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23/03/2015 15h26

500 dias: prevenção, informação e qualificação, a receita da Saúde para 2016

Centros de operações, ambulâncias que ficarão para o Samu, eventos-teste, qualificações, aplicativo para smartphone e ações nas fronteiras estão entre as iniciativas planejadas

Os legados deixados pela Copa e a experiência adquirida durante o torneio vão nortear o planejamento do Ministério da Saúde para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. O conceito, como na área de segurança, é integração. “Da maneira que lidamos e aprendemos na Copa, estamos nos preparando de maneira adequada, trabalhando de forma conjunta com a Secretaria de Estado da Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, envolvendo todos os atores responsáveis não só por preparar a parte de assistência, de atendimento de urgência, mas também as ações de vigilância sanitária e vigilância ambiental”, afirma o ministro da Saúde, Arthur Chioro, que também comandou da pasta durante a Copa. 

A gestão será via Centros Integrados de Operações Conjuntas da Saúde (CIOCS), ativados para a Copa. O CIOCS é a unidade operacional criada para apoiar decisões durante os eventos de massa e monitorar incidentes.  Cabe ao Ministério da Saúde a gestão da informação para todos os setores de interesse. Em paralelo, as relações entre as três esferas de governo e entre os sistemas público e privado de saúde serão aprofundadas.

Como o Rio tem tradição em eventos de massa, como carnaval e réveillon, e sediou os Jogos Mundiais Militares, a Rio +20, a Jornada Mundial da Juventude, além da Copa, a avaliação é que tanto o município quanto o estado têm profissionais qualificados. Assim, a capacitação será pontual, com eventos-teste e cursos curtos para ações de vigilância e assistência.

Confira a entrevista:

Ambulâncias

O Ministério da Saúde vai providenciar ambulâncias para utilização no evento. Elas realizarão as eventuais remoções para hospitais de referência. Após o evento, serão usadas na renovação de frota do SAMU.

Outro ponto de atuação são as ações de vigilância sanitária em serviços de saúde e de alimentação. Elas são realizadas pelas vigilâncias sanitárias locais, sob orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em pontos de entrada (Portos, Aeroportos e Passagens de Fronteira), a competência é da Anvisa.

Aplicativo

O planejamento também inclui o lançamento de um aplicativo para smartphones e a intensificação de campanhas informativas para prevenção de doenças.  Com base no sucesso alcançado no projeto piloto “Saúde na Copa”, será desenvolvido um aplicativo de vigilância participativa em 2015. Este aplicativo receberá um módulo temático relacionado aos Jogos Olímpicos e será lançado no primeiro semestre de 2016. Por meio do aplicativo, a população poderá ajudar a monitorar os eventos de saúde pública, além de acompanhar orientações sobre cuidados de saúde em três idiomas e verificar serviços de saúde próximos.

O aplicativo estará disponível para os principais sistemas operacionais de dispositivos móveis (iOS, Android e Windows Phone), será desenvolvido em código livre e será doado ao Sistema Único de Saúde para que as Secretarias de Saúde dos estados e municípios possam adequar e utilizar de acordo com o interesse público. Os usuários poderão realizar o download gratuito e a participação é voluntária e anônima.Rondon Vellozo/MS

Prevenção de doenças

A prevenção de doenças transmissíveis como dengue, chikungunya, HIV/AIDS, DSTs, influenza, sarampo, ebola também estão previstas. Haverá, ainda, o fortalecimento das equipes da Força Nacional do SUS para resposta às emergências epidemiológicas, desastres ou eventos intencionais envolvendo produtos Químicos, Biológicos, Radiológicos ou Nucleares (QBRN) em articulação com os demais órgãos do Governo Federal, Estadual e Municipal.

Com esse planejamento, Chioro projeta uma atuação segura e tranquila nos Jogos de 2016. Confira a entrevista:

Plano de contingência 

A Copa do Mundo, assim como os Jogos Olímpicos em outros países, mostram que o número de atendimentos nas praças onde  são realizados os Jogos é pequeno. São problemas em geral relacionados ou a mal-estar ou a pequenas entorses e pequenos traumas, que são resolvidos na própria arena. Uma quantidade ínfima de pacientes requer transferência para serviços hospitalares. Mesmo sabendo disso, estamos preparando todo um plano de contingência. Esse plano é organizado e coordenado pelo Ministério da Saúde, com forte participação do governo do estado e da prefeitura do Rio de Janeiro.

