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Atletismo

11/09/2015 13h04

Rede Nacional de Treinamento

“É um dos melhores do mundo, se não o melhor”, diz Philip Craven em visita ao Centro Paralímpico Brasileiro

Presidente do Comitê Paralímpico Internacional conheceu a obra em São Paulo, que está em fase de finalização. Medalhistas do Parapan de Toronto receberam homenagem

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Para Philip Craven, instalações vão tornar o time brasileiro ainda mais forte
Palco da aclimatação da delegação brasileira para os Jogos Paralímpicos de 2016, o Centro Paralímpico Brasileiro, em São Paulo, segue em ritmo acelerado de construção. Já são mais de 97% das obras executadas, que chamaram a atenção da maior autoridade no tema durante visita realizada nesta quinta-feira (10.09). Em sua primeira vez no local, o presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), Philip Craven, colocou o CT brasileiro no topo das instalações esportivas mundiais.

“Os chineses também criaram uma instalação em 2007, a um ano dos Jogos deles. Não era planejada para 2008, mas observe o time chinês desde então. A Coreia também fez algo semelhante. Aqui não é o primeiro, mas é definitivamente um dos melhores, se não o melhor”, definiu Craven. “Essas instalações irão tornar o time brasileiro ainda mais forte. Os Jogos de 2016 já estão chegando, mas fiquem de olho em Tóquio-2020 e em 2024. As instalações vão continuar a transformação dos atletas paralímpicos brasileiros”, apostou.

Com obras iniciadas em dezembro de 2013, o Centro Paralímpico conta com um terreno de cerca de 100 mil m² (sendo em torno de 65 mil m² de área construída), localizado no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga. Além de receber a fase final de treinamento dos atletas que competirão no Rio de Janeiro, o local ficará como legado para as futuras gerações. “Estou muito feliz pelos brasileiros. Isso é o que queremos que todos os governos do mundo reconheçam: que os atletas paralímpicos precisam das melhores instalações”, disse Craven.

“A gente está construindo pensando em cada detalhe para ser perfeito, para que fique para as gerações futuras. Vamos usar o centro para o Rio, para 2020, 2024 e as futuras gerações de atletas que vocês inspiram e que vão ter muito mais estrutura para treinar do que vocês tiveram”, disse o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons, com os atletas que participaram da visita ao local. “O centro vai mudar a cara do esporte paralímpico no Brasil. Antes de Guadalajara e Londres, a gente nunca imaginou ter um espaço desse de uma forma tão rápida”, acrescentou.

O complexo é resultado de um investimento de R$ 282 milhões, sendo R$ 167 milhões do governo federal e R$ 115 milhões do governo de São Paulo. O Ministério do Esporte investe ainda R$ 20 milhões e o governo paulista outros R$ 4 milhões na aquisição de materiais para equipar o local. 

A estrutura, uma das principais da Rede Nacional de Treinamento, conta com 86 alojamentos, capazes de receber entre 280 e 300 pessoas, e áreas para o treinamento de 15 modalidades paralímpicas: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, natação, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, judô, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, triatlo e vôlei sentado.


“Teremos aqui praticamente todas as modalidades para termos o melhor centro da América Latina e um dos melhores do mundo, com todo o capricho e o que há de melhor, com equipamentos modernos”, disse o governador Geraldo Alckmin. A expectativa é que o local seja sede das Paralimpíadas Escolares. “Construímos cinco centros esportivos regionais que vão estar interligados a este e que vão formar uma rede de suporte ao paradesporto. A ideia é detectar talentos nas escolas, nos centros e, a partir daí, criar a oportunidade do treinamento de alto rendimento aqui”, explicou Linamara Battistella, secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Governo de São Paulo. Outra competição prevista para o local é a edição de 2017 dos Jogos Parapan-Americanos Juvenis.

