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Tiro esportivo paralímpico

24/08/2019 21h35

LIMA 2019

Brasil conquista ouro, prata e dois bronzes na estreia do tiro esportivo em Parapans

Geraldo Rosenthal brilhou com o ouro na pistola, que teve ainda Sergio Vida com o bronze. Na carabina, dobradinha com a prata de Alexandre Galgani e o bronze de Bruno Kiefer

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Defender o Brasil nos Jogos Parapan-Americanos representa, sempre, um capítulo especial na vida de qualquer um. Mas para os quatro atletas da equipe de tiro esportivo que disputaram as finais no megaevento continental em Lima neste sábado (24.08), essa sensação ganhou uma nova dimensão. Afinal, todos eles subiram ao pódio no primeiro dia de provas da primeira participação da modalidade em Parapans. E um deles, Geraldo Von Rosenthal, tornou-se o primeiro brasileiro campeão da modalidade na competição.

O Brasil esteve duplamente representado nas duas finais programadas para este sábado na Base Aérea Las Palmas, em Surco. A primeira foi na carabina de ar SH2 mista 10 metros. Sete participantes se classificaram para brigar pelo pódio e, ao final, a norte-americana Mckenna Dahl ficou com o ouro. Os brasileiros Alexandre Galgani e Bruno Kiefer conquistaram a prata e o bronze, respectivamente.

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Geraldo Rosenthal levou o ouro na pistola 50 metros. Foto: Rodolfo Vilela/ rededoesporte.gov.br

Na sequência, veio a disputa da pistola 50 metros, quando o Brasil protagonizou outra dobradinha, desta vez com Geraldo Rosenthal, que faturou o ouro, e Sergio Vida, que garantiu o bronze. "Isso aqui é 80% emoção e 20% em que você faz o que sabe", afirmou o gaúcho Geraldo Rosenthal. "Aqui, sobrevive quem sabe segurar a pressão, porque o coração parece que vai sair pela boca", prosseguiu o campeão, de 44 anos, que nasceu com uma má formação congênita na mão direita.

De fato, quem nunca acompanhou uma final do tiro esportivo se impressiona pelo nível de expectativa gerada. Ao contrário de vários outros esportes individuais, como atletismo ou natação, em que a final é definida em uma única disputa, na maioria das provas do tiro os atletas vão sendo eliminados, a partir de uma determinada fase, a cada dois tiros disparados. Com isso, a tensão cresce rodada a rodada, pois um erro pode significar seguir na disputa ou dizer adeus ao sonho de chegar ao pódio. As notas dos disparos são somadas às da primeira fase de tiros, e quem tiver a menor nota é eliminado até restarem apenas dois na briga pelo ouro.

Desde o início, Rosenthal e o cubano Marino Heredia travaram uma disputa pessoal pela medalha dourada. Após o 20º tiro, o cubano Osvaldo Rivera deixou a disputa e, com isso, dos seis finalistas restaram apenas Rosenthal, Heredia e Sergio Vida. A essa altura, o Brasil já tinha, na pior das hipóteses, a prata e o bronze. Dois disparos depois, Sergio Vida ficou pelo caminho, com o bronze assegurado. Rosenthal e Heredia, então, partiram para a disputa pelo título. Quando o 24º tiro foi disparado, o brasileiro sagrou-se campeão com a pontuação total de 201.9 contra 195.7 do rival cubano.

Em 2013, na Tailândia, Rosenthal já havia escrito seu nome com destaque na modalidade quando se tornou o primeiro atleta do país campeão de uma etapa da Copa do Mundo. "Quando toca o Hino, o cara abala", resumiu Geraldo, sobre a emoção durante a cerimônia de premiação. Rosenthal e Sérgio ainda competem em mais duas provas no Parapan de Lima: pistola 10 metros e pistola 25 metros.

Primeiras medalhas

A prova da carabina de ar SH2 mista 10 metros foi a responsável pelas primeiras medalhas da história da modalidade em Jogos Parapan-Americanos. O Brasil era o único país com dois atletas na final e Alexandre Galgani e Bruno Kiefer fizeram bonito, garantindo a dobradinha no pódio ao faturarem a prata e o bronze, respectivamente. O ouro ficou com a norte-americana McKenna Dahl.

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Galgani terminou a prova da carabina de ar SH2 mista 10 metros com a medalha de prata. Foto: Rodolfo Vilela/ rededoesporte.gov.br

O secretário especial do Esporte do Ministério da Cidadania, Décio Brasil, representante do Governo Brasileiro em Lima, assistiu à final de Alexandre e Bruno e se emocionou com a briga pelo ouro entre Galgani e Dahl. "Realmente foi uma experiência incrível acompanhar essa final do tiro. Foram resultados significativos, pois foram as primeiras medalhas, de prata e bronze, na história do tiro em Parapans para o Brasil. Ver o brasileiro, o Alexandre Galgani, disputando a primeira colocação com a atleta dos Estados Unidos foi muito emocionante. Tenho certeza de que quem estava presente viu uma grande prova", elogiou Décio Brasil. O presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado, também acompanhou a prova.

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O secretário especial do Esporte, Décio Brasil, e o presidente do CPB, Mizael Conrado, acompanharam a final com direito a dobradinha brasileira. Foto: Francisco Medeiros/Ministério da Cidadania

A final da carabina de 10 metros começou com sete atletas na disputa. A norte-americana McKenna Dahl e Alexandre Galgani abriram uma boa vantagem na pontuação e, com isso, a briga pelo ouro passou a ser entre Estados Unidos e Brasil. Bruno, por sua vez, fez uma prova de recuperação, assumiu a terceira posição antes do início da fase eliminatória e se manteve no posto para garantir o bronze.

Quando o colombiano Cesar Duran deixou a disputa, após o 20º tiro, apenas McKenna, Alexandre e Bruno seguiram adiante. Após o 22º disparado, Bruno foi eliminado com o bronze assegurado e, com isso, tornou-se o primeiro medalhista do tiro esportivo na história dos Jogos Parapan-Americanos.

"Eu já estava feliz por estar participando do primeiro Parapan com a presença do tiro esportivo. Então, para mim já estava ótimo. Já fizemos história só de ter vindo para cá. E conseguindo a primeira medalha fico mais feliz ainda, porque é mais história ainda para a gente contar, né?", sorriu Bruno Kiefer. Aos 33 anos, nascido em Vitória, ele nasceu com paralisia cerebral devido à demora no parto, o que afetou os movimentos inferiores e superiores.

"A emoção é muito grande. É indescritível. Mas minha meta era o primeiro lugar. Infelizmente acabei dando um tiro baixo logo no começo, mas vou batalhar na próxima e vou conseguir o ouro, se Deus quiser. A expectativa é essa e eu treinei para isso", afirmou Alexandre Galgani, nascido em Sumaré, que sofreu um acidente aos 18 anos, durante um mergulho em uma piscina, lesionou a coluna e perdeu parte dos movimentos do corpo.

Ele e Bruno voltam a competir na carabina de ar deitado R5. Em fevereiro deste ano, Galgani conquistou a prata na prova de carabina de ar 10m na etapa de Al Ain da Copa Mundo de Tiro Esportivo, nos Emirados Árabes Unidos, e se tornou o primeiro brasileiro em esportes individuais com o passaporte carimbado para os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020.

Infográfico - Jogos Parapan-Americanos Lima 2019

Luiz Roberto Magalhães, de Lima, no Peru – rededoesporte.gov.br