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Judô

28/09/2020 11h20

Bolsa Atleta

Judoca Maria Portela destaca importância de treinos na Europa na busca pela vaga em Tóquio 2021

Convidada da Live da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, ela falou sobre a sua trajetória no judô, a importância do Bolsa Atleta e o foco no pódio olímpico na que pode ser sua terceira participação nos Jogos

A judoca Maria Portela, da seleção brasileira, está em Coimbra, Portugal, há mais de 70 dias na missão organizada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) para que atletas de alto rendimento do país pudessem retomar a preparação para os Jogos de Tóquio. Convidada da Live desta quinta-feira (24.09) da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, a gaúcha, que começou na modalidade aos oito anos por meio de um projeto social, destacou a importância dos treinamentos na Europa para atingir seu grande sonho: o pódio olímpico.

Foto: Roberto Castro/rededoesporte.gov.br

"Fiquei quatro meses isolada em casa, mantendo os treinamentos pelo meu clube, o Sogipa, via plataforma digital. A missão do COB, junto com a Confederação Brasileira de Judô, foi fundamental para que voltasse a me sentir atleta, voltasse à minha rotina de treinamentos. Estamos aqui há 72 dias. É o período mais longo que fiquei longe de casa, da minha família, dos meus colegas de treino, mas é um período importante para a gente retomar a performance, para evoluir passo a passo", ressaltou Maria Portela, que estava próxima de garantir a vaga olímpica quando a pandemia se alastrou e fechou as fronteiras mundo afora.

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Judoca da seleção brasileira

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"Foi um impacto grande. Nós estávamos em plena preparação para os Jogos Olímpicos quando foi cancelada a competição na Rússia (Grand Slam de Ecaterimburgo). Eu já tinha embarcado, estava no Rio de Janeiro. Fiquei assustada, porque também não poderíamos mais treinar no clube, somente em casa, com os treinos via plataforma digital", relatou a atleta, que se prepara para sua terceira participação olímpica. "Fiquei ansiosa, até pelo fato de eu estar trabalhando para disputar minha última Olimpíada. Tenho uma expectativa grande de chegar a um pódio, então, ficou tudo confuso. Ficar em casa treinando não chegava nem próximo do que é a minha rotina de treinamento, apesar de eu me manter ativa", detalhou a judoca, bronze nos jogos Pan-Americanos de Guadalajara 2011 e Toronto 2015, na categoria até 70Kg.

Após as experiências nos Jogos de Londres 2012 e Rio 2016, ela se diz mais preparada e focada. "É importante trabalhar todas as áreas 100%, da melhor maneira. Claro, o meu objetivo, meu foco, eu acordo todos os dias com a determinação de estar no pódio nos Jogos de Tóquio. Durante todo esse período pude reformular muitas coisas na minha vida e cada vez mais tenho a certeza e a tranquilidade que vou trilhar esse caminho. Darei o meu melhor em cima do tatame para voltar com a medalha. É o meu grande objetivo, desde criança sonho com isso e, pelo fato de ter disputado duas Olimpíadas, consigo perceber algumas coisas que faltaram na primeira, que consegui completar na segunda e, mesmo assim, agora para a terceira eu sei que tem muita coisa para ser trabalhada e quero ter a tranquilidade de saber que dei o meu melhor na minha preparação".

No sábado (26.09), a judoca vai participar de uma competição amistosa em Coimbra, promovida pela CBJ. Em outubro, a previsão é de retomada do circuito mundial, com o Grand Slam de Budapeste, na Hungria. "Fiquei feliz quando soube dessa competição amistosa, que não é obrigatória. A confederação conversou com a gente, viu os atletas que estavam se sentindo bem. Eu achei uma oportunidade de ter a adrenalina da competição, colocar em prova depois de tanto tempo treinando e corrigindo detalhes. Tive um período em que pude estudar minhas adversárias e meu jogo, agora é o teste final", comentou Portela, que disputou um torneio pela última vez em fevereiro.

A expectativa fica pelo retorno para casa já neste fim de semana e a continuidade dos treinos. "A gente tem um plano de ação para quando retornar ao Brasil. Então a gente está com expectativa grande de voltar a competir, conseguir a pontuação e chegar no próximo ano bem preparada para os Jogos, que serão bem atípicos".

Suporte

De origem humilde, filha de emprega doméstica e órfã de pai desde criança, Maria Portela afirma que sem o apoio do Governo Federal e de outras instituições, ela não teria conseguido se tornar profissional. Desde 2008 recebendo a Bolsa Atleta, a judoca alcançou a categoria Pódio, a mais alta do programa de patrocínio direto aos esportistas, em 2013.

"Ser atleta não é barato, tem o custo de suplementação, a gente luta por categorias de peso, então tem que ter alimentação regrada. Quando não se tem o aporte no clube, também tem o custo com psicologia, fisioterapia e até o de uma competição que eu não esteja selecionada pela Confederação, mas que é importante para conseguir pontos e melhorar meu ranqueamento olímpico. Há várias formas para utilizar o dinheiro do Bolsa Atleta, que é uma ferramenta muito importante".

Ela começou a lutar em um projeto social em Santa Maria (RS) chamado "Mãos Dadas". Após se destacar, saiu de casa aos 16 anos e foi para Santa Catarina para desenvolver a carreira. Trabalhou como babá durante um período, o que acabou por distanciá-la dos treinos. Foi quando recebeu um convite e se mudou para São Paulo para se dedicar mais ao esporte.

"Foi onde comecei a receber a Bolsa Atleta, quando consegui ganhar algumas competições e entrei no programa. É um programa fundamental no processo de evolução da minha carreira. Eu venho de uma família humilde que não tinha condições de me sustentar fazendo judô. E se eu tivesse que trabalhar não teria como ser atleta", recorda.

Em 2011, ela recebeu uma proposta do clube Sogipa, de Porto Alegre, e voltou para o Rio Grande do Sul, mais próxima da família. Na época, não estava bem ranqueada, mas a um ano das Olimpíadas de Londres subiu da 32ª posição para a oitava no ranking mundial. "O atleta não tem uma carreira linear, tem altos e baixos. E quando está em baixa, é importante o auxílio e pessoas que acreditam no seu sonho junto contigo".

O suporte veio do clube, família e da ajuda financeira do Governo Federal. "Quanto menos a gente se preocupar com as coisas ao redor, a gente treina mais tranquila e concentrada e os resultados melhoram". Com essa tranquilidade, agora ela pode focar 100% no seu objetivo: "Estou em busca diariamente de evolução para estar no pódio olímpico e finalmente realizar meu grande sonho, a dedicação de uma vida inteira".

Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania