Judô
Mundial de Judô
Kitadai e Takabatake entram em cena na abertura do Mundial de Judô do Japão
Terminou a temporada de ensaios, testes, simulações e aclimatação. A partir deste domingo (25.08), Tóquio passa a ser palco para os atores mostrarem a quem caberão os papéis de protagonistas e de coadjuvantes no principal compromisso do judô na temporada 2019. O Campeonato Mundial do Japão reúne 860 competidores, de 149 países, com disputas em sete categorias masculinas e outras sete no feminino. O torneio é evento-teste para os Jogos Olímpicos. Será no mesmo local e nas mesmas condições previstas para 2020.
O palco é o tradicional Nippon Budokan, estrutura em formato de octógono para até 14 mil pessoas criada para os Jogos de 1964, quando o judô passou a integrar o programa olímpico. A arena foi equipada com apenas duas áreas de luta azuis com moldura vermelha. Em cada dia, haverá disputas em uma categoria de cada naipe. Neste domingo, entram em cena a -48kg no feminino e a -60kg no masculino.
O Brasil chega à competição com 18 atletas, nove mulheres e nove homens. Com a contusão de Nathalia Brígida na reta final de preparação, o time não terá representante nesse primeiro dia no feminino. No masculino, dois atletas da categoria mais leve entram em cena entre os 75 inscritos: os paulistas Eric Takabatake e Felipe Kitadai.
"Eu trabalho todo dia no máximo possível. Essa excelência é um hábito. É isso que me deixa mais tranquilo no dia. Sou um atleta agressivo e persistente. Para o adversário chego até a ser chato, de tanto que quero ganhar e lutar. A minha assinatura é a persistência"
Felipe Kitadai
Medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Londres (2012) e campeão do Grand Slam de Baku (Azerbaijão) em maio de 2019, Kitadai entende o Mundial como um momento de consolidação de uma retomada. Depois dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, quando terminou em sétimo, o atleta viveu uma longa ausência dos maiores palcos da modalidade. Fez uma cirurgia no ombro direito em fevereiro de 2017, caiu no ranking e perdeu espaço.
"É um momento especial para mim. Depois da cirurgia fiquei um longo tempo afastado. Com muito trabalho, fui conquistando meu espaço de novo e acabei sendo campeão de um Grand Slam três meses atrás. Aí recuperei a vaga na seleção. A expectativa é chegar com tudo, como campeão de Grand Slam e medalhista olímpico que sou, e brigar por mais um pódio", disse o atleta de 30 anos, que chega ao torneio como o número 17 do mundo e vai enfrentar na estreia o vencedor do combate entre Julio Molina, da Guatemala, e Gusman Kyrgyzbayev, do Cazaquistão.
Eric Takabatake, por sua vez, conquistou o vice-campeonato no Pan-Americano da modalidade, em abril, e ficou entre os cinco melhores na etapa de Montreal do Grand Prix. Aos 28 anos, chega ao Mundial como o número dez do ranking e em busca de surpreender os favoritos. A estreia será contra o tunisiano Fraj Dhouibi, campeão do Campeonato Africano e vice-campeão dos Jogos Africanos em 2019. O adversário ocupa a 39ª posição no ranking mundial.
As lutas da fase eliminatória serão a partir das 11h, ou 23h do sábado (24.08) no horário brasileiro. O bloco decisivo, com as semifinais, disputas de bronze e a final, será a partir das 19h (7h de domingo no horário brasileiro).
"Pensamos sempre em evolução. Temos um pacto com os atletas de não cravarmos meta de medalhas, pois muitos consideram ser uma pressão a mais. Mas, acredito que nossa equipe está bem preparada e confio num resultado melhor do que o do ano passado, quando conquistamos um bronze no Mundial de Baku", projetou o gestor de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Judô, Ney Wilson Pereira. O bronze em 2018 veio com Erika Miranda, que se aposentou este ano.
Japonês e russo como favoritos
O grande nome da categoria é o japonês Naohisa Takato. Medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Takato venceu os dois últimos mundiais, em 2017 e 2018, e já tinha no currículo o título conquistado em 2013. O líder do ranking é o russo Robert Mshvidobadze, que em 2019 tem como principais resultados os vice-campeonatos na etapa de Montreal do Grand Prix, no Canadá, e no Grand Slam de Dusseldorf, na Alemanha. Outro japonês de grande consistência nos resultados é Ryuju Nagayama. Atual número quatro do mundo, chega com o ouro no Grand Slam de Dusseldorf em 2019 e o título do Grand Slam de Osaka, em 2018.
"Tivemos chance de expor os atletas a bastante volume de luta e de fazer um trabalho de força mental. Em cada ação a gente teve um objetivo e vejo que todos os atletas alcançaram esses objetivos"
Yuko Fujii, técnica da seleção masculina de judô
"Minha categoria é extremamente disputada. Se você repetir a competição do Mundial no dia seguinte, o pódio provavelmente mudaria completamente. Os japoneses, claro, são a potência do esporte. Tem de ficar sempre de olho no Nagayama e no Takato, que estão entre os principais adversários da categoria", afirmou Kitadai.
