Geral
Jogos Paralímpicos de Inverno
Aline e Cristian "viram a chave" para o "modo Bolt"
Sai o modo "Vanderlei Cordeiro de Lima", entra a versão "Usain Bolt". Ainda que não seja exatamente precisa, a comparação é didática para mostrar o quanto é distinto o tipo de esforço que Aline Rocha e Cristian Ribera terão pela frente nesta quarta-feira em PyeongChang. No domingo, na estreia deles nos Jogos de Inverno, eles disputaram o desafio de longa distância do esqui cross-country sentado, equivalente a uma maratona. Desta vez, o desafio no Centro Esportivo de Alpensia é na prova de sprint, de 1,1km. No horário brasileiro, as provas têm início às 22h desta terça (13.03). O portal rededoesporte.gov.br vai transmitir ao vivo, a partir do sinal oferecido pelo Comitê Paralímpico Internacional.
“A dinâmica é totalmente diferente. Você consegue ouvir a bastonada do adversário e não fica sozinho na pista. Eu gosto bastante dessa adrenalina. Espero que consiga manter os bons resultados. A meta é estar ao menos na semifinal”, afirmou Cristian, que na prova de longa distância, de 15km, terminou com a sexta colocação, a melhor performance de um brasileiro na história dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno.
“A dinâmica é totalmente diferente. Você consegue ouvir a bastonada do adversário e não fica sozinho na pista”
Cristian Ribera
“Essa prova tem um percurso curto e não permite erro. Exige perfeição desde a largada. Enfrentaremos duas subidas e uma descida perigosas. Por isso, temos que estar muito focados", afirmou Aline, de 26 anos. Na precisão dos números, a volta tem 1.143 metros, com 17m de subida. Uma delas, sozinha, soma nove metros morro acima. "De todas as provas que já fizemos, essa é a mais dura de sprint, com duas subidas fortes", avaliou a paranaense, que terminou em décimo quinto o desafio de 12km e é a primeira brasileira a participar de Jogos Paralímpicos de Inverno
Na fase classificatória do sprint, os atletas largam a cada 15 segundos. Aline terá 24 adversárias de 14 países. Cristian compete contra outros 35 atletas, representando 16 nações. Tanto no masculino quanto no feminino, os 12 melhores da primeira fase se qualificam para a semifinal, disputada duas horas depois da primeira largada. Os 12 são reduzidos à metade para a final, com menos de uma hora de descanso.
"O lance é dar tudo de nós na qualificatória. E, se passar para a semi, dar o que sobrar e mais um pouco. É respirar, beber água, aquecer de novo e partir para a prova", resumiu Aline. Em etapas de Copa do Mundo que disputaram, Aline conseguiu chegar em semifinais. Cristian passou a uma final. "Aqui tem mais atletas competindo, mas ele tem grandes chances de se qualificar", opinou Aline, sobre o colega de equipe. Uma das apostas da dupla é no cansaço de alguns rivais, já que há atletas disputando, além das provas do cross country, as provas do biatlo paralímpico.
"O lance é dar tudo de nós na qualificatória. E, se passar para a semi, dar o que sobrar e mais um pouco. É respirar, beber água, aquecer de novo e partir"
Aline Rocha
Versatilidade comum
Embora seja impensável imaginar Usain Bolt completando as duas horas de uma maratona ou pensar em Vanderlei Cordeiro de Lima alinhado para os 100m rasos, a versatilidade dos atletas sentados, tanto no atletismo paralímpico de verão quanto no esqui cross-country, é quase uma regra.
"Acaba sendo comum. É normal, claro, que haja uma tendência do atleta para uma das habilidades físicas, de explosão ou de endurance, e que ele se dedique mais a uma delas, mas é raro no cross-country atletas que não disputam provas longas e curtas", explicou Fernando Orso, técnico de Aline e de Cristian.
"Na cadeira de rodas, isso também tem sido feito pela maioria. Claro, se o atleta vai ser mais velocista, tende a fazer um treinamento mais específico para momentos específicos, como a largada e a aceleração inicial", explicou Orso.
"Eu mesmo, no atletismo paralímpico, faço provas de maratona e de 100m. Até espero estar na equipe de revezamento misto em Tóquio", exemplificou Aline, que também se tornou, em PyeongChang, a primeira atleta paralímpica com participações em Jogos de Inverno e de Verão. No Rio 2016, ela disputou a maratona e os 1.500m.
Características
O esqui cross-country paralímpico é aberto a atletas com deficiências físicas e visuais. Dependendo da limitação física, o esquiador pode usar um sit-ski (uma cadeira equipada com um par de esquis), casos de Aline e de Cristian. Atletas com deficiência visual competem ao lado de um atleta que os guia por meio de um walkie-talkie. Tanto as mulheres quanto os homens participam de provas de distâncias curtas (provas de velocidade), médias e longas, ou então no revezamento por equipe.
Os Jogos Paralímpicos de Inverno de 2018 terão ao todo 20 provas da modalidade, disputadas por homens e mulheres e divididas entre as categorias sitting (sentado – LW10 a 12), standing (de pé – LW2 a 9) e visually impaired (para deficientes visuais – B1 a B3).
Gustavo Cunha, de PyeongChang, na Coreia do Sul, com informações do CPB - rededoesporte.gov.br