Atletismo
Lima 2019
Jovem e já favorito, Alison dos Santos conquista o ouro nos 400m com barreira
Alison dos Santos, de 19 anos, entrou no estádio de La Videna disposto a fazer a prova de sua vida nesta quinta-feira (8.08). Dez barreiras e 48s45 depois, o paulista havia cumprido a promessa. Cravou a melhor marca de sua carreira, garantiu a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima e virou o dono da quarta melhor marca do mundo na temporada nos 400m com barreira. O corredor recebe o apoio financeiro do programa Bolsa Atleta da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania.
Com 1,98m de altura, 1,12m só de perna, e apenas 19 anos, Alison é uma das grandes promessas brasileiras no atletismo. Recordista sul-americano sub-20, o tempo desta quinta ratifica o índice para disputar o Mundial de Doha 2019, em setembro. A medalha de prata dos 400m com barreiras ficou com o norte-americano Amare Lattin, com 48s98, e o bronze com o jamaicano Kemar Mowatt: 49s09.
“Estou muito feliz. A única palavra que tenho a dizer sobre isso é felicidade. Felicidade de saber que o trabalho que venho desenvolvendo junto ao meu treinador está dando certo"
Alison dos Santos, ouro nos 400m com barreira
“Estou muito feliz. A única palavra que tenho a dizer sobre isso é felicidade. Felicidade de saber que o trabalho que venho desenvolvendo junto ao meu treinador está dando certo. A cada corrida é uma surpresa e um recorde. Tenho que tentar manter o padrão, cada vez melhorando mais até o Mundial de Doha, para chegar lá melhor para o Brasil”, disse Alison.
Na última curva dos 400m, Alison disputava o primeiro lugar contra Juander Aquino, da República Dominicana, mas o adversário tropeçou na última barreira e caiu, deixando o caminho livre para o brasileiro. “Na hora da prova eu não vi que ele tinha caído. Percebi que ele tinha batido na barreira, mas não vi se tinha caído porque eu já tinha passado. Em toda prova a gente não quer que ninguém caia ou se acidente. Queremos o melhor para todo mundo. Fiquei triste com a queda, pois ele poderia fazer um bom resultado também”.
Segundo Alison, a medalha de ouro em sua estreia em Jogos Pan-Americanos coroa a constante evolução dele no cenário internacional. “Destaco a constância de estar correndo sempre perto ou superando o meu melhor. Isso me traz confiança para chegar no Mundial de forma competitiva contra os outros atletas, sem baixar a cabeça para ninguém. Somos todos iguais ali", finalizou o atleta, que vem de um ouro conquistado na Universíade, no início de julho, em Nápoles, na Itália.
Recorde no feminino
Outro destaque nacional nesta quinta-feira (8.08) foi a velocista Vitória Rosa. A carioca de 23 anos cruzou a linha de chegada um centésimo abaixo de sua melhor marca nos 200m. Com 22s72, garantiu vaga na final com o melhor tempo, à frente inclusive da jamaicana Shelly-Ann Fraser-Pryce, bicampeã olímpica e tricampeã mundial nos 100m.
O tempo de Vitoria ratifica o índice para representar o país nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. “Eu sou o tipo de pessoa que quer sempre mais. Estou mega feliz com o resultado, porque bati o meu recorde pessoal, que era de 22s73 e fiz 22s72. Estou mega feliz com essa marca”, comemorou.
Vitória Rosa já tem uma medalha nos Jogos Pan-Americanos de Lima. Na quarta-feira (7), a velocista foi bronze nos 100m rasos. “Eu tive que correr e dar o meu melhor na semifinal. Eu quase zerei a minha vida, amanhã vou dar o meu melhor novamente. Amanhã vou com tudo para cima delas”, projetou.
Estreia de um ex-cortador de cana
Na prova dos 1.500m, o ex-cortador de cana Carlos Santos teve a experiência de representar o Brasil pela primeira vez em uma competição continental. Ele terminou a prova em sexto lugar, com o tempo de 3min44s47. A prova foi vencida pelo mexicano Fernando Daniel, com 3min39s93. A prata foi para o norte-americano John Gregorek, com 3min40s42, e o bronze ficou com William David: 3min41s42.
