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04/02/2022 09h55

Pequim 2022

Entrevista: a um mês dos Jogos Paralímpicos, Cristian Ribera se diz confiante

Prata no Mundial disputado em janeiro, atleta de 19 anos foi o sexto colocado nos Jogos de 2018, melhor resultado da história do Brasil em megaeventos de inverno

O rondoniense Cristian Ribera, de 19 anos, do esqui cross-country, é um dos seis brasileiros convocados para os Jogos Paralímpicos de Inverno Pequim 2022, que começam em 4 de março. A um mês da competição, o atleta concedeu uma entrevista em que relata como tem se preparado para a competição e que chegará confiante à capital chinesa após conquistar a prata na prova rápida (sprint) do Mundial de Lillehammer, na Noruega, no último dia 22 de janeiro.

Além disso, o jovem comentou sobre a relação com a sua irmã Eduarda Ribera, 17 anos, mais conhecida como Duda, que será uma das representantes do Brasil nos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022, também no esqui cross-country. Ela foi convocada após Bruna Moura sofrer um acidente e ser cortada do evento. Duda vai competir nos próximos dias 10 e 12 de fevereiro.
"Quando estamos em período de competição, falamos bastante sobre o que temos que focar, nossas estratégias e como atingir nosso objetivo. Estamos sempre nos motivando demais, um ao outro", disse o atleta.

Cristian nasceu em Cerejeiras (RO). Ele tem artrogripose, doença congênita nas articulações das extremidades, e começou no esporte com 13 anos. Aos 15, foi o atleta mais jovem a participar dos Jogos Paralímpicos de Inverno, em PyeongChang 2018. Naquela competição, ficou em sexto lugar, o melhor resultado já alcançado pelo Brasil na história dos megaeventos de inverno.

Cristian durante os Jogos de Pyeongchang, em 2018, na Coreia do Sul. Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB

ENTREVISTA

Como você descobriu o esqui cross-country?
Em setembro de 2015, profissionais do PEAMA, clube onde eu já estava começando a treinar para competir no atletismo e na natação, falaram-me sobre uma oficina de esqui, esporte de neve. À época, achei até meio engraçado. Eu pensei ‘Como a gente vai esquiar sem neve?’. Mas como bom curioso, fui e me identifiquei com a modalidade. É um esporte que exige muito equilíbrio, força, coragem e, também, técnica. Como eu já andava - e ainda ando - de skate, tive uma facilidade maior.

Depois da prata no Mundial, fiquei muito feliz e confiante de que posso fazer boas provas nos Jogos. O nível vai ser muito alto. Cada detalhe importa. Não tenho certeza de que subirei ao pódio em Pequim, mas vou brigar e me entregar até o fim. Pode ter certeza!"

Como será sua rotina de treinos até Pequim?
Agora, próximo aos Jogos, normalmente, treinamos dois períodos todos os dias da semana. Vamos ficar na Itália até o dia 24 de fevereiro, dia em que iremos para Pequim. Em relação aos treinos "fora da neve", é diferente. Além de ter esse "pequeno detalhe" de não ter neve [risos], treinamos com um esqui com rodas. Ele nos possibilita treinar no asfalto e simula bem a técnica que a gente faz na neve. No entanto, para as curvas, leva um tempinho para se acostumar com as mudanças.

Tem outras adaptações necessárias?
Além da adaptação do equipamento, nossa principal preocupação é com as roupas. Se usamos muito, dá calor. Se usarmos pouca, passamos muito frio. Então, temos de achar esse meio termo.

Conte como é a relação com a sua irmã, que vai representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Inverno.
Como moramos juntos, estamos sempre perto um do outro. Às vezes ela é difícil [risos], mas na maior parte do tempo a gente se dá bem e estamos sempre rindo. Estou super hiper mega animado com ela estar nos Jogos Olímpicos. Claro, não são as melhores circunstâncias, mas sei o quanto ela trabalhou e se empenhou. Agora que ela ganhou a oportunidade de ir, sei que vai fazer tudo que puder para nos representar muito bem.

Conseguem falar sobre outras coisas que não seja sobre o esqui cross-country?
Quando estamos em período de competição, falamos bastante sobre o que temos que focar, nossas estratégias e como atingir nosso objetivo. Estamos sempre nos motivando demais um ao outro. No entanto, na maior parte do tempo, conseguimos "desconectar", sim. Gostamos muito de ver Fórmula 1 e jogamos bastante videogame juntos também. Ela diz que é a melhor de casa, mas é tudo mentira [risos]. Fora que estamos sempre mandando memes um ao outro. Eu a amo muito!

O que representou essa prata no Mundial?
Foi sensacional. Sabia que eu estava rápido, mas confesso que me surpreendi com o resultado. Na qualificatória, consegui chegar em primeiro. Depois, na semifinal, consegui cruzar a linha em primeiro também, com uma distância considerável, inclusive. Na final, foi simplesmente incrível: na reta final, estava em quarto lugar e consegui ultrapassar os dois que estavam à minha frente, conquistando a prata.

Isso representa que pode brigar por medalha nos Jogos Paralímpicos de Inverno ou é bem diferente?
Depois da prata, fiquei muito feliz e confiante de que posso fazer boas provas nos Jogos. O nível, assim como foi no Mundial, vai ser muito alto. Cada detalhe importa. Não tenho certeza de que subirei ao pódio em Pequim, mas vou brigar e me entregar até o fim de todas as provas. Pode ter certeza!

Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB)