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Atletismo

20/08/2019 18h34

Lima 2019

Em Lima, Yohansson Nascimento é o veterano com espírito de estreante em Parapan

Velocista alagoano, dono de oito medalhas no megaevento continental, disputará apenas a prova dos 100m e quer ampliar sua coleção de pódios

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Aos 31 anos, o velocista Yohansson Nascimento é uma das referências do atletismo paralímpico brasileiro. Em Lima, o alagoano, de 31 anos, competirá pela quarta vez nos Jogos Parapan-Americanos, mas, apesar da experiência e dos oito pódios conquistados desde a edição do Rio 2007, ele se comporta como se fosse um estreante. Assim, o atleta fala com emoção sobre o que sente ao defender o Brasil no megaevento continental.

"É bem bacana. Muita gente pode pensar que, porque é meu quarto Parapan-Americano, porque já estive em cinco Mundiais e três Paralimpíadas, isso se tornou algo comum. Mas eu vejo cada competição como um capítulo que eu estou escrevendo da minha histórica. Então, já fico na expectativa deles anunciarem o nome do Brasil, de entrar na cerimônia de abertura com a delegação inteira cantando 'Eu sou brasileiro...'. É um momento de arrepiar e de muito orgulho", diz o atleta da classe T46.

“Tenho certeza de que existem muitos atletas que queriam estar aqui no nosso lugar e de que há várias pessoas no Brasil que estão se orgulhando do que a gente está fazendo, de ver o Brasil no lugar mais alto do pódio e de escutar o Hino Nacional. É um momento bem gratificante na carreira de um atleta poder fazer isso: representar tantos milhões de brasileiros e representar bem, ganhando medalhas”, prossegue Yohansson.

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Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB

Em Lima, o Brasil terá 60 atletas no time que competirá no atletismo. Serão 35 homens e 25 mulheres, preenchendo, assim, o limite de inscrições do Parapan para a modalidade. No total, o Brasil contará com uma delegação de 512 pessoas, entre atletas, técnicos e outros membros das comissões técnicas e demais profissionais no Peru, o maior time já enviado pelo país para um Parapan. Ao todo, a delegação possuiu 337 atletas, incluindo atletas-guias, calheiros, goleiros e pilotos, que não possuem deficiência. 

“Chego aqui extremamente confiante por saber que temos a maior equipe de todos os tempos. E não em termos de quantidade apenas. É a maior e a melhor. Tenho certeza de que toda a equipe está qualificada e aposto minhas fichas que no atletismo nós viemos com 60 atletas e acredito que temos 99% de chance de todos eles voltarem para casa com pelo menos uma medalha no peito”, diz Yohansson, que competirá em apenas uma prova em Lima. 

“Falando especificamente da minha prova, já que eu só vou correr os 100 metros, também estou confiante. Eu já conquistei oito medalhas ao longo dos meus Parapan-Americanos e correr só os 100 metros aqui foi uma questão mais tática, para disputar uma prova mais garantida. Espero que eu faça uma boa prova e aumente minha quantidade de medalhas em Parapan-Americanos. Quero voltar para o Brasil com essa medalha e poder oferecê-la ao meu filhão, que hoje está fazendo 10 meses”, diz, sorrindo.

Legado para novas gerações

Ouro nos 200m e prata nos 400m nas Paralimpíadas de Londres 2012 e bronze nos 100m e prata no revezamento 4 x 100m nas Paralimpíadas do Rio 2016, Yohansson reconhece que a força do atual time de atletismo do Brasil está ligada ao legado deixado pelas Olimpíadas e Paralimpíadas realizadas no Brasil há três anos. “Um dos frutos de todo esse legado é que temos hoje a maior e a melhor delegação de nossa história. Não foi só trazer muitos atletas para dizer que temos a maior delegação de todos os tempos. Tem muitos atletas novos. Dos 60 atletas, eu acredito que não temos nem 15% de atletas que estavam em 2007, no Parapan do Rio comigo, falando especificamente do atletismo”, ressalta o velocista. 

“Então, a renovação é muito grande e isso é muito importante. Quero que atletas ganhem medalhas aqui e no próximo Parapan, que vai ser no Chile, em 2023. Mais que isso, quero que a época de grandes vitórias continue, que siga por 10, 20, 30 anos. Um dos frutos que a gente está colhendo do CT Paralímpico lá em São Paulo é justamente isso: essa renovação dos atletas”, aponta. 

A mesma opinião ele tem sobre o papel dos investimentos federais no esporte paralímpico, como o Bolsa Atleta, a Bolsa Pódio e a Lei de Incentivo ao Esporte. “É fundamental e importantíssimo. Tenho certeza de que todo esse investimento que está sendo feito tem seus frutos e eles estão sendo colhidos. Temos como recompensa o fato de incentivar uma nova geração a praticar esporte, de tirar muitas pessoas da comodidade do dia a dia e de mostrar que o deficiente físico pode ser um atleta paralímpico, pode almejar muitas coisas além de ficar em casa. Acho fundamental que o governo continue com esses incentivos para os próximos ciclos”, frisa o campeão paralímpico. 

Favoritos

Parte do time do atletismo nacional treinou nesta terça-feira (20.08) no Estádio de Atletismo da Villa Desportiva Nacional (Videna), o coração dos Jogos Parapan-Americanos de Lima, que abrigará também as competições da natação, do ciclismo de pista, do basquete em cadeira de rodas, do judô, do halterofilismo, do parabadminton e do tênis de mesa. 

Para Amaury Veríssimo, head coach do time de atletismo, o Brasil desembarcou em Lima para brigar pelas três primeiras colocações no quadro geral de medalhas na modalidade. “Como um todo, a gente espera estar entres as três melhores equipe. Mas é lógico que a ideia é sempre brigar pelo primeiro lugar. Baseamos a convocação no ranking pan-americano. No masculino vieram o primeiro e o segundo lugares no ranking. Então as expectativas de medalhas são grandes. No feminino, chegamos até as terceiras colocadas. Mas tivemos muitos terceiras colocadas que não vieram porque preenchemos o número de 25 vagas do Parapan”, explica. 

Aos 24 anos, a paranaense Lorena Spoladore, da classe T11, disputa seu segundo Parapan-Americano. Bronze em Toronto 2015 no salto em distância e prata no revezamento 4 x 100m e bronze no salto em distância nas Paralimpíadas do Rio 2016, ela conta que, depois de um ano complicado em 2018, resolveu apostar nas provas de velocidade nesta temporada e que, superada uma grave lesão, quer brilhar em Lima. 

“Este ano é muito satisfatório para mim. Ano passado eu tive uma lesão muito séria, me recuperei e voltei bem melhor do que antes da lesão. Eu digo que é um ano de lavar a alma”, frisa Lorena, referindo-se ao problema que teve na coxa direita e que a afastou das competições por oito meses. 

“A expectativa é do ouro e está possível, não é um sonho. É uma meta palpável. Estou mudando de prova. Em 2015, eu competi apenas no salto em distância e este ano eu migrei para as provas de pista, nos 100m e nos 200m, e vamos brigar pelos ouros”, diz. 

A mesma expectativa de bons resultados tem o estreante no Parapan Fabrício Júnior, 21 anos, que disputará as provas dos 400m e 100m na classe T12. “Estou bem emocionado e até com um pouco de nervosismo, porque vai ser a primeira vez que eu vou entrar com toda a delegação em um estádio. Vou ficar bastante empolgado e já estou com aquele friozinho na barriga. Para a competição, as expectativas são as melhores possíveis. Estou evoluindo e meu objetivo é sair daqui com meu melhor tempo nos 100m. Também quero melhorar meu desempenho nos 400m e, quem sabe, eu não consigo levar uma medalha de ouro para casa?”. 

Infográfico - Jogos Parapan-Americanos Lima 2019

Luiz Roberto Magalhães e Breno Barros, de Lima, no Peru – rededoesporte.gov.br