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Atletismo

27/08/2019 00h45

LIMA 2019

Joana Neves é ouro na natação e dedica a medalha ao pai, falecido no ano passado

Jurandir Moisés era o torcedor número 1 da nadadora potiguar. Nesta segunda-feira (26.08), a brasileira disse que sentiu a presença dele no pódio

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A nadadora potiguar Joana Neves, de 32 anos, chegou nesta segunda-feira (26.08), em Lima, a uma marca emblemática na carreira. A vitória na prova dos 50m livre na classe S5 rendeu à brasileira o décimo ouro em Jogos Parapan-Americanos. Muito emocionada, Joana afirmou que não estava acompanhada no pódio apenas das companheiras de prova, a brasileira Patrícia Pereira, prata; e a medalhista de bronze argentina, Ana Noriega. Junto dela estavam lembranças do pai, Jurandir Moisés, que ela perdeu no ano passado, aos 60 anos, e a quem dedicou o ouro no Parapan.

“Meu pai era o meu fã número 1 e hoje passou um filme na minha cabeça, porque a primeira pessoa com quem eu falaria seria ele. Agora não posso mais. No pódio, eu o senti comigo e falei: ‘Pai, essa é para o senhor’. As lágrimas vieram e às vezes não consigo controlar”, disse, emocionada.

Joana Neves com a décima medalha de ouro que conquistou na história dos Parapans. Foto: Alê Cabral/CPB

“A saudade é grande, mas esse era um sonho dele e é um sonho meu que realizei. Ele infartou nos meus braços e a dor maior é essa, de ele ter me chamado para se despedir de mim. São momentos que a gente tem que viver, mas tem que aprender também”, prosseguiu a nadadora, que falou ainda sobre o simbolismo de ter chegado ao décimo ouro em Jogos Parapan-Americanos. “Este ano estou procurando evoluir mais. É meu terceiro Parapan, tenho agora dez ouros, e para mim é muito satisfatório poder mostrar que o trabalho que estou fazendo está dando resultados”, afirmou.

“Meu pai era o meu fã número 1 e hoje passou um filme na minha cabeça, porque a primeira pessoa com quem eu falaria seria ele. Agora não posso mais. No pódio, eu o senti comigo e falei: ‘Pai, essa é para o senhor’
Joana Neves

O sarrafo dos 100 ouros

Terminar os Jogos Parapan-Americanos no topo do quadro de medalha não é mais um sonho que o Brasil planeja realizar. Depois de ter protagonizado o feito nas edições do Rio 2007, Guadalajara 2011 e Toronto 2015, o sarrafo do objetivo brasileiro em Lima subiu de patamar. Mais do que manter a hegemonia, o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado, deixou o Brasil com uma meta audaciosa: pelo menos repetir as 100 medalhas de ouro em uma única edição do megaevento continental, conquistadas em Toronto, 2015.

A natação brasileira fechou o segundo de seus sete dias de provas em Lima como um dos pilares fundamentais da meta centenária do CPB no Peru. Nesta segunda-feira, os nadadores do país conquistaram 15 medalhas: cinco de ouro, sete de prata e três de bronze.

Os títulos parapan-americanos vieram com Phelipe Rodrigues, nos 200m medley S10; Ruiter Silva, nos 50m livre S9; Daniel Dias, nos 50m livre S5; Joana Neves, nos 50m livre S5 e Matheus Rheine, nos 200m livre S14. “A gente fica feliz com o desempenho do Brasil. Até nós, atletas, perdemos as contas e olha que a gente recebe um jornal do dia a dia e das conquistas. Mas quando você está lendo, cedo ainda, os brasileiros já ganharam mais duas, três, quatro... E dessa maneira vai somando”, afirmou Daniel Dias.

“Eu acho que essa é uma meta que é possível de alcançar, as 100 medalhas de ouro. Sabemos das dificuldades e fico feliz por estar contribuindo. Acho que a natação está ajudando muito bem. Hoje tivemos grandes conquistas. Nos 50m livre S9, por exemplo, tivemos os três brasileiros no pódio. Isso mostra o nível da natação brasileira”, ressaltou o multimedalhista paralímpico, referindo-se ao domínio na prova, que teve, além de Ruiter com o ouro, João Drumond Olivia com a prata e Vanilton Nascimento com o bronze.

“Creio que o Brasil consegue, sim, fazer essa somatória de medalhas que eles colocaram como meta. Se eles estipularam é porque acreditam no potencial dos atletas. A gente está dando a contribuição e fazendo com que os resultados venham”, reforçou Joana Neves.

O Brasil encerrou a segunda-feira na liderança do quadro de medalhas, com 121 pódios: 41 ouros, 39 pratas e 41 bronzes. Os Estados Unidos aparecem em segundo, com 80 medalhas: 31 ouros, 24 pratas e 25 bronzes. O México ocupa a terceira colocação, com 72 medalhas: 27 de ouro, 24 de prata e 21 de bronze.

Infográfico - Jogos Parapan-Americanos Lima 2019

Luiz Roberto Magalhães, de Lima, no Peru – rededoesporte.gov.br