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08/08/2021 05h21

BOXE

Beatriz Ferreira conquista a prata e boxe garante a melhor campanha olímpica da história

Brasileira, campeã mundial em 2019, torna-se a atleta de melhor desempenho do Brasil em todos os tempos nos Jogos. Antes dela, Adriana Araújo havia conquistado o bronze em Londres 2012

A brasileira Beatriz Ferreira se despediu dos Jogos Olímpicos de Tóquio neste domingo (08.08) subindo ao pódio para levar a medalha de prata na categoria peso leve (57 a 60kg). A baiana, de 28 anos, campeã mundial em 2019, enfrentou a irlandesa Kellie Anne Harrington, campeã mundial em 2018, e acabou superada por 5 x 0, em decisão unânime dos juízes.

O confronto, o primeiro entre as boxeadoras, definiu a conquista da 20ª medalha para o Brasil e marcou o recorde de pódios do país em uma única edição dos Jogos, superando as 19 conquistadas no Rio 2016. Pouco depois, a seleção feminina de vôlei subiu ao pódio para receber a prata e, com isso, o país volta para casa com a marca histórica de 21 pódios: sete ouros, seis pratas e oito bronzes.

Beatriz Ferreira (à esquerda) no pódio das Olimpíadas de Tóquio: ciclo repleto de conquistas e melhor atleta da história do boxe olímpico feminino brasileiro. Foto: Rodolfo Vilela/rededoesporte.gov.br
“Estou feliz de estar no pódio, por ter conseguido a prata. Aqui tem o mesmo peso como se fosse ouro. É gratificante ver que eu trabalhei e que eu fiz as melhores escolhas, que foi estar vivendo isso aqui”
Beatriz Ferreira, boxeadora e medalhista olímpica

A medalha de Bia, além de representar a melhor campanha da história de uma mulher no boxe olímpico brasileiro – antes dela Adriana Araújo havia conquistado o bronze em Londres 2012 – fecha um galeria de conquistas da boxeadora nas principais competições deste ciclo.

Nascida em Salvador, em 9 de dezembro de 1992, Bia conquistou o ouro nos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba 2018, no Pan-Americano de Lima 2019 e no Mundial da Rússia, também em 2019. Ela estava invicta desde abril de 2019, tendo vencido 23 lutas seguidas antes do confronto com a irlandesa neste domingo, e vinha de títulos este ano nos torneios de Strandja e Cologne World Cup.

A conquista também fechou a melhor participação do Brasil na história do boxe olímpico. A delegação volta para casa com um ouro, de Hebert Conceição, uma prata e um bronze, conquistado por Abner Teixeira. A campanha superou, inclusive, as expectativas do técnico Mateus Alves, que comanda o time olímpico de boxe do Brasil e esperava duas medalhas – uma final e um bronze.

“O atleta sempre quer ganhar. Sabia que estava sendo uma luta parelha e sabia que estava sendo um pontinho ali e um pontinho aqui. Ela foi superior, eu tenho que admitir, mas acredito que foi um belo combate”, avaliou Bia.

Investimentos federais

O boxe recebeu repasse direto via Bolsa Atleta do Governo Federal de R$ 6 milhões no ciclo Rio - Tóquio, investimento que se reverteu na concessão de 431 bolsas. Seis dos sete integrantes da equipe brasileira que competiu em Tóquio são atualmente contemplados, incluindo Bia, mas os sete já receberam os recursos do programa durante o ciclo.

“Ela acabou usando uma estratégia de anular o meu jogo e não consegui mudar a tempo. Mas estou feliz de estar no pódio, por ter conseguido a prata. Para mim também é importante, já que venho participando de campeonatos, e só em um até hoje não consegui estar no pódio. Então aqui tem o mesmo peso como se fosse ouro. É gratificante ver que trabalhei e que fiz as melhores escolhas, que foi estar vivendo isso aqui”, ressalta a boxeadora.

Futuro

No boxe olímpico, toda vez que um atleta se destaca nos Jogos, paira em todos uma dúvida: ele vai seguir para o ciclo seguinte ou vai encarar uma nova estrada, no boxe profissional? Prova disso foi o que fizeram Esquiva Falcão, prata em Londres 2012; Yamaguchi Falcão, bronze em Londres 2012; Adriana Araújo, bronze em 2012; e Robson Conceição, ouro no Rio 2016; que optaram pelo profissionalismo.

Indagada sobre os planos para disputar as Olimpíadas de Paris 2024, Bia deixou as portas abertas, mas fez questão de frisar que tem interesse de disputar a próxima edição dos Jogos. “Tóquio fechou, mas este ano ainda temos o Mundial, então ainda não posso parar. E Paris, vamos ver. Vou conversar com meu chefe e fazer a melhor escolha. Mas, se depender de mim, sim. Quero mudar a cor da medalha”, avisou a baiana.

Para o técnico Mateus Alves, dificilmente Beatriz Ferreira conseguiria uma proposta mais vantajosa financeiramente do que as condições que ela já tem hoje. Assim, ele crê que Beatriz Ferreira deverá estar em Paris 2024.

“Eu não posso descartar, porque não sou eu quem recebe a proposta. Quem recebe é o atleta. A gente sempre luta para que o atleta esteja bem financeiramente. Se um atleta receber uma proposta que vai ser boa para o futuro dele, temos que respeitar. Temos que pensar que um atleta é um profissional. Porém, hoje uma proposta profissional superar o que eles ganham na equipe olímpica tem que ser uma proposta muito boa. Mas no feminino é difícil superar o que ela ganha atualmente. Muito difícil”, afirmou Mateus.

Beatriz, que recebe a Bolsa Pódio do Governo Federal, a categoria mais alta do programa Bolsa Atleta, além de seus patrocinadores privados, integra o Programa de Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas e ainda conta com salário da Confederação Brasileira de Boxe.

Boxe - Jogos Olímpicos de Tóquio

Luiz Roberto Magalhães, de Tóquio, no Japão – rededoesporte.gov.br