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Atletismo

25/07/2021 04h35

Tóquio 2021

Larissa Pimenta cai diante da quase imbatível Uta Abe

Brasileira repetiu no Nippon Budokan a campanha que havia registrado Mundial de 2019, quando também foi superada pela número um do ranking na segunda rodada

A paulista Larissa Pimenta, de 22 anos, repetiu nos Jogos Olímpicos de Tóquio uma trilha que já havia experimentado de forma amarga no Mundial de Judô de 2019, no mesmo Nippon Budokan. No evento-teste realizado há dois anos, Larissa passou bem pela primeira luta da categoria -52kg e encontrou na segunda rodada uma pedreira: a japonesa Uta Abe, bicampeã mundial (2018 e 2019) e campeã mundial júnior em 2017. Naquela ocasião, Larissa não achou a distância nem a pegada e foi projetada duas vezes em menos de dois minutos.

Uta Abe projetou Larissa e finalizou a luta com uma imobilização. Foto:Emanuele Di Feliciantonio/ FIJ/Divulgação
"Imbatível ninguém é. Acho que dificuldade todos têm com todo mundo. Cada atleta tem seu ponto forte. Ela tem o dela, eu tenho o meu. Ela tem golpes fortes, mas todo atleta tem. Em 2019 acho que foi uma experiência. Era a primeira vez contra ela. Hoje eu vim para ganhar. Estava determinada. Vim com essa cabeça"
Larissa Pimenta, integrante da Bolsa Pódio e do Programa de Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas

Calhou para ela, contudo, reviver a mesma sina no ginásio que é considerado um templo das artes marciais, construído para os Jogos Olímpicos de 1964. Larissa estreou nos Jogos Olímpicos de 2021 em uma luta parelha contra a polonesa Agata Perenc. Venceu com um waza-ari no Golden Score, após 7min59s de tempo total de luta. Bom início contra uma rival experiente, de 31 anos, que tem no currículo o título da etapa da Copa do Mundo de Bucareste, na Romênia, em 2017, e chegou ao bloco da disputa por medalhas em várias edições do Grande Prix e do Grand Slam entre 2017 e 2019.

Na sequência, contudo, Larissa viu repetido na chave o nome de Uta Abe. E, mesmo tendo estudado a rival com detalhes e mantendo na mente o mantra de que ninguém é imbatível, ainda não foi desta vez que ela achou o caminho para superar a número 1 do mundo, que terminaria o dia como campeã olímpica.

Com 1min26s, Larissa foi projetada em waza-ari e Abe encaixou na sequência um trabalho de solo para imobilizar a paulista e conquistar o ippon com 2min03s. Desde fevereiro de 2017, Abe teve apenas uma derrota no circuito em 14 torneios disputados. Chegou a acumular 40 vitórias consecutivas.

"Imbatível ninguém é. Acho que dificuldade todos têm com todo mundo. Cada atleta tem seu ponto forte. Ela tem o dela, eu tenho o meu. Ela tem golpes fortes, mas todo atleta tem", afirmou a brasileira, ainda tentando digerir a frustração com o resultado, mas achando uma brecha para comparar as duas lutas.

"Em 2019 acho que foi uma experiência. Era a primeira vez contra ela e meio que serviu para eu ver como era. Hoje, não, eu vim para ganhar. A fase de experiência passou. Estava determinada a ganhar. Vim com essa cabeça, de dar tudo de mim, o meu melhor, aproveitar. O resultado seria consequência", afirmou.

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Antes de ser eliminada por Uta Abe, Larissa Pimenta passou pela polonesa Agata Perenc. Foto: Gaspar Nóbrega/COB

Mina de pódios

O judô é o esporte individual que mais rendeu medalhas ao Brasil na história dos Jogos Olímpicos. São 22, com quatro de ouro, três de prata e 15 de bronze. A delegação nacional tem 13 atletas na capital japonesa, seis no feminino e sete no masculino. Onze deles integram o Bolsa Atleta, programa de patrocínio individual do Governo Federal Brasileiro.

Dos 11 bolsistas, nove, incluindo Larissa Pimenta, fazem parte da categoria Pódio, a principal do programa, voltada para atletas que se posicionam entre os 20 melhores do mundo em sua modalidade.

No ciclo Rio–Tóquio, o judô brasileiro recebeu investimento direto, via Bolsa Atleta, de R$ 16,2 milhões. Os recursos representaram a concessão de 1.056 bolsas para praticantes do esporte. Larissa Pimenta também é atleta do Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas, na Marinha do Brasil.

Ciclo promissor

Larissa é um dos talentos da nova geração brasileira. Aos 22 anos, chegou aos Jogos Olímpicos respaldada pelo ouro conquistado nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, por um bronze no mundial Júnior e por medalhas em três etapas do Grand Slam e duas do Grand Prix.

Se não conseguiu avançar ao bloco dos que disputam medalhas em sua primeira experiência olímpica, Larissa tem certeza de que está onde queria, fazendo o que gostaria. "Claro que seria bem melhor poder levar uma medalha para o Brasil. Mas estar aqui, dando o melhor, acredito que não exista coisa melhor. Era aqui que eu queria estar, é aqui onde estou", afirmou.

Gustavo Cunha, de Tóquio, no Japão - rededoesporte.gov.br