“Foi uma prova dura e difícil. Os atletas saíram no ritmo e avançaram no pelotão e eu não consegui ir junto. É meu primeiro Pan. Considero uma vitória só o fato de representar o Brasil. Há cinco anos eu era cortador de cana e hoje estou participando de uma competição desse tamanho”, celebrou.
Carlos largou as lavouras de cana e atualmente vive exclusivamente do esporte. Ele recebe o auxílio financeiro do programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. Vive do atletismo e se dedica exclusivamente aos treinamentos e à evolução esportiva.
Carlos começou a correr inspirado pelo irmão Alexandre. Ele incentivava o baiano de Guanambi a se dedicar à corrida de rua. “Ele enxergava um potencial em mim. Sempre acreditou que eu poderia estar entre os melhores. Por outro lado, eu não acreditava. Chegou em 2011, eu estava trabalhando no corte e participei da minha primeira competição e ganhei. Foi quando tudo começou”, relembra.
“De lá para cá peguei gosto e comecei a treinar. Quando foi em 2014, deixei o corte de cana e comecei a praticar só a corrida. Provas de meio fundo comecei em 2016 e de lá para cá venho me mantendo entre o melhores do Brasil”, recorda.
Salto em altura
Valdileia Martins terminou a prova do salto em altura em quinto. Ela não conseguiu passar de 1,87m nas três tentativas. A medalha de ouro ficou com Levern Donaline, de Santa Lucia, com 1,90m, seguida por Priscila Frederick, de Antígua e Barbuda, também com 1.90m. A jamaicana Asheki Kimberly fechou o pódio com 1,87m.
“Não gostei do meu resultado aqui, porque estou treinando bem e cheguei a Lima em condições de brigar pelo pódio. Em treinos, saltei 1,88m antes de chegar nos Jogos Pan-Americanos. Na competição não saiu o salto, porque a minha corrida não estava como nos treinos”, analisou. O próximo passo da brasileira é treinar para o Troféu Brasil, onde vai tentar índice para o Mundial. Para isso, precisa saltar 1,94m.
Lançamento de martelo
Não deu também para o Brasil na prova de lançamento de martelo. Allan Wolski, de 29 anos, encerrou a participação nos Jogos Pan-Americanos em sexto lugar, ao arremessar 73,25m. O título ficou com o chileno Gabriel Enrique, com 74,98m, seguido pelo compatriota Humberto Fernan, com 74,38m. O bronze ficou com o norte-americano Sean Donnelly, com 74,23m.
“Hoje foi decepcionante. Eu acordei só no último lançamento, infelizmente. Errei muito a parte técnica, puxando muito o martelo e usando força demais. Isso acabou me atrapalhando nos lançamentos. Dei uma relaxada no último lançamento e consegui encaixar uma boa marca e deu um 73,28m. Foi a minha melhor marca aqui”, analisou.
“Nos treinos eu faço marcas melhores. Se tivesse só transferido as marcas dos treinos já teria conquistado uma medalha tranquilo, porque estava lançando acima de 75m”, acrescentou. Segundo o atleta, o próximo passo é garantir o índice para representar o país no Mundial de Atletismo, que será disputado em setembro, no Catar. Allan precisa lançar a marca de 76m para representar o país na competição.
Salto com vara
No salto com vara, a brasileira Juliana Campos terminou a prova em oitavo lugar, com a marca de 4,10m. A medalha de ouro ficou com a cubana Yarisley Silva, grande adversária da ex-atleta brasileira Fabiana Murer. Yarisley conquistou o terceiro título pan-americano consecutivo, ao saltar 4,75m. A prata ficou com a norte-americana Kathryn Nageotte, com 4,70m. A canadense Alysha Eveline ficou em terceiro, com parar na marca de 4,55m.
Breno Barros, de Lima, no Peru - rededoesporte.gov.br