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Atletismo

11/06/2017 13h47

Atletismo

"Bolt" decola para o título do salto triplo no Troféu Brasil

Alexsandro do Nascimento, que ganhou o apelido do jamaicano pelo biotipo e por começar como velocista, salta 16,42m, conquista o título nacional e sonha com o índice para Londres

Com a altura perto de 1,90m e uma performance nos 100m usualmente abaixo de 11s, Alexsandro do Nascimento ouviu muito de um de seus primeiros técnicos, Fernando Donatan, que deveria investir na carreira de velocista. O paranaense de Londrina, no entanto, tinha outros planos. Queria saltar longe. E não adiantou nem o apelido de Bolt, dado por Donatan em função do biotipo do atleta, para mudar a cabeça de Alexsandro.

Neste domingo, no último dia do Troféu Brasil, a "teimosia" em saltar foi recompensada. Com quatro tentativas na casa dos 16 metros, a melhor delas na última das seis oportunidades, Alexsandro conquistou o título nacional do salto triplo, o primeiro de sua carreira, com 16m42. "É a primeira vez que venço um Brasileiro, independentemente de categoria. Não consegui a marca desejada, que a gente vem treinando, mas valeu o título", comentou o triplista de B3 Atletismo, que persegue os 16,80m necessários para o Mundial de Londres. Sua melhor marca pessoal é de 16m53, obtida em junho do ano passado.

Alexsandro 'aterrissa' em um dos saltos durante o Troféu Brasil: primeiro título nacional. Foto: Marcello Zambrana/CBAt

"Hoje comecei saltando a média que estou acostumado, de 16m, mas experimentei um declínio na prova. Não estava conseguindo encaixar. No último salto, meu treinador disse: 'Vai lá, se diverte'. E aí saiu a melhor marca. Está faltando um pouco mais de diversão para saltar o que pretendo", analisou Alexsandro, de 21 anos, que mira três ou quatro torneios nas próximas semanas para buscar o índice. "Ainda tem tempo para corrigir defeitos, fazer a marca e ir para o Mundial", comentou o atleta, que já tem a experiência de um Mundial e um Pan no currículo, ambos em 2015

Adepto de uma prova de ampla tradição no atletismo brasileiro, que tem na história medalhas olímpicas e mundiais com Adhemar Ferreira da Silva, Nelson Prudêncio e João do Pulo, Alexsandro tem como referência um saltador de sua geração.

"Ele é um jovem talento, um menino que ainda está lidando com as emoções, aprendendo a aliar o talento a essa situação. Não é à toa que o melhor salto foi o último, com a prova já ganha. Se ele entrar sempre com esse espírito leve, vai superar grandes marcas"
Duda, bicampeão mundial indoor no salto em distância

"Eu me espelho num cara que está ali na arquibancada, chamado Mauro Vinícius da Silva. Eu respeito muita gente que já passou, mas me espelho nele porque é uma pessoa da minha geração, do meu tempo. É uma honra treinar na mesma pista que ele, no mesmo clube que ele", afirmou Alexsandro, em referência a Duda, bicampeão mundial indoor no salto em distância.

"Ele é um jovem talento, uma promessa. Acompanho os treinos dele diariamente. É um menino que ainda está lidando com as emoções, aprendendo a trabalhar isso e aliar o talento a essa situação. Não é à toa que o melhor salto foi o último, com a prova já ganha. Se ele entrar sempre com esse espírito leve, vai superar grandes marcas. Ainda é cedo para falar, mas vendo o potencial, o céu é o limite", elogiou Duda.

Segundo o treinador de Alexsandro, Neilton Moura, essa tranquilidade para competir vem com a bagagem internacional, adquirida aos poucos. "A pressão de competição faz diferença. Ele é novo em termos de experiência. Para alguns esse processo é rápido, outros demoram um pouco mais. Tem de respeitar esse tempo", comentou o treinador. De acordo com ele, Alexsandro vinha numa trajetória ascendente em 2017, mas teve um contratempo com uma lesão que o deixou sete semanas parado. "Ele voltou a treinar há um mês e meio. Está melhorando a cada semana. Nas próximas duas ou três competições tem condições de buscar o índice", comentou.

Na prova deste domingo, completaram o pódio Jean Cassemiro Rosa, com Jean Cassemiro Rosa, do Rezende, com 16,24m, e Paulo Sérgio dos Santos, da B3 Atletismo, com 16m23. 

Gustavo Cunha, Brasil2016.gov.br