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Atenas-2004

Para apagar Sydney

Se os Jogos de Sydney representaram uma campanha sem medalhas de ouro para o Brasil após cinco edições seguidas subindo ao lugar mais alto do pódio, as Olimpíadas de Atenas, que marcaram o retorno da competição ao berço dos Jogos, ficaram registradas na história como o momento olímpico mais vitorioso do país até então. O Brasil bateu o recorde de medalhas douradas em uma mesma edição, com a torcida festejando em cinco ocasiões a consagração de seus atletas. Somadas as outras cinco medalhas conquistadas (duas de prata e três de bronze), os brasileiros conquistaram, ainda, a melhor colocação da história no quadro geral de medalhas, com a 16ª posição geral.

Os novos bicampeões
Até os Jogos de Atenas, o Brasil contava com apenas um bicampeão olímpico, o lendário Adhemar Ferreira da Silva, que brilhou no salto triplo em Helsinque-1952 e Melbourne-1956. Isso mudou quando Robert Scheidt brilhou na classe Laser e assegurou seu segundo ouro (já havia sido campeão em Atlanta-1996). Robert, então, tornou-se o segundo bicampeão olímpico do país, mas o clube dos brasileiros com dois ouros seria ampliado ainda na Grécia.

Também na vela, Torben Grael e Marcelo Ferreira chegaram ao ouro na classe Star. Ambos se tornaram bicampeões olímpico s, já que haviam vencido em Atlanta-1996. Com a conquista, Torben escreveu seu nome na história (à época) como o maior atleta olímpico do Brasil em todos os tempos, com cinco medalhas. Ele também voltou para casa consagrado como o velejador com o maior número de medalhas olímpicas em todos os tempos. Robert Scheidt, entretanto, igualaria os feitos de Torben nos Jogos de Londres, em 2012.

Mas não foi só a vela que produziu, em Atenas, bicampeões olímpicos. Comandados pelo vitorioso Bernardinho, que deu início à maior era de conquistas com a Seleção Brasileira masculina, o Brasil derrotou a Itália na final por 3 a 1 e garantiu a segunda medalha dourada do vôlei nacional em Jogos Olímpicos. No time estavam Maurício e Giovane, únicos remanescentes dos histórico triunfo de Barcelona-1992. Os dois se juntaram a Adhemar Ferreira da Silva, Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira no panteão dos bicampeões olímpicos brasileiros.

CBVela
CBVela # Robert Scheidt tornou-se bicampeão olímpico em Atenas
Robert Scheidt tornou-se bicampeão olímpico em Atenas


Glória no hipismo e nas areias
Além dos ouros na vela e no vôlei, o Brasil brilhou no hipismo e no vôlei de praia masculino.

No vôlei de praia, Ricardo e Emanuel derrotaram os espanhóis Bosma e Herrera na final e asseguraram o ouro. No feminino, Adriana Behar e Shelda chegaram novamente à decisão, mas, a exemplo do que ocorrera quatro anos antes, em Sydney, elas ficaram com a prata, após derrota para as norte-americanas Kerri Walsh e Misty May.

No hipismo, Rodrigo Pessoa terminou os Jogos em segundo lugar. Entretanto, após a vitória do irlandês Cian O´Connor, seu cavalo, Waterford Crystal, testou positivo em sua urina para sedativos banidos. Iniciou-se, então, um longo e controverso processo investigativo, que culminou na perda do ouro. Rodrigo Pessoa, então, foi considerado o campeão olímpico de Atenas, tendo recebido a medalha um ano após os Jogos.

Tomas Holcbecher/FEI
Tomas Holcbecher/FEI # Rodrigo Pessoa acabou levando o ouro olímpico de Atenas
Rodrigo Pessoa acabou levando o ouro olímpico de Atenas


Bronze heróico na maratona
Uma das cenas mais marcantes das Olimpíadas de Atenas, que ganhou notoriedade mundial, envolveu o paranaense Vanderlei Cordeiro de Lima e ocorreu durante a disputa da maratona, a mais tradicional das provas olímpicas.

Vanderlei liderava a corrida, que fecha as Olimpíadas, quando, na altura do 36º dos 42 quilômetros da prova, ele foi atacado por um fanático religioso irlandês chamado Cornelius Horan. O brasileiro foi empurrado para fora da pista por Cornelius e jogado contra os torcedores. Apesar do susto, Vanderlei voltou para a prova, mas, com o tempo perdido no imprevisto, acabou ultrapassado pelo italiano Stefano Baldini e, depois, pelo norte-americano (nascido na Eritréia) Mebrahtom Keflezighi. Vanderlei, entretanto, manteve a terceira posição e, assim, ficou com a medalha de bronze. Ao chegar ao estádio, com um largo sorriso e com os braços abertos em forma de avião, Vanderlei emocionou os fãs. A recuperação e o espírito esportivo valeram ao brasileiro a medalha Pierre de C oubertin. O prêmio, um dos mais importantes concedidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), é dedicado aos atletas que valorizam o esporte mais do que o própria vitória.

Quase lá
Em Atenas, o Brasil passou perto de chegar a um ouro no futebol, com as mulheres. Liderada por Marta, a Seleção avançou à final para reencontrar os Estados Unidos, que já haviam vencido as brasileiras naquela edição por 2 a 0. As norte-americanas abriram o placar nos minutos finais do primeiro tempo e o Brasil empatou na segunda etapa, com Pretinha. Entretanto, a apenas oito minutos do fim do tempo regulamentar, os Estados Unidos marcaram o gol da vitória, restando ao Brasil a medalha de prata.

Bronzes no judô
O judô conquistou mais dois pódios para o Brasil. No peso leve, Leandro Guilheiro foi o responsável por dar ao país a primeira medalha em Atenas, ao faturar o bronze. A segunda medalha brasileira naquela edição também veio do judô, c om o bronze de Flávio Canto, na categoria meio-médio.

Classificação por total de medalhas

* As medalhas de ouro foram conquistadas com a Seleção Brasileira de vôlei masculino; na vela, com Robert Scheidt, classe Laser, e Marcelo Bastos Ferreira e Torben Schmidt Grael, classe Star; no hipismo, com Rodrigo de Paula Pessoa, salto individual; e no vôlei de praia, com Ricardo Alex Costa Santos e Emanuel Fernando Scheffer Rego. As medalhas de prata vieram com a Seleção Brasileira de futebol feminino e no vôlei de praia, com Adriana Brandão Behar e Shelda Kelly Bruno Bede. Os bronzes foram conquistados no atletismo, com Vanderlei Cordeiro de Lima, maratona, e no judô, com Leandro Marques Guilheiro e Flávio Vianna de Ulhôa Canto