrescentou, calculando que o país conquiste entre 15 e 20 medalhas.

"A gente ainda quer chegar muito mais longe. Estamos raciocinando com um efetivo próximo da casa dos 300 atletas, o que já seria um recorde em Jogos realizados fora do país"
Marco Antônio La Porta, vice-presidente do COB 

Outro fator visto como positivo é a possibilidade de envio da maior delegação que o Brasil já teve em edições realizadas no exterior. "A gente tem a expectativa de chegar próximo aos 300 atletas, o que já seria um recorde em Jogos realizados fora do país", calcula La Porta. Até hoje, excetuando-se a edição em casa, no Rio de Janeiro, a maior delegação brasileira foi a de Pequim 2008, com 277 atletas, sendo 144 homens e 133 mulheres. Em Londres 2012, o país teve 259 representantes.

Até o momento, são 170 vagas confirmadas em Tóquio 2020, já levando em conta o futebol masculino e a confirmação de Robert Scheidt, que disputará sua sétima Olimpíada. Desse total, 37 vagas já têm nome e sobrenome assegurado. São 22 homens e 15 mulheres confirmados em Tóquio. Desse grupo, 91,2% fazem parte atualmente do Bolsa Atleta, programa da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. O investimento federal para ajudá-los em sua preparação é de R$ 4,3 milhões por ano. No total, o Bolsa Atleta atende nos editais atuais (levando em conta também a Bolsa Pódio) 6.541 atletas, com investimento anual de R$ 122 milhões.

Confira, ponto a ponto, a entrevista com o vice-presidente do COB, Marco Antônio La Porta:

170 vagas confirmadas
A gente ainda quer chegar muito mais longe. Estamos raciocinando com um efetivo próximo da casa dos 300 atletas. Em muitas modalidades, os atletas já estão classificados, mas a gente precisa que termine o período de qualificação para que as vagas sejam confirmadas. É o caso, por exemplo, de atletismo, natação, judô e triatlo. Muitas modalidades têm atletas classificados, mas que não estão oficialmente confirmados. A gente tem a expectativa de chegar próximo aos 300, o que já seria um recorde em Jogos realizados fora do país.

Basquete feminino de fora
Foi uma decepção porque era muito possível, e um quarto do jogo contra Porto Rico foi determinante para ficarem de fora. A gente ficou chateado pela não classificação do basquete feminino não só por perdermos uma modalidade, mas porque é um trabalho que vem sendo feito desde o ano passado com o nosso apoio, um trabalho excelente da CBB, e que precisava de uma participação nos Jogos para colocar o selo de que está no caminho certo. As meninas mereciam. Infelizmente não veio. Agora, é ter paciência e não deixar que o trabalho se perca, e já começar a pensar nos próximos Jogos (em Paris, 2024).

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As últimas vagas confirmadas pelo Brasil em Tóquio vieram da seleção olímpica de futebol. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Futebol classificado
O futebol não nos decepcionou e teremos os campeões olímpicos em Tóquio. Tenho certeza de que vão brigar por medalha. A gente está contando muito com isso.

Meta
Desde Londres, a gente tem mantido um resultado aproximadamente entre 15 e 20 medalhas no total. A gente espera estar nessa casa. Em Londres foram 17 e no Rio, 19. No Rio a gente teve aquele patamar de tentar o top 10, mas para isso teríamos que chegar a cerca de 30, 35 medalhas, e é difícil.

A gente tentou se planejar o máximo possível para minimizar os problemas, de clima, aclimatação e fuso horário. A gente preparou as bases para receber os atletas e ter o menor impacto possível

Modalidades
Eu acho que o grande avanço que o Brasil teve nesses últimos anos, em virtude dos Jogos Rio 2016, foi o aumento de modalidades contribuintes para o quadro de medalhas. Nós vemos cada vez mais outras modalidades, como canoagem, taekwondo, boxe, se firmando como as que estão sempre medalhando. E agora para Tóquio estamos com a esperança de pelo menos no surfe e no skate, que são novas no programa, a gente ter mais modalidades contribuindo para o quadro de medalhas.

Retrospecto ruim em Tóquio
É o grande desafio que a gente tem. A gente tentou se planejar o máximo possível para minimizar os problemas, de clima, aclimatação e fuso horário. A gente preparou as bases para receber os atletas e ter o menor impacto possível. Seria um fato importante para o esporte brasileiro conseguir manter ou melhorar o resultado do Rio, porque provaria que todos os investimentos que foram feitos no esporte estão dando resultado. Isso seria importante para a gente corroborar esse trabalho.

Ana Cláudia Felizola – rededoesporte.gov.br