Capacitação

Teremos um universo de trabalhadores da saúde, médicos, enfermeiros, motoristas de ambulância, técnicos de enfermagem, profissionais da área de vigilância em número suficiente, contando não só com os profissionais que atuam nos arredores das arenas e nos pontos de concentração das delegações, mas nas ambulâncias do Samu, nos hospitais de urgência, na rede privada que participará do esforço de recebimento de possíveis casos e dos próprios profissionais que atuam na vigilância sanitária, garantindo a qualidade de alimentos e de produtos que serão consumidos por todos aqueles que vierem participar dos Jogos.

Pretendemos organizar o processo de estruturação das equipes que atuarão na área de saúde nos moldes que fizemos na Copa, até porque o resultado foi excelente. Tivemos uma avaliação bem conceituada por parte da FIFA, por parte das delegações, um reconhecimento de que a maneira com que estruturamos é adequada. Os profissionais que atenderão nas arenas esportivas pertencem ao Comitê Olímpico e dentro de um raio no entorno das arenas também é responsabilidade dessas equipes. O transporte pelas ambulâncias do Samu e a retaguarda nos serviços de urgências, serviços hospitalares, serão feitos pelos profissionais do sistema público brasileiro, com apoio da rede privada.

Centros Integrados

Nós reproduziremos a estrutura experimentada e depois consolidada, porque ela se transformou em permanente, na Copa do Mundo. Os CIOCS conseguem articular todos os serviços, todas as esferas de governo, todos os atores comprometidos com ações de assistência, de vigilância sanitária, de controle de doenças, e ao mesmo tempo funciona de forma integrada com um conjunto de outras estruturas de monitoramento que envolvem a segurança, a defesa civil, a infraestrutura,  para que possamos agir com prontidão e eficiência.

Informação

Temos uma capacidade de contar com o apoio não só de voluntários, mas de profissionais que falam várias línguas. Também faremos orientações prévias às delegações, aos turistas. Vamos oferecer não só sites, mas acesso por smartphone, por tecnologias digitais que possam orientar as pessoas em várias línguas. Trabalharemos no sentido de garantir informações nos hotéis e nos locais onde as delegações estarão hospedadas. Desde onde se tem uma farmácia até as doenças mais prevalentes no Brasil, as vacinas e os cuidados que se deve tomar em relação a doenças sexualmente transmissíveis.

Ajustes sanitários

O próprio Comitê Olímpico Internacional – articulado com as autoridades sanitárias  – disciplina e orienta as delegações em relação aos produtos, que tipo de documentação tem que ser entregue a partir do momento em que as delegações chegam ao país, como se dá o processo de inspeção, o que pode ser trazido e o que não pode ser trazido de acordo com a legislação. Nós tivemos a experiência na Copa. Quando as delegações chegaram, não tivemos nenhum problema. Os desembaraços foram feitos de forma rápida, eficiente, porque havia essa combinação prévia, uma tratativa de orientação, que fez com que os problemas fossem minimizados. Os poucos que detectamos foram prontamente resolvidos sem prejuízos no desembaraço, na entrada das delegações e na preparação dos atletas.

Vocação para megaeventos

Temos experiências no Rio de Janeiro que envolvem uma população muito maior do que aquela que se concentrará na cidade durante os Jogos Olímpicos. Eu me refiro ao carnaval, ao réveillon, que são momentos de massa, de acúmulo de milhões participando. Tivemos recentemente um encontro da juventude com a presença do Papa, que movimentou milhões de pessoas, e tivemos uma plena capacidade de respostas, de organização, sem prejuízo, sem alteração na dinâmica do serviços à população local nem aos turistas. Portanto, estamos bem preparados, ainda temos 500 dias para aperfeiçoar mais, fazer simulados.

Atividade física e saúde

Esporte tem tudo a ver com saúde, mas acima de tudo tenho a expectativa, a esperança que vai se consolidar, de que teremos Jogos Olímpicos marcados pela postura de paz, de tolerância, de respeito à diversidade étnica, racial. Jogos que possam ser um exemplo para o mundo do ponto de vista de unidade, de respeito à diferença, de respeito aos diferentes povos e que seja acima de tudo um chamamento para a paz mundial. Acho que esporte e saúde têm tudo a ver e a gente espera que milhões e milhões de crianças não apenas no Brasil mas em todo o mundo se inspirem na força de vontade, na determinação de atletas e que possam cada vez mais incorporar a atividade física como prática cotidiana, porque ela é essencial para enfrentar o sedentarismo, a obesidade, doenças crônicas, para poder crescer, e inclusive envelhecer com mais qualidade de vida.

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Mateus Baeta - Brasil2016.gov.br