Volei de praia
Ninguém nasce campeão
Bárbara: estudante de medicina "operou um milagre" de prata
Por muito tempo, a carioca Bárbara Seixas, de 31 anos, teve o coração dividido entre o vôlei de praia e o sonho de ajudar as pessoas por meio da medicina. O desejo de estudar na universidade sempre pareceu mais viável que representar o país em uma edição de Jogos Olímpicos. Até que chegou o momento de escolher: Bárbara optou pelo estudo.
“Quando chegou o vestibular, decidi parar de jogar. Eu tinha que estudar muito, porque o meu sonho era passar em medicina. Passei e comecei a cursar”, recorda a atleta, mais uma personagem da websérie Ninguém Nasce Campeão, da Rededoesporte.gov.br. O conjunto de 17 vídeos, com 21 entrevistas, resgata instantes em que os atletas ainda não sabiam que teriam a projeção e o destaque que alcançaram, e busca o que foi essencial para a caminhada dar certo.
Naquele momento, a escolha parecia acertada. Com o tempo, contudo, Bárbara sentia que faltava algo. Não se sentia completa. Até que veio um convite que mudou a trajetória da então estudante. “Mesmo meio desconectada da modalidade, fui convocada para representar a seleção da minha categoria em um torneio internacional. Ali percebi que tinha, sim, condição de ser jogadora”, recorda. Ela conquistou o título mundial da base ao lado de Carolina Aragão, em 2005.
"Descobri que não existe atalho. São passos de formiguinha. Não importa o quanto você é bom ou ruim. O determinante é o tamanho da sua dedicação”
Bárbara Seixas
O evento, o clima de competição e o título acenderam de forma inquestionável a chama esportiva em Bárbara. Foi quando ela resolveu apostar todas as fichas. Abandonou a medicina, focou 100% na preparação, evoluiu e ganhou espaço no cenário nacional. Os sonhos até então tímidos no esporte tomaram contorno mais palpável e ambicioso.
Após breve intervalo separadas, Bárbara voltou a editar, em 2014, uma bem sucedida parceria com Ágatha, na reta final de preparação para os Jogos Rio 2016. Entrosadas, passaram a figurar assiduamente entre as melhores do circuito nacional e internacional. Na temporada 2015/2016, atingiram o mais alto nível, com direito ao ouro no Mundial de Haia, na Holanda, com Ágatha eleita a MVP (Melhor Jogadora) do campeonato, e o título do Circuito Mundial, o que valeu para ambas a convocação para os Jogos Olímpicos de 2016.
Nas areias de Copacabana, uma campanha histórica, com direito a vitória na semifinal sobre a toda poderosa americana Kerri Walsh, que até então não sabia o que era derrota em Jogos Olímpicos. Ágatha e Bárbara venceram Walsh e April Ross por 2 sets a 0 e fizeram a final contra as alemãs Laura Ludwig e Kira Walkenhorst. Saíram do Rio com a prata olímpica.
“No início da carreira eu olhava os atletas brasileiros em Olimpíadas pela televisão e achava aquilo distante da minha vida. Nunca tinha considerado seriamente estar lá. E descobri que não existe atalho. São passos de formiguinha. Não importa o quanto você é bom ou ruim. O determinante é o tamanho da sua dedicação”, disse.
Segunda Bárbara, todas as pessoas que desejam se dedicar ao esporte têm que ter a resiliência como característica essencial. “As derrotas iniciais serviram de degrau para meu crescimento. Quando você está iniciando é difícil ter apoio. O que te mantém é a perseverança. Quando você quer de verdade e está disposto a se entregar, as coisas acontecem com o tempo”.
Breno Barros, rededoesporte.gov.br