Corrida olímpica
O Campeonato Mundial de Judô não vale vaga direta para os Jogos Olímpicos nem aos campeões, mas distribui preciosos 2.000 pontos no ranking mundial. A definição dos atletas que estarão no tatame do Nippon Budokan em 2020 tem como critério os 18 melhores do ranking da Federação Internacional de Judô, com o limite de um atleta por nacionalidade.
O judô é a modalidade com maior número de medalhas para o Brasil em Jogos Olímpicos. São 22, com quatro ouros, três pratas e 15 bronzes. Na história dos mundiais adultos, o país subiu ao pódio em 45 ocasiões, com sete ouros, 12 pratas e 26 bronzes.
Trabalho ajustado
Para a treinadora do time masculino, Yuko Fujii, Eric, Felipe e os outros sete atletas da seleção chegam a Tóquio após cumprirem uma série de etapas na preparação. Em 2019, a delegação treinou e teve períodos de preparação na Áustria, no Japão, na Alemanha, na França, fora períodos intensivos em Pindamonhangaba, no interior paulista.
"Tivemos chance de expor os atletas a bastante volume de luta e de fazer um trabalho de força mental. Em cada ação a gente teve um objetivo e vejo que todos os atletas alcançaram esses objetivos. Chegamos aqui no Japão para a reta final e foi muito produtivo. Eu vejo todos bem preparados para um boa performance", afirmou a treinadora.
Para ela, o período de aclimatação de dez dias em Hamamatsu, a 250km de Tóquio, ajudou a consolidar as últimas características que faltavam. "O lugar é longe da cidade. Calmo. Ajuda bastante a focar no treino. E todas as pessoas aqui da cidade fazem uma parceria não por trabalho, mas por amor. É uma troca de gratidão. Isso faz um bom ambiente", comentou. "A gente querendo ou não, os atletas sentem a pressão de um Mundial. Ficando longe da competição e fazendo esse trabalho como se fosse um treinamento de campo, ajuda bastante a preparação mental e física", opinou.
Na opinião de Kitadai, a mistura de agressividade, persistência e excelência nos treinos é o que faz com que ele chegue tranquilo para a estreia. "Eu trabalho todo dia no máximo possível. Essa excelência é um hábito. É isso que me deixa mais tranquilo no dia. Sou um atleta agressivo e persistente. Para o adversário chego até a ser chato, de tanto que quero ganhar e lutar. A minha assinatura é a persistência", definiu.
Investimentos federais
Dos 18 atletas brasileiros inscritos na chave individual do Mundial, 17 são integrantes do programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. O investimento federal anual no grupo é de R$ 1,67 milhão. Um termômetro da qualidade do elenco é que 12 dos 18 estão atualmente vinculados à categoria Pódio, a mais alta do Bolsa Atleta, voltada para esportistas que se consolidam entre os 20 melhores do mundo. No judô como um todo, 256 esportistas recebem atualmente o Bolsa Atleta, num investimento federal anual de R$ 4,5 milhões.
Num outro recorte pautado em investimentos federais, 11 dos 18 atletas fazem parte do Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR) das Forças Armadas. O programa foi criado em 2008, numa parceria da Defesa com o então Ministério do Esporte. O conceito é fortalecer a equipe militar brasileira em eventos esportivos de alto nível. O alistamento é feito de forma voluntária, por meio de edital público. O processo de seleção leva em conta os resultados dos atletas em competições nacionais e internacionais. Quando integrados ao programa, os atletas têm à disposição todos os benefícios da carreira, como soldo, 13º salário, plano de saúde, férias, direito a assistência médica, incluindo nutricionista e fisioterapeuta.
PROGRAMAÇÃO (horário de Brasília)
24.08 - Categoria -60kg masculina
Felipe Kitadai e Eric Takabatake
Preliminares - 23h - 24.08
Finais - 7h - 25.08
25.08 - Categorias -66kg masculina e -52kg feminina
Daniel Cargnin, Larissa Pimenta e Eleudis Valentim
Preliminares - 22h de 25.08
Finais - 7h de 26.08
26.08 - Categoria -57kg feminina
Rafaela Silva
Preliminares - 22h de 26.08
Finais - 7h de 27.08
27.08 - Categoria -81kg masculina e -63kg feminina
Eduardo Yudy, Aléxica Castilhos e Ketleyn Quadros
Preliminares - 23h de 27.08
Finais - 7h de 28.08
29.08 - Categoria -90kg masculina e -70kg feminina
Rafael Macedo e Maria Portela
Preliminares - 0h de 28.08 para 29.08
Finais - 7h de 29.08
30.08 - Categoria - 100kg masculina e -78kg feminina
Leonardo Gonçalves, Rafael Buzacarini e Mayra Aguiar
Preliminares - 0h de 29.08 para 30.08
Finais - 7h de 30.08
31.08 - Categoria +100kg masculina e +78kg feminina
David Moura, Rafael Silva, Beatriz Souza e Maria Suelen Altheman
Preliminares - 1h de 31.08
Finais - 7h de 31.08
1.09 EQUIPES MISTAS
Preliminares - 1h de 01.09
Gustavo Cunha, de Tóquio, no Japão - rededoesporte.gov.br