Futebol7
Rio 2016
Leandrinho marca três gols e garante o bronze para o Brasil no futebol de 7
Na despedida do futebol de 7 do programa dos Jogos Paralímpicos, a seleção brasileira da modalidade conquistou uma medalha de bronze nesta sexta-feira (16.09) ao vencer a Holanda por 3 x 1, no Estádio de Deodoro, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A medalha é a terceira do Brasil na modalidade, depois de um bronze em Sydney-2000 e uma prata em Atenas-2004. O ouro no Rio 2016 ficou com a Ucrânia, que venceu o Irã por 2 x 1 na prorrogação, após empate em 1 x 1 no tempo normal.
Grande destaque do jogo diante da Holanda, com três gols, Leandrinho festejou a volta por cima que o time deu após a derrota na semifinal para o Irã por 5 x 0. “No outro jogo fiquei abalado. Tive algumas oportunidades e não consegui fazer, depois acabamos tomando os gols. Aquilo abateu demais nossa equipe, mas levantamos a cabeça e honramos esse povo que é maravilhoso. Infelizmente o ouro não veio, mas hoje corremos atrás e conseguimos o bronze, que de certa maneira para nós tem o mesmo gosto, de vitória. Não foi fácil, todos que conviveram com a gente sabem o quanto foi difícil chegar até aqui”, disse o meia.
O futebol de 7 é praticado por atletas com deficiência motora leve, causada por paralisia cerebral. A classificação varia de 5 a 8, sendo que o maior número representa o maior potencial funcional. Leandro Gonçalves do Amaral tem grau de deficiência 7 (intermediário): seus movimentos são limitados no lado esquerdo do corpo. Nascido em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, ele chegou a jogar em clubes convencionais de futebol. “Eu tentei jogar no futebol normal, infelizmente não pude, minha deficiência já atrapalhava um pouco e depois da lesão no joelho ficou impossível”, contou, explicando que para compensar a deficiência o lado esquerdo do corpo, acabou forçando muito o joelho direito.
"Infelizmente o ouro não veio, mas hoje corremos atrás e conseguimos o bronze, que de certa maneira para nós tem o mesmo gosto, de vitória"
Leandrinho
Com a carreira profissional encerrada em 2009, depois da contusão, Leandrinho passou a se dedicar ao futebol de 7. Hoje, aos 23 anos, ele defende o Caira, equipe de sua cidade natal. “Pensei que nem iria poder jogar mais futebol por causa da lesão na cartilagem do joelho direito, então tenho que agradecer a Deus. É um sonho para mim que está se tornando realidade hoje”, festejou o jogador, que acabou a competição como artilheiro do Brasil, com seis gols.
A alegria foi compartilhada com a torcida, que fez festa para o artilheiro nas arquibancadas. Mas Leandrinho não vê a hora de voltar para Campo Grande e festejar com a família. “Hoje vou comemorar com meus companheiros, mas chegando lá vou comemorar com a família. Minha mãe deve estar muito feliz a essa hora. Fico feliz de ter levado o nome da minha cidade para mais longe”.
Elogios do capitão do penta
Responsável por entregar a medalha de bronze aos jogadores da Seleção Brasileira, o capitão da seleção brasileira de futebol que foi pentacampeã da Copa do Mundo em 2002, Cafu, elogiou muito a equipe verde e amarela. “O trio de ataque é muito rápido. Tecnicamente os jogadores são excelentes. Acho que o esporte paralímpico é uma lição de vida”, disse o ex-lateral. “O Cafu é um capitão que honrou nosso país por longos anos. Receber um elogio dele para mim é fenomenal. Hoje é um dia muito feliz para mim”, disse Leandrinho.
Embora o sentimento de alegria tenha imperado nesta sexta, os jogadores não esconderam a tristeza ao falar da decisão do Comitê Paralímpico Internacional, que decidiu tirar o futebol de 7 do programa paralímpico. Assim, a modalidade não será disputada nos Jogos de Tóquio. “É uma pena, você vê que é um espetáculo, essa torcida comparecendo. A gente vai continuar trabalhando, lutando para que possa voltar”, disse Leandrinho.
“A gente fica triste, porque a gente mostrou que o futebol de 7 tem torcedores, tem uma galera que abraça, tem a quantidade de países que o Comitê pede e infelizmente vai sair. Mas vamos ter outras competições: Parapan, Mundial, Copa América. Pretendo continuar na seleção, depende do técnico”, completou o atacante Felipe Rafael. O tom de chateação logo foi esquecido ao falar sobre o bronze: “Vou sonhar com isso para sempre”.
Começo arrasador e controle do jogo
O Brasil partiu para cima da Holanda desde o início do jogo e foi premiado antes mesmo de o cronômetro marcar um minuto. Aos 41 segundos de partida, Leandrinho fez bela jogada, cortou para dentro e bateu no canto direito do gol holandês: 1 x 0 Brasil. Com o apoio ainda maior da torcida após o gol, a seleção brasileira continuou pressionando e criou boas chances para ampliar.
No primeiro tempo, o Brasil teve 65% de posse de bola, com 20 arremates, dois quais nove foram na direção do gol. George van Altena, o goleiro, foi o grande destaque holandês, com boas defesas. Leandrinho chegou a acertar uma bola na trave, mas o placar da primeira etapa acabou mesmo em 1 x 0 para o Brasil
O segundo tempo seguiu a toada do primeiro, com maior posse de bola brasileira e várias jogadas perigosas de ataque do time da casa. Aos oito minutos, Leandrinho driblou até o goleiro, mas um zagueiro salvador conseguiu cortar a finalização. Dez minutos depois, ele não perdoou. Com um belo chute de fora da área, o camisa 11 do Brasil fez o segundo gol da seleção.
Quando o jogo parecia definido e a torcida já gritava “A medalha é nossa!”, a Holanda diminuiu com Jeroen Schuitert, que conseguiu desviar uma cobrança de falta e enganou o goleiro brasileiro Marcos Ferreira dos Santos. Mas a alegria holandesa durou pouco. Dois minutos depois, Leandrinho completou bela jogada do ataque brasileiro e marcou seu terceiro gol no jogo. A etapa terminou com 62% de posse de bola para o Brasil e muita festa nas arquibancadas.
Mateus Baeta – Brasil2016.gov.br