Goalball
Goalball
Brasil ergue Muralha contra a China e leva o ouro que faltava ao goalball masculino
A medalha que faltava na estante do goaball masculino brasileiro passou a fazer parte do acervo. Com uma 'Muralha erguida contra os chineses' na defesa, a seleção venceu o duelo final dos Jogos Paralímpicos de Tóquio por 7 x 2 e conquistou o ouro que a equipe bicampeã mundial (2014 e 2018) tanto buscava. Vice-campeão em Londres e terceiro colocado no Brasil, o país chega pela primeira vez ao topo do pódio da modalidade no principal palco do esporte paralímpico. O ouro do goalball é o vigésimo do país na campanha em Tóquio. Com isso, a delegação fica a um título de igualar o melhor resultado da história, registrado nos Jogos de Londres (2012), com 21 ouros.
"Depois de muito trabalho, muita dedicação no nosso dia a dia, chegamos lá. Essa equipe é muito coletiva, muito unida, muito humilde, pé no chão. Esse era o nosso sonho. A gente já tinha a prata de Londres, o bronze da Rio 2016 e aqui a gente não ia deixar escapar o ouro. Fizemos o melhor dentro de quadra e culminou nisso aqui, na medalha de ouro no nosso peito", afirmou o ala Leomon Moreno.
Três gols de Parazinho, três de Leomon (dois de pênalti) e um de Romário construíram o placar da decisão disputada na arena Makuhari Messe. Os titulares do time fizeram um trio que se mostrou ao mesmo tempo poderoso no ataque e elevou a uma nova proporção o conceito de defesa na modalidade. A equipe anotou 60 gols nas sete partidas que o disputou na capital japonesa e sofreu 28, um saldo positivo de 32, disparado o melhor entre as dez equipes que disputaram os Jogos de Tóquio.
"O fundamento defesa manda no jogo. Se a gente se fecha de uma forma sólida, firme, acaba que os adversários perdem a cabeça, fazem penalidades e facilitam o jogo para nós. Então a nossa maior pressão psicológica nos outros é a nossa defesa"
Leomon Moreno
"Com certeza trabalhamos muito bem na defesa. Esse era um projeto nosso, de não sofrer muitos gols na competição. O fundamento defesa é o que manda no jogo. Se a gente se fecha de uma forma sólida, firme, acaba que os adversários perdem a cabeça, fazem penalidades e facilitam o jogo para nós. Então a nossa maior pressão psicológica nos outros é a nossa defesa", afirmou Leomon, que esteve em Londres (2012) e no Rio (2016) tem agora uma medalha paralímpica de cada cor.
Parazinho foi o goleador do Brasil e dividiu a artilharia do torneio com o chinês Yan Mingyuan, ambos com 26 gols. Leomon aparece em terceiro na lista, com 25. A campanha de ouro teve seis vitórias e um tropeço, por 8 x 6, diante dos Estados Unidos na segunda rodada da fase de grupos. No caminho, duas sonoras goleadas sobre a Lituânia, que chegava a Tóquio com o status de atual campeã paralímpica: 11 x 2 na estreia e 9 x 5 na semifinal.
"Em nennhuma competição anterior eu fui artilheiro. Em geral eu me preocupo mesmo com a defesa, a gente trabalha muito nesse fundamento. Quando terminou o jogo e minha esposa me mandou os parabéns dizendo que fui artilheiro, eu nem sabia. Achei legal, mas não é característica minha ser goleador, mas, óbvio, fico muito feliz, principalmente porque a gente juntou isso com uma defesa muito forte. O pensamento era: vamos sair zerados dessa final", contou Parazinho.
CAMPANHA DO BRASIL
Fase de Grupos
Brasil 11 x 2 Lituânia
Brasil 6 x 8 Estados Unidos
Brasil 10 x 4 Argélia
Brasil 8 x 3 Japão
Quartas de final
Brasil 9 x 4 Turquia
Semifinal
Brasil 9 x 5 Lituânia
Final
Brasil 7 x 2 China
Formato de disputa
O jogo é dividido em dois tempos de doze minutos cada e as equipes são formadas por três jogadores titulares e três reservas, sendo que todos exercem, ao mesmo tempo, as funções
de ataque e defesa. Há um guizo no interior da bola para emitir sons. Todos os atletas usam vendas nos olhos para não beneficiar quem tenha percepções luminosas.
Investimentos
Dos 12 convocados para a seleção brasileira de goalball em Tóquio (levando em conta masculino e feminino), dez são atualmente contemplados pelo Bolsa Atleta, programa de patrocínio individual do Governo Federal Brasileiro. O investimento direto nesse grupo, no ciclo entre os Jogos Rio 2016 e Tóquio 2021, foi de R$ 1,2 milhão, garantido via Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. No ciclo paralímpico dos Jogos de Tóquio, o Ministério da Cidadania investiu R$ 3,4 milhões no goalball como um todo, por meio do Bolsa Atleta. Entre 2017 e 2021, foram concedidas 196 bolsas em todas as categorias para os atletas da modalidade.
História
O goalball é um esporte desenvolvido exclusivamente para pessoas com deficiência visual. Criado em 1946 pelo austríaco Hanz Lorezen e pelo alemão Sepp Reindle, para veteranos da Segunda Guerra que perderam a visão, a modalidade foi incluída no programa paralímpico nos Jogos de Arnhem 1980. Na edição seguinte, em Nova Iorque/ Stoke Mandeville 1984, as disputas femininas foram incluídas.
O Brasil estreou no goalball em Jogos Paralímpicos na edição de Pequim 2008. Já em Londres 2012 viria a primeira medalha. A prata foi conquistada pela equipe masculina que, na final, foi derrotada pela Finlândia. Já no Rio 2016, a seleção masculina conquistou a medalha de bronze no gol de ouro contra a Suécia.
O Brasil é ainda bicampeão mundial, títulos conquistados nas edições de 2014, em Espoo, na Finlândia, e na edição de 2018, em Malmo, na Suécia, e tricampeão dos Jogos Parapan-Americanos, com os títulos conquistados em Guadalajara (2011), Toronto (2015) e Lima (2019).
Gustavo Cunha, de Tóquio, no Japão - rededoesporte.gov.br