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17/02/2020 10h27

Caratê

Com vice em Dubai, Vinicius abre 700 pontos de vantagem sobre rival pela vaga olímpica

Mesmo com a derrota na final da Premier League, brasileiro chegou a 6.622 pontos, contra 5.902 de seu adversário direto. Faltam duas etapas para o fechamento da lista

A reedição da final do Mundial de Caratê na decisão da Premier League de Dubai terminou com o mesmo resultado do campeonato disputado em Madri, em 2018. O francês Steven Dacosta, um dos melhores atletas do circuito internacional do caratê entre todas as categorias, venceu novamente o brasileiro Vinicius Figueira, desta vez por 6 x 0, conquistou o título e virtualmente carimbou seu passaporte para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Dacosta lidera o ranking da categoria -67kg com folga, agora com 8.940 pontos.

Para chegar ao placar, Dacosta aplicou dois golpes de três pontos com a técnica "Mawashi Geri", um chute em que o pé traça uma trajetória circular para atingir o adversário. "O nível de todos os competidores aqui foi inacreditável. Eu não encarei essa luta como repetição da final do Mundial nem pensei como revanche. Eu simplesmente tentei fazer o meu melhor no tatame", afirmou o campeão, em entrevista ao site da Confederação Internacional de Karatê.

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Steven Dacosta levou a melhor sobre o brasileiro Vinicius Figueira em Dubai. Foto: WKF.net

Mesmo com a derrota, Vinicius conseguiu um respiro na listagem que reserva duas vagas diretas na categoria -67kg para a estreia do caratê no programa olímpico. Vinicius soma agora 6.622,5 pontos, contra 5.902,5 de Ali Elsawy, o egípcio contra quem briga diretamente pelo segundo posto. Os dois chegaram a Dubai empatados, mas Vinicius avançou até a final e o egípcio caiu na estreia. Faltam agora apenas duas etapas da Premier League antes do fechamento do ranking. A primeira será em Salzburgo, na Áustria, no fim deste mês, e a última em Rabat, no Marrocos, de 13 a 15 de março. Até para não perder o ritmo de treinos, Vinicius e a comissão técnica brasileira seguiram dos Emirados Árabes para a Turquia para seguir em treinamentos até a etapa austríaca do circuito. 

Funil estreito

O regulamento para chegar aos Jogos de Tóquio é bem restrito. A competição terá apenas dez atletas em cada uma das seis categorias de peso do kumite, mais dez nas disputas individuais de kata (prova de demonstração), masculino e feminino. Quatro dessas vagas, em cada categoria, são definidas de forma direta por esse ranking olímpico que vem sendo alimentado desde o Campeonato Mundial de 2018.

O problema de Vinicius é que a categoria dele será unificada na capital japonesa. Os atletas dos pesos -60kg e -67kg lutarão juntos. Na prática, isso significa que a briga por ranking reserva apenas duas vagas diretas para caratecas da categoria -60kg e outras duas na -67kg. Na categoria -60kg, a liderança é de Darkhan Assadilov, do Cazaquistão (9.817,5 pontos), seguido pelo italiano Angelo Crescenzo (8.100). O turco Eray Samdan corre por fora, com 7.342.

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Ranking atualizado das categorias unificadas (-60kg e -67kg). Vinicius tem de se manter como o segundo de sua categoria (-67kg) até o fim de março para confirmar vaga em Tóquio.

Além dessas quatro vagas por ranking, o preenchimento das outras seis leva em conta uma série de critérios. O Japão tem vaga direta por ser anfitrião. Outras três virão de uma seletiva com os melhores classificados no ranking (entre os que não conseguirem vaga direta) em Paris, na França, em maio. Há ainda vagas reservadas para serem preenchidas por critérios continentais, levando em conta o bom ranqueamento dos atletas, para tentar garantir a maior representatividade possível de países em Tóquio.

Com esse leque de opções, o Brasil tem chances de levar a Tóquio, além de Vinicius, pelo menos mais uma atleta. Tetracampeã dos Jogos Pan-Americanos e com um vice-campeonato mundial no currículo, Valéria Kumizaki é forte candidata à vaga pelo critério continental. Ela é a melhor qualificada no ranking das Américas na categoria -55kg. Em Dubai, ela caiu na estreia, diante de Jennifer Warling, de Luxemburgo, por 3 x 2.

"A briga dela é pelo ranking continental. Nesse momento ela ainda está classificada, pelo ranking que tem e pelo ouro no Pan de Lima, mas precisamos manter a consistência nos dois últimos eventos que faltam para garantirmos", afirmou William Cardoso, diretor técnico da Confederação Brasileira de Karatê. 

Brose: última chance de vaga numa categoria 15kg acima da que está acostumado. Foto: Abelardo Mendes Jr./ rededoesporte.gov.br

Última cartada de Brose

"No fim das contas, saímos de uma briga interna entre dois atletas de alto nível do nosso país para brigarmos, agora, por duas vagas. Uma com o Vinicius, na categoria -67kg, pelo ranking, e outra com o Douglas Brose, na categoria -75kg, na seletiva"
William Cardoso, diretor técnico da CBK 

Quem corre por fora nessa disputa é um outro ídolo da modalidade. Bicampeão mundial, Douglas Brose compete habitualmente na categoria -60kg e travava, até Dubai, uma disputa doméstica contra Vinicius por uma vaga do país na categoria unificada (-60kg e -67kg). Matematicamente sem chances de classificação olímpica pelo ranking, Brose adotou um Plano B. No Brasil, participou e venceu a seletiva olímpica da categoria -75kg, classe 15 quilos acima do peso em que usualmente atua. Sua intenção, a partir de agora, é se preparar para a seletiva que distribui três vagas na -75kg em maio.

"É a chance que me resta. Ainda tenho que estudar detalhes com a equipe técnica e física. Não sabemos se um ganho excessivo de peso ajudaria, porque posso perder uma das minhas características mais importantes, que é a velocidade. Com certeza o treinamento deve mudar, por conta da distância de luta. Vamos estudar com calma. Estamos avaliando os adversários e possíveis caminhos. Quero tentar brigar pelo meu sonho até o fim", comentou Brose.

A insistência de Brose tem dois aspectos. Um deles é o de idade. O gaúcho de Cruz Alta tem 34 anos e teria um grande desafio pela frente para investir em outro ciclo olímpico. Mas há uma razão a mais. Tudo indica que a inclusão do caratê entre as modalidades olímpicas será realidade em apenas uma edição dos Jogos, no Japão, já que os planos esportivos de Paris (2024) já não contam com a inclusão do esporte em seu programa.

"No fim das contas, saímos de uma briga interna entre dois atletas de alto nível do nosso país para brigarmos, agora, por duas vagas. Uma com o Vinicius, na categoria -67kg, pelo ranking, e outra com o Douglas Brose, na categoria -75kg, na seletiva", disse William Cardoso. 

Outros brasileiros

Nos Emirados Árabes, à exceção de Vinicius, todos os outros brasileiros inscritos caíram na estreia. No sábado, Stephani de Lima foi superada pela belga Nele de Vos por 3 x 2 na categoria -61kg e Diego Moraes Silva perdeu por 6 x 4 para Meris Muhovic, de Bósnia e Herzegovina, na categoria -84kg. Antes, na sexta-feira, Douglas Brose foi eliminado pelo belga Michael Dasoul, por 1 x 0, e Rafael Nascimento caiu na primeira rodada para o georgiano David Tkebuchava por 4 x 1. Ambos na categoria -60kg.

Gustavo Cunha - rededoesporte.gov.br