Canoagem velocidade
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Após erros no início da prova, Isaquias Queiroz acelera e fica com o bronze no C1 200m
Definir Isaquias Queiroz com a palavra persistência chega até a ser clichê. Conhecido tanto pelos títulos quanto pela infância difícil, o baiano já sofreu queimaduras, foi sequestrado e perdeu um rim antes de se aventurar com a canoa mundo afora. Debaixo do forte sol desta quinta-feira (18.08), na Lagoa Rodrigo de Freitas, o atleta teve de insistir mais uma vez. Na curta prova do C1 200m, o brasileiro cometeu falhas logo no início e, mesmo acelerando na reta final, achou que o pódio tinha escapado. Justo para ele, que chegou ao Rio com a árdua missão de conquistar medalhas em três categorias. Bravo, Isaquias deu um soco na água. O resultado demorava. Só então ele viu seu nome no telão, em terceiro lugar, e enfim comemorou o bronze.
“Saí até bem, sem perder muito tempo, mas acabei dando remadas em falso logo depois. O barco patinou muito e eu vi os caras colocarem meio barco para a frente. Se eu não tivesse errado muito ali, acho que poderia ganhar a medalha de ouro”, acredita. “Quando eu cheguei, joguei o barco e fiquei sem saber, pensando que tinha perdido a medalha. Fiquei com raiva. Quando saiu, fiquei feliz porque uma medalha de bronze é muito importante no currículo do atleta”, destaca Isaquias. Com o tempo de 39s628, o brasileiro foi superado apenas por Iurii Cheban (39s279), da Ucrânia, e Valentin Demyanenko (39s493), do Azerbaijão.
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A prata no C1 1.000m conquistada na última terça-feira (16) e o bronze de hoje, as únicas duas medalhas da história do Brasil na canoagem, colocaram Isaquias no posto de quinto atleta do país a subir duas vezes no pódio de uma única edição dos Jogos Olímpicos. Foi assim com Guilherme Paraense (ouro e bronze) e Afrânio da Costa (prata e bronze) no tiro esportivo, ainda na Antuérpia, em 1920, e com os nadadores Gustavo Borges (prata e bronze), em Atlanta-1996, e Cesar Cielo (ouro e bronze), em Pequim-2008.
É nessa lista que passa a figurar o nome do baiano de Ubaitaba. Ele, no entanto, quer ainda mais. “É uma satisfação muito grande entrar nesse rol dos melhores atletas do Brasil em Jogos Olímpicos. Estar ao lado de caras como o Cesar Cielo me deixa muito feliz, mas espero fazer mais ainda e chegar aonde nenhum brasileiro chegou, que é conquistar três medalhas em uma só edição”, avisa.
Nesta sexta-feira (19.09), Isaquias compete ao lado de Erlon Silva nas eliminatórias do C2 1.000m. Carimbando a vaga para a final, a dupla volta à Lagoa Rodrigo de Freitas no sábado (20), em busca de um novo pódio. “A confiança está muito alta, a gente treinou muito. O C2 está ‘mandando muito’ lá em Lagoa Santa, então a gente sabe da possibilidade de medalha”, analisa o atleta, avisando que o tempo de folga ainda terá que esperar.
“Hoje à tarde eu vou treinar, quem disse que eu vou descansar? Como seria bom já ir para a Bahia descansar! Já fiz o meu trabalho, ganhei as minhas medalhas e agora quero ir para cima para o meu amigo Erlon também fazer história com o nome deles nos Jogos Olímpicos e ganhar a medalha de ouro, que é a que a gente merece”, ressalta.
Força das arquibancadas
Ao sair da água e da cerimônia de premiação, Isaquias praticamente não conseguia parar para conceder entrevistas. A todo momento era chamado para fotos com o público e para ouvir que “a próxima será de ouro”. Segundo o atleta, a quantidade de pessoas presentes hoje no Estádio da Lagoa surpreendeu.
“É a primeira vez que vejo tanto público. Acho que nem em Mundial na Hungria e na Alemanha estava assim. Hoje o estádio estava lotado, então eu tinha que dar o meu máximo para fazer o Brasil ficar feliz”, comenta o atleta que, apesar de não ter no C1 200m sua principal prova, já foi campeão mundial júnior, em 2011, campeão dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015, e bronze no Mundial do ano passado nessa distância.
Galeria de fotos (disponíveis para uso editorial gratuito, desde que creditadas para Roberto Castro/brasil2016.gov.br)
Ana Cláudia Felizola – brasil2016.gov.br