Judô
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Judô conquista três pratas no último dia de competições no Rio
O número de participações em Paralimpíadas é o mesmo de medalhas para o judoca brasileiro Antônio Tenório, de 45 anos. Desde os Jogos de Atlanta-1996 o veterano não sabe o que é ficar fora do pódio. São quatro quatro medalhas de ouro, conquistadas consecutivamente em Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004 e Pequim 2008, além de um bronze em Londres-2012 e, agora, uma prata no Rio.
Neste sábado, o judô teve o último dia de disputas na Arena Carioca 3 e, além de Tenório, outros dois atletas brasileiros garantiram a medalha de prata: a paulista Alana Maldonado, na categoria até 70kg, e o carioca Wilians Araujo, na categoria acima de 100kg. No dia anterior, Lúcia Teixeira havia conquistado outra prata na categoria até 57kg.
Em um ginásio lotado, a torcida se revezava entre as famosas “olas” e o grito de incentivo para os brasileiros. A jovem Alana Maldonado, de 21 anos, foi a primeira do trio finalista a lutar na final, diante da mexicana Lênia Fabíola Alvarez, que conseguiu levar a medalha de ouro vencendo por dois waza-aris.
“Logo que perdi a luta eu até fiquei chateada, mas agora digo que foi fantástico. Tenho 21 anos e apenas um ano e meio de seleção e já consegui fazer uma final paralímpica. Claro que sonhei com o ouro, porque me dediquei 100%, mas estou feliz com a prata e vou continuar evoluindo para o Mundial e as Paralimpíadas de Tóquio, em 2020”, disse a atleta após a cerimônia de premiação.
O alto volume vindo das arquibancadas não poderia anunciar outra coisa a não ser a entrada de uma lenda. Pela sexta vez consecutiva, Antônio Tenório, aos 45 anos, estava garantido no pódio na categoria até 100kg. O atleta paulista, de São José do Rio Preto, enfrentou justamente o campeão dos Jogos Paralímpicos de Londres 2012, o sul-coreano Gwang Choi, que desta vez venceu por ippon. “Eu vim buscar um pódio, não importava a cor da medalha. Sei que Deus preparou o melhor para mim”.
Apesar da alegria, Tenório desabafou. Disse que no início do ano passou por dificuldades profissionais que fizeram com que ele se sentisse desconfortável. “Quando ganhei a prata já me senti realizado porque cheguei desacreditado por algumas pessoas e agora estou levando mais um prêmio para casa e lavando a alma. Acho que essa medalha me credencia para Tóquio 2020”, comenta o judoca, descartando uma aposentadoria imediata.
“Vou treinar para disputar o Mundial em 2018 e depois sentarei com a minha equipe para avaliar se vou até Tóquio. Se tiver condições de representar meu país bem, por que não?"
Antônio Tenório
“Vou treinar para disputar o Mundial em 2018 e depois sentarei com a minha equipe para avaliar se vou até Tóquio. Se tiver condições de representar meu país bem, por que não? Essa prata me credencia para continuar e escolher o momento que vou parar”, acrescentou. “Você pode estar com 50, 60, 70 anos, se estiver no seu sangue competir, você vai querer sempre ganhar”.
Hambúrguer e refrigerante
Representante feminina entre os finalistas, Alana Maldonado (21) não conseguiu a medalha de ouro, mas certamente conquistou o coração das centenas de torcedores que estavam na Arena Carioca 3. Simpática e bela, a jovem que compete na classe B2 (percepção de vultos com capacidade de reconhecer formas) nasceu com a doença de Stargardt, que provoca a perda da visão progressivamente. “Nasci com a doença, mas ela só se manifestou quando eu tinha 14 anos. Até então eu fazia tudo sozinha. Conseguia ler livros, estudar, me deslocar. Em questão de um ano perdi 90% da visão”, explica Alana, após perder o ouro para a mexicana Lênia Fabíola Alvarez, atleta bem mais experiente em grandes eventos.
A brasileira começou a praticar judô aos quatro anos por influência da avó, mas só conheceu a modalidade paralímpica há cerca de um ano e meio, quando entrou na faculdade. “Estou feliz por poder participar da minha primeira Paralimpíada em tão pouco tempo de judô. Agora vou continuar evoluindo para o Mundial e me preparar melhor para os Jogos de Tóquio”, disse a judoca, que trancou o curso de educação física para se dedicar integralmente aos treinos.
O projeto pós-prata de Alana é aproveitar alguns dias de descanso na praia, visitar parte da família no sul do País e retomar a preparação para o mundial de 2018. “Tóquio é só em 2020, mas o tempo passa rápido. A gente já tem o mundial em 2018, então não pode deixar o ritmo cair, pois quero chegar muito melhor”, diz a atleta, que mora em Tupã, interior de São Paulo, e gosta de reunir os amigos no tempo livre para tomar tereré.
Alana finaliza revelando um segredinho: “Também gosto de sair para comer lanche ou pizza. Normalmente tenho que seguir minha dieta de treinamento, mas uma vez na semana tem o ‘dia do lixo’, aí eu posso fazer essas extravagâncias”, sorri. “Estou há nove meses sem tomar refrigerante porque fiz um propósito para conseguir uma medalha no Rio 2016. A minha intenção deu certo e saindo daqui vou correndo para a lanchonete comer um hambúrguer duplo e tomar um refri bem grande”.
Dois segundos
O peso-pesado Wilians Araujo foi o terceiro finalista do dia, ao vencer por ippon o iraquiano Garrah Albdoor na estreia e depois, na semifinal, conseguir mais um ippon no cubano Yangaliny Jimenez em revanche do Parapan de 2015. Mas, em apenas dois segundos, o brasileiro deixou escapar o ouro ao ser derrotado por ippon pelo uzbeque Adiljan Tuledibaev.
“Não tem como esquecer essa final. Tenho que aprender. O que sei é que essa medalha vai me dar mais confiança para ganhar combustível para, quem sabe, buscar o ouro em 2020. É uma possibilidade”, disse Wilians.
Valéria Barbarotto, brasil2016.gov.br