No ano que vem, a delegação brasileira que competirá nos Jogos Paralímpicos do Rio também será beneficiada pela estrutura. “Uma aclimatação bem feita é fundamental. Em 2012, em Manchester, a gente pôde fazer, pela primeira vez, uma aclimatação para todas as modalidades paralímpicas com recursos do Ministério do Esporte. Conseguimos chegar com uma condição melhor para competir e conquistar o sétimo lugar. Treinando aqui pelo tempo que a gente quiser, e com os atletas próximos das famílias, vamos criar um ambiente favorável para que consigam levar o Brasil ao quinto lugar”, avaliou Parsons.

O presidente do IPC também aposta no sucesso da delegação brasileira no Rio de Janeiro. “Vocês têm grandes atletas, muito técnicos e bem treinados. Percebi hoje que o time brasileiro é uma família, e quando você tem a oportunidade de treinar junto 15 modalidades que estarão no Rio ano que vem, você intensifica isso”, explicou, ansioso pela competição em solo carioca. “Passei três dias no Rio e posso dizer que já há um grande espírito paralímpico lá. Quando São Paulo e o restante do Brasil se juntarem, teremos um dos melhores Jogos da história, se não os melhores”, adiantou.

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Em primeiro plano, o ginásio do vôlei sentado. Foto: CPB

Fase final

As obras no Centro Paralímpico estão na fase final de construção civil. Para a coordenadora da obra, Mei Ling, o local levará de 30 a 45 dias para ter as obras concluídas, antes de iniciar o recebimento de mobiliário e equipamentos. Nos últimos meses, foi instalada a pista de atletismo, certificada pela IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo), e as piscinas (olímpica e semiolímpica) estão em fase de conclusão. Os alojamentos, separados da parte esportiva por uma área ambiental preservada, estão praticamente prontos.

Todo o centro foi construído pensando na acessibilidade, com rampas de acesso e elevadores. “O grande desafio foi um desnível muito grande entre o ponto mais alto e o mais baixo do terreno, na Rodovia dos Imigrantes. Tivemos que implantar todo o centro de treinamento em cinco grandes níveis e garantir a acessibilidade e a interligação. A gente conseguiu implantar essas áreas e criar as rampas internas e externas”, explicou Mei Ling.

Casa nova

A visita ao complexo contou ainda com uma homenagem do governo de São Paulo aos atletas do estado que foram medalhistas nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, em agosto. A delegação paulista contou com 114 representantes no Canadá, sendo que 90 deles foram responsáveis por um total de 171 medalhas.

O multimedalhista Daniel Dias só havia conhecido a obra do centro quando o local ainda estava praticamente vazio. “Entrar na nossa casa hoje foi uma emoção grande, a realização de um sonho. É incrível o momento que o esporte paralímpico está vivendo. No próximo ano temos o objetivo de ficar entre os cinco melhores no quadro de medalhas. Sem dúvida o centro veio somar na vida de cada atleta e técnico para que a gente possa realizar esse objetivo”, elogiou.

O nadador ainda destacou a importância do espaço para a descoberta de talentos. “Quando eu comecei não havia nada disso. A molecada que está começando agora vai poder desfrutar do momento que o esporte paralímpico está vivendo. Não tenho dúvidas de que vamos colher muito do centro para os próximos anos e que muitos atletas podem surgir aqui. É um legado para o esporte paralímpico por muito tempo”, acrescentou.

Alessandro da Silva, que conquistou duas medalhas de ouro no atletismo em Toronto, também aprovou o novo centro. “Fomos premiados com uma ótima estrutura. Não tem como não ficar feliz”, disse o atleta, que treina em São Bernardo do Campo. Já Cláudio Massad, do tênis de mesa, planeja mudar-se de Bauru para a capital, a fim de aproveitar melhor o local. “Ter uma estrutura assim, com academia, parte médica e laboratorial, facilita para que a gente esteja sempre no melhor da performance. Cada vez mais a gente tem que se aproximar da realidade de uma competição e aqui isso vai ser possível”, analisou.

Ana Cláudia Felizola – brasil2016.gov.br