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Jogos Paralímpicos de Inverno
"Da Vinci" da neve esculpe o primeiro ouro paralímpico do Cazaquistão nos Jogos de Inverno
A neve é ferramenta de trabalho para quase todos os atletas dos Jogos Paralímpicos de Inverno, mas ninguém simboliza isso com tanta precisão quanto Alexandr Kolyadin, do Cazaquistão. Quando não está em competições internacionais, o atleta de 45 anos dedica grande parte do seu tempo a esculpir esculturas de neve. Semanas antes de viajar para a sua segunda participação em Jogos Paralímpicos, ele estava transformando uma montanha de gelo em um trem vintage para uma amostra em sua cidade de 15 mil habitantes na região de Kostanay.
"Eles ficam surpresos com o meu senso de neve, porque explico a eles de forma simples como a neve reduz ou não a velocidade dos esquis, como adere ou desliza mais"
Alexandr Kolyadin
O serviço rendeu benefícios na Coreia do Sul. Sua intimidade com a neve ajuda o atleta nos percursos de esqui, onde ele deixa até os mais experientes em sua cidade fazendo anotações de dicas. "Eles ficam surpresos com o meu senso, porque explico a eles de forma simples como a neve reduz ou não a velocidade dos esquis, como adere ou desliza mais", afirma.
Ensinamentos que ele aplicou com propriedade em PyeongChang. Na prova de sprint do esqui cross-country para atletas que competem em pé, ele foi soberano. Foi o mais rápido nos 1,5km disputados no Centro Esportivo de Alpensia nas três fases de disputa: classificação, semifinal e final. O resultado significou a primeira medalha de ouro na história do Cazaquistão em Jogos Paralímpicos de Inverno.
"A distância não é a minha preferida, mas o estilo da pista é definitivamente o meu. Funcionou perfeitamente. Encaixou com minha prótese da perna nas curvas e perdi pouco tempo. Tudo estava suave como manteiga", comparou o atleta, para na sequência brincar com os torcedores que gritavam seu nome no estádio. "Eu escutei direitinho quando estava esquiando. Eles gritam muito bem. Ficou claro que têm vozes bem altas", brincou. Kolyadin perdeu a perna esquerda após um acidente de carro em 1997,
Pá, espátula e mãos
O Kolyadin escultor faz uma média de dez por semana, que decoram instituições governamentais, a praça central da cidade, a central dos correios e a escola de música. Os objetos variam de veículos a animais asiáticos e até o Ursinho Pooh. "O mais difícil foi uma ovelha da montanha", disse o atleta. Eu tive de por em cima de um pedestal grande e ela tem as pernas super finas. Fiz para parecer bem parecida com a real, com um grande chifre curvo".
Kolyadin usualmente trabalha sozinho e não faz muitas exigências. Num típico serviço, um caminhão deposita uma pilha de neve perto do lugar designado para a estátua e uma lista simples de equipamentos, como pá, espátula e mãos resolve para moldar as criações. Ele diz nunca ter estudado artes ou esculturas, e desmistifica a reputação que ganhou regionalmente. "Eu só tenho de tirar da neve tudo o que está sobrando. Não é muito difícil, para ser honesto", afirma.
Rededoesporte.gov.br, com informações do Comitê Paralímpico Internacional