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Tóquio 2021
Abertura dos Jogos Paralímpicos cobra quebra de estereótipos e padrões verdadeiramente inclusivos
A abertura dos Jogos Paralímpicos de Tóquio reuniu um combo de mensagens simbólicas. Enfatizou a crença na capacidade humana de vencer desafios e adversidades, como a pandemia do novo coronavírus. Cobrou medidas efetivas e globais em torno de uma sociedade mais inclusiva. Mostrou, ainda, que a partir do esporte e das performances de excelência dos atletas paralímpicos é possível inspirar os mais diversos setores da comunidade internacional.
"Os Jogos Paralímpicos são, com certeza, uma plataforma de mudança. Mas apenas a cada quatro anos não é suficiente. Cabe a cada um de nós cumprir a nossa parte, todos os dias, para construir uma sociedade mais inclusiva em nossos países, em nossas cidades, em nossas comunidades"
Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional
Os Jogos Paralímpicos de Tóquio reúnem cerca de 4.400 atletas de 162 países na disputa de 22 esportes em 21 instalações esportivas até o dia 5 de setembro. O Brasil será representado por 236 atletas, em 20 modalidades. Na cerimônia, estiveram aproximadamente 3.400 atletas e oficiais, 800 convidados e 2.400 profissionais de mídia e transmissão.
Os porta-bandeiras da delegação brasileira na cerimônia foram o velocista Petrúcio Ferreira, campeão mundial nos 100m e 400m, e Evelyn de Oliveira, campeã por equipes na bocha nos Jogos Rio 2016. "Que honra representar os atletas paralímpicos, todos os nossos esportes e, principalmente, o povo brasileiro", afirmou Petrúcio, que arriscou alguns passos de samba enquanto desfilava no Estádio Olímpico de Tóquio.
Todo tipo de asa
A cerimônia teve como conceito mais amplo e simbólico a frase "Nós temos asas". Em torno disso, as cenas indicavam que, na vida, nem sempre temos o vento a nosso favor. Muitas vezes, tentamos e não conseguimos ir tão longe quanto gostaríamos. Paramos e desistimos de nós mesmos.
Em um dos momentos mais icônicos da noite, batizado pelos organizadores de Para-Aeroporto, um avião de uma asa só percebe que, diante de condições excepcionais e a partir do estímulo de outros "aviões" com peculiaridades únicas, também pode manter o sonho de voar.
O roteiro enfatizou, em danças, cenários e alegorias coreografados por diversos artistas japoneses, que existem inúmeros exemplos e formas de transpor barreiras. Uma violinista de braço mecânico, um guitarrista de banda de rock com o braço atrofiado e bailarinos amputados chamavam a atenção para ilimitadas potencialidades da condição humana e reforçavam que a presença dos atletas paralímpicos em Tóquio funciona como um sopro de inspiração para a humanidade.
"Os atletas paralímpicos sabem que, não importa para onde sopre o vento, sua força pode ser enderaçada para nos mover adiante", indica o conceito dos organizadores. "Eles sabem que sendo corajosos e abrindo verdadeiramente suas asas, podem alcançar alturas extraordinárias".
Trio acende a pira
A pira que declarou aberta os Jogos e deu início à tradicional queima de fogos foi acesa por Kamji Yui, medalhista de bronze no tênis em cadeira de rodas nos Jogos Rio 2016, Uchida Shunsuke, da bocha, e Karin Morisaki, recordista japonês da categoria até 67kg do halterofilismo.
Antes, já no estádio, a chama passou por outros atletas japoneses de destaque, além de ser empunhada pela enfermeira Tamura Tamami, que atuou na linha de frente do combate à Covid, o protético Fumio Usui, especializado em próteses para atletas e o médico Taro Nakamura, ligado aos Jogos Paralímpicos.
Somos todos únicos
"Eu realmente acredito que a imagem dos atletas paralímpicos indo além de seus próprios limites inspirará as pessoas e trará esperança, especialmente nós que vivemos a era atual"
Seiko Hashimoto, presidente do comitê organizador dos Jogos
O evento promoveu as premissas do WeThe15, movimento que aspira ser uma grande mobilização de direitos humanos para representar 1,2 bilhão de pessoas com deficiência no mundo, 15% da população. O WeThe15 pretende acabar com a discriminação e colocar a deficiência no centro da agenda de inclusão.
"Queremos usar a plataforma dos Jogos Paralímpicos para criar mudanças positivas que nos levem a uma sociedade mais inclusiva, não apenas nas cidades-sede, mas em todo o mundo. Por isso nos unimos a várias organizações internacionais para lançar “# WeThe15”. Ao longo de nossa década de ação, pretendemos transformar a vida das pessoas com deficiência capacitando governos, empresas e o público a iniciar mudanças", afirmou o brasileiro Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional.
O dirigente enfatizou os esforços realizados pelos organizadores e pelos governos de Tóquio e do Japão para garantir que o evento fosse realizado diante de uma série de protocolos sanitários para evitar a disseminação do novo coronavírus. "Ao reunir milhares de atletas de todo o mundo com segurança e proteção, estamos celebrando a humanidade, mostrando a força e a diversidade do espírito humano, e destacando que da adversidade deve sempre surgir a esperança", completou.
Duas vezes Tóquio
Governadora de Tóquio, Yuriko Koike ressaltou que a cidade é a primeira na história a realizar duas edições de Jogos Paralímpicos, a anterior em 1964, e que a a capital japonesa tem tentado se apropriar do evento para ampliar a capacidade de oferecer ambientes de diversidade e acessibilidade. "Sob a visão de "Unidade na Diversidade", trabalhamos com forte determinação para avançar ainda mais na criação de uma sociedade onde as pessoas de todas as origens podem desempenhar um papel ativo e levar Tóquio a novas alturas".
Já a presidente do comitê organizador dos Jogos, Seiko Hashimoto, reforçou a resiliência como uma das qualidades mais inspiradoras dos atletas paralímpicos e o potencial de que seus exemplos se disseminem. "Eu realmente acredito que a imagem dos atletas paralímpicos indo além de seus próprios limites inspirará as pessoas e trará esperança, especialmente a nós que vivemos a era atual", afirmou em seu discurso.
Dando ênfase ao tom, o primeiro-ministro do Japão, Suga Yoshihide pontuou a habilidade e a engenhosidade de atletas paralímpicos e endossou o potencial de transcendência do megaevento. "Esta é uma oportunidade para trabalharmos no sentido de alcançar uma sociedade em que todos as pessoas possam viver juntas e respeitar as personalidades e características umas das outras, independentemente da deficiência", afirmou.
Gustavo Cunha, de Tóquio, no Japão - rededoesporte.gov.br