Volei de praia
Ninguém Nasce Campeão
Alison e Bruno: persistência, trabalho e determinação na receita do ouro olímpico
O início da carreira de ambos foi marcado por descrença. O capixaba Alison, 2,03m, era alto demais e, sem habilidade, muitos não acreditavam que pudesse se tornar atleta de alto rendimento. Já o brasiliense Bruno Schmidt viveu o oposto. Era considerado baixo para os padrões do vôlei de praia. Os críticos diziam que com sua altura (1,85m) ele dificilmente conseguiria sucesso diante de rivais bem mais altos.
“A dificuldade está sempre presente todo dia, ela só muda de formato. Você tem que gostar de superá-la, acreditar no seu potencial, acreditar nas pessoas que trabalham com você e amar, acima de tudo, porque o amor ao que você faz te ajuda e encurtar as dificuldades”, afirma Bruno. “Eu, no início, fui muito criticado. Era um menino grande, não tinha coordenação, nunca seria um jogador, não tinha habilidade… Isso acabou me fortalecendo. Eu vi como combustível para mim”, recorda Alison.
“Eu, no início, fui muito criticado. Era um menino grande, não tinha coordenação, nunca seria um jogador, não tinha habilidade… Isso acabou me fortalecendo. Eu vi como combustível”
Alison
Com essas visões norteando a carreira de ambos desde o início, Alison e Bruno se juntaram no fim de 2013. A essa altura, Alison já era atleta consagrado, tendo conquistado, ao lado de Emanuel, o Campeonato Mundial em 2011 e a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres 2012.
Mas foi com Bruno como parceiro que o capixaba alcançou o maior sonho de sua vida esportiva. Juntos, conquistaram diversos títulos nacionais e internacionais, com destaque para o Mundial em 2015, na Holanda, e o título do Circuito Mundial no mesmo ano, resultados que pavimentaram a dupla para o ápice: o ouro nos Jogos Olímpicos Rio 2016, quando derrotaram os italianos Lupo e Nicolai na decisão em uma quadra lotada montada na praia de Copacabana.
“No Rio de Janeiro, entrar naquela arena, representando o meu país, a minha nação, em uma final olímpica… Com todo respeito a todos os adversários, poderia entrar os italianos dez vezes que eu iria ganhar dez vezes. Daquele dia não ia passar”, recorda Alison.
“A pessoa que realmente quer ser atleta tem que saber conviver e superar a dificuldade diária e a dificuldade a longo prazo. É uma resiliência que você tem que ter”
Bruno
O sucesso da dupla reflete-se não apenas na força dos dois como time, mas no talento individual que cada um lapidou durante a carreira. Bruno compensou a baixa estatura com uma técnica impecável e uma ágil movimentação em quadra. Acumula no currículo, entre outros, os prêmios de melhor jogador do Circuito Mundial em 2015 e 2016, melhor jogador defensivo do Circuito Mundial em 2013, 2014, 2015 e 2016, esportista do ano do Circuito Mundial em 2015 e 2016, melhor jogador ofensivo do Circuito Mundial 2015 e melhor atacante do Mundial 2015. Já Alison, desde que uniu forças com Bruno, foi eleito o melhor ataque do Circuito Mundial 2016 e o melhor bloqueio do Circuito Mundial 2015.
“A pessoa que realmente quer ser atleta tem que saber conviver e superar a dificuldade diária e a dificuldade a longo prazo. É uma resiliência que você tem que ter”, ensina Bruno.
Luiz Roberto Magalhães - rededoesporte.gov.br