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Natacao paralímpica

13/09/2019 16h36

Natação Paralímpica

Estreante em mundiais, Maria Carolina Santiago vence os 100m livre e unifica títulos das provas de velocidade em Londres

Brasileira que adotou o esporte paralímpico há pouco mais de um ano já havia vencido os 50m livre para atletas com baixa visão, além de ter sido prata nos 100m costas

O roteiro foi bem parecido com o dos 50m livre, disputado na quarta-feira. A pernambucana Maria Carolina Santiago, de 34 anos, chegou aos metros finais dos 100m livre na Classe S12 numa disputa intensa com a russa Anna Krivshina. Cansada por ter forçado demais nos primeiros 50 metros, a brasileira reduziu o ritmo de braçadas e pernadas, viu a adversária na raia cinco se aproximar e sabia que tinha de inventar algo coisa para não ver o ouro no Mundial de Londres escapar na categoria voltada para atletas com baixa visão.

Maria Carolina com o segundo ouro conquistado em Londres: a mais rápida nos 50m e nos 100m livre. Foto: Alê Cabral/CPB

"Ela é uma excelente nadadora. Todas as que estão aqui estão bem preparadas para dar o melhor. Sempre é perto. Qualquer erro ali custaria o ouro. Graças a Deus acertei tudo", comentou a brasileira, que venceu com o tempo de 59s66. Krivishna chegou 15 centésimos atrás. O bronze foi para a americana Rebecca Meyers (1min00s72). A paraense Lucilene Sousa concluiu em sexto, com 1min01s89. 

"Eu realmente me senti muito cansada no fim. Quando chegou no meio da volta percebi que a frequência tinha diminuído, que a pernada tinha ficado presa. Precisei diminuir a amplitude de braçada e dar tudo que sobrou para bater na borda primeiro", celebrou a brasileira, que há menos de um ano passou a competir no esporte paralímpico. Antes, disputava provas da natação convencional. 

"Quando cheguei no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro para me aprimorar, a minha virada era muito ruim. O trabalho fez muita diferença. Treinei bastante isso e a relação com o tapper. Não conseguiria sem isso. Treinamos muito para ajustar o tempo certo, para que saia exatamente do jeito que saiu aqui"
Maria Carolina Santiago

A mudança recente exigiu, por exemplo, uma série de adaptações para Maria Carolina. Na classe para deficientes visuais, há uma parceria intensa com um profissional da equipe que fica fora da piscina, com um objeto na mão chamado tapper. Trata-se de uma haste com uma bola de borracha leve na ponta que serve para tocar a cabeça do atleta poucos metros antes de ele chegar à borda, para avisá-lo da necessidade de fazer a virada ou posicionar os braços para a chegada.

"Quando cheguei no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro para me aprimorar, a minha virada era muito, muito ruim. O trabalho fez toda a diferença. Treinei bastante isso e a relação com o tapper. Não conseguiria uma performance dessa sem esse auxílio. Treinamos muito para ajustar o tempo certo, para que saísse exatamente do jeito que saiu aqui", disse a atleta, que também tem uma prata nos 100 metros costas, sempre na categoria S12. O ouro nessa prova ficou exatamente com a russa Anna Krivshina, num indício de que a disputa entre as duas será intensa nos próximos anos. 

Para o coach Alex Pussieldi, comentarista de natação, a evolução de Maria Carolina desde que adotou o alto rendimento paralímpico é impressionante. "Com um ano de natação paralímpica ela já é campeã mundial de duas provas. Pode anotar e me cobrar. Com mais um ano de preparação ela vem com tudo para os Jogos de Tóquio", afirmou o coach, durante a transmissão do canal Sportv.

A pernambucana de 34 anos nasceu com a síndrome de Morning Glory, alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão. Carol competiu em provas de natação com atletas sem deficiência até o fim de 2018, quando migrou para o esporte paralímpico. É seu primeiro Mundial. Há pouco mais de 10 dias, ela também estreou em Parapans. Nos Jogos de Lima 2019, nadou em cinco provas e conquistou quatro ouros continentais. "Com mais experiência e bagagem, vai ser o nome a ser batido no Japão", completou o ex-nadador Clodoaldo Silva, numa referência aos Jogos Paralímpicos de 2020.

Outros resultados

Mais dois brasileiros subiram ao pódio nesta sexta-feira. A potiguar Cecília Araújo obteve a prata nos 50m livre da classe S8 e o brasiliense Wendell Belarmino fechou a conta brasileira do dia com o bronze nos 100m livre S11. Com os resultados, o Brasil soma 13 medalhas após cinco dias de competição, cinco delas de ouro, quatro de prata e quatro de bronze. 

O Mundial de Natação Paralímpica reúne mais de 650 atletas de 80 países desde a última segunda-feira, 9.09, em Londres. A seleção brasileira é representada por 27 atletas. Desse grupo, 25 nadadores estiveram Parapan de Lima. Na capital peruana, a modalidade contou com 40 nadadores brasileiros, que conquistaram 127 medalhas, sendo 53 ouros, 45 pratas e 29 bronzes. A natação foi o esporte que mais contribuiu para a performance histórica do Brasil no megaevento continental.

Resultados dos brasileiros nesta sexta-feira, 13:
50m livre (S8): Gabriel Cristiano - 4º lugar
50m livre (S8): Cecília Araújo - Prata
50m livre (S6): Laila Suzigan - 6º lugar
100m livre (S12): Maria Carolina Santiago - Ouro e Lucilene Sousa - 6º lugar
100m livre (S11): Wendell Belarmino - Prata e Matheus Rheine - 4º lugar

Programação das eliminatórias deste sábado, 14:
150m medley (SM3): Bruno Becker
50m costas (S5): Daniel Dias
200m medley (SM14): Beatriz Carneiro, Débora Carneiro e Ana Karolina Soares
100m livre (S7): Italo Pereira
50m borboleta (S6): Talisson Glock
50m borboleta (S6): Laila Suzigan
50m livre (S3): Bruno Becker
Revezamento 4 x 100m livre S11-13 (deficientes visuais)

Gustavo Cunha - rededoesporte.